Postado em 24 de dezembro de 2019

República, pelo general que fala pelo governo

Autor(a): Humberto Azevedo

O general Luiz Eduardo Ramos – responsável pela articulação política do governo do presidente Jair Bolsonaro e secretário de Governo da Presidência da República – teve que dar uma aula de república, rés pública, para o deputado Gildenemyr (PL-MA) que lhe cobrava e exigia que a gestão federal precisava atender apenas os aliados do presidente brasileiro.

Irritado com a cobrança feita pelo parlamentar maranhense, o único eleito naquele estado comprometido com as pautas bolsonaristas, fez com que o ministro – amigo pessoal do presidente – iniciasse um discurso incisivo onde teve que dar uma aula sobre as formas republicanas que no Brasil do velho clientelismo são esquecidas tão logo as eleições acabam e os inúmeros vícios persistem ano após ano.

A declaração de Ramos aconteceu durante um encontro que ele teve com os parlamentares nordestinos, onde abordou como estão se dando as relações institucionais entre os Poderes Executivos e Legislativos. Na oportunidade, para frisar o sentimento republicano, o general comentou que não se pode tratar os oposicionistas a “pão e água”.

“E vou dizer por quê? Por exemplo, na Bahia, e estou olhando aqui os deputados e eu vi uma vez uma crise em que um deputado que é Bolsonaro aqui, vota com o governo, eu tenho [as votações] dele todas. Mas no estado ele vota com Rui Costa [governador do PT]. Mas aí é problema da Bahia. Eu não posso penalizar um deputado lá na Bahia. Está aqui o deputado Juscelino [Filho, (PSD-MA)] que vota no estado com o governo Flávio Dino [do PCdoB], mas aqui vota com o Bolsonaro. O que ele é? Oposição, ou governo? Por causa disso não vou atender o cargo dele? Não pode ser assim”, explicou o general.

“Agora, oposição não é a pão e água. Eu não acho correto isso. Porque o povo do estado não tem culpa disso. E, por isso, eu estou me aproximando do Nordeste. Existem pessoas do governo e não é o presidente que acha que o Nordeste tem que morrer sem apoio, sem recursos e o presidente não concorda com isso. Tanto é que eu estou indo ao Nordeste. Aqui vários deputados tiveram comigo. Eu sei quem é quem. Agora, me perdoe, eu sei do seu incômodo, como o senhor sofre, agora, [assim é] no Maranhão, em Minas, na Bahia. Eu conheço e eu não estou lá como ministro só porque sou amigo pessoal do presidente”, acrescentou o ministro general.

“O presidente me conhece, sabe da minha capacidade profissional. Eu diagnóstico e sei quem é quem. Quem vota, eu tenho o controle e uma ficha de como o parlamentar vota, de que maneira – está aqui o deputado Efraim [Filho (DEM-PB)]. Eu sei como ele vota, mas ele tem relação com o governador da Paraíba [João Azevedo, do PSB]. Aí tem um deputado que é PSL e quer que eu maltrate o deputado [Efraim]. Eu não vou fazer isso. Ele vota com o Bolsonaro. Agora, na Paraíba, ele vota [como ele quer]. É errado? Não! É política pessoal, política é isso. Eu sei e respeito. Por isso estou na Secretaria de Governo. Eu tenho relação com o PSL, com o PCdoB, com o PT. Não é vergonha. Eu sou ministro da Secretaria de Governo. Eu não sou ministro de um partido. Eu sou Bolsonaro até debaixo d’água, respeito, gosto, é meu amigo há 46 anos”, completou.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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