Postado em 20 de julho de 2019

O saco de maldade sem fim, a perda dos direitos previdenciários e o sadismo das elites brasileiras

Autor(a): Humberto Azevedo

Esta última quinta-feira, 04 de julho, dia em que os nossos vizinhos lá da América do Norte comemoraram os 243 anos de independência com relação à coroa inglesa e começaram a se firmar como a maior nação democrata do planeta, também entrará para a nossa tensa e conflituosa história de 519 anos em que nos mantemos explorados, colonizados, segregados e degradados.

Não à toa, o atual presidente pátrio escolhido por mais de 58 milhões de brasileiros se fazia presente a festa ianque dada a alguns poucos convidados pela embaixada daquele país em nossa capital federal. Enquanto um verdadeiro saco de maldade sem fim era perpetrado por deputados alinhados ao governo do presidente-capitão e aos deuses do mercado para sacramentar a perda dos direitos previdenciários que às duras penas foram conquistadas pelo povo brasileiro na Constituição cidadã de 1988.

Um sadismo digno de uma elite bastarda que tão bem conviveu com quase quatro séculos de escravidão era enfim colocado em prática para acabar com a esperança e rir ironicamente da vida suada de décadas trabalhadas dos milhares de brasileiros que chegaram ao que acreditavam ser os últimos anos de suas jornadas laborais e receberem a informação de que o caminho a ser percorrido precisará, ainda, mais alguns bons anos para se obter uma aposentadoria em que receberá menos do que estava previsto.

O texto aprovado nesta última quinta-feira sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/19 encaminhada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro – apesar de várias modificações – não muda a essência do projeto. Pelo parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) a base de cálculo para se receber o valor da aposentadoria englobará todo o período de contribuição. O que isso representa? Representa que a média que até então excluía as piores contribuições, cairá. Assim o que já era pouco – graças ao fator previdenciário (outra maldade aprovada na década de 90 durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso e renovada na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff) – passará a ser menor para aqueles que integram o Regime Geral da Previdência Social (RGPS).

Para exemplificar, vamos pegar casos concretos. Um homem de 62 anos que tem 32 de contribuição com uma média de 2,5 salário-mínimo iria se se aposentar aos 65 – pelas regras atuais – com um benefício de R$ 2.300,00 aproximadamente. Com as mudanças impostas pela “Nova Previdência”, este Senhor chegará ao fim das suas atividades produtivas com um benefício por volta de R$ 1.700,00. Entenderam? Uma perda de R$ 600,00 quando mais precisará para garantir o seu sustento, da família e sobretudo dos medicamentos que uma vida de trabalho lhe cobrará.

É essa a reforma do sistema previdenciário que o governo eleito e que prometeu tirar o Estado do cangote da população brasileira está prestes a ser aprovada e promulgada. Se o povo não for às ruas defender os seus direitos, ninguém irá. E assim os 308 deputados e 54 senadores necessários para efetivar essa “Nova Previdência” serão alcançados. É hora de todos brasileiros, incluindo as duas partes que se separaram desde 2.013, se unirem. Pois, afinal, os bancos, as corretoras financeiras, os agentes dos mercados, os tecnocratas que parecem filho de chocadeiras estão bem unidos rindo às gargalhadas da tragédia que se aproxima contra o povo brasileiro.

E se já não bastasse todas essas nuances que devolvem os brasileiros a condições de escravos como serventes da dívida, os deputados da comissão especial que analisou a proposta de reforma do sistema previdenciário aprovou na calada da noite, às 02 horas da madrugada desta sexta-feira, 05 de julho, uma emenda do PP, MDB e PTB articulada pela bancada ruralista que isenta os exportadores de contribuir para a Previdência, desfalcando em R$ 89 bilhões os cofres para pagar a aposentadoria. Essa iniciativa contou com o apoio do PSL do presidente Bolsonaro – incluindo aí a líder do governo no Congresso Joice Hasselmann (SP), do DEM, PL – antigo PR, PRB, PSD e SD que não é nada solidário. Ou seja, se isso não for um saco de maldade, é no mínimo sadismo. Mas o certo é que são as duas coisas.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

 

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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