Postado em 3 de setembro de 2019

E o Brasil de Bolsonaro vai à guerra?

Autor(a): Humberto Azevedo

Os tempos insólitos chegaram. Fincaram raízes. Ao nos encontramos no oitavo mês de governo do presidente Jair Bolsonaro onde todo mundo já sabe que o que temos não vai ser diferente do que já assistimos. Honrando seus apoiadores de primeira hora, o presidente eleito com quase 58 milhões votos em novembro de 2.018, permanece fiel ao seu público que o levou a disputa do segundo turno contra o adversário que todos do meio político e econômico consensuaram que precisava ser vencido.

A nova pesquisa divulgada na praça, feita pelo Instituto FSB – uma espécie de agência de comunicação que presta serviços aos mais endinheirados – e encomendada pela revista Veja do agora banqueiro Fábio Carvalho, aponta que a tendência de polarização extremada da sociedade brasileira que tanto dividiu o país nas últimas duas eleições gerais, em 2.014 e 2.018, persiste.

Os números da pesquisa mostram que Bolsonaro tem o apoio de 36% da sociedade brasileira que avalia seu governo como bom e ótimo. Já os que não querem ver o presidente nem pintado de verde e amarelo somam 35% que avaliam a nova gestão federal como ruim e péssima. Para 33% da população brasileira, em boa parte alienada das discussões cada vez mais acaloradas, o governo do presidente Jair Bolsonaro é regular. Ou seja, nem bom, nem ruim. Muito pelo contrário! E é essa gente toda, cerca de 45 milhões de pessoas, que, ou votaram no presidente eleito, ou se abstiveram, é que vai definir se esse governo vai ou não vai.

Um traço marcante da nova medição feita para apurar o sentimento da sociedade nacional e que já é tema de inúmeras reuniões no Palácio do Planalto, tem a ver com a personalidade bélica do Sr. Jair, apelidado de “Messias”, Bolsonaro. Visto que 49% da população avalia que o jeito falastrão, polêmico e fanfarrão de se manifestar feito pelo presidente atrapalha e muito o andamento do governo. Somado aos 10% que disseram que a personalidade do capitão atrapalha, mais ou menos, esse índice sobe para quase 60%. Apenas seus apoiadores apaixonados, e mais alguns, pela figura mítica presidencial consideram que o país precisa de um dirigente que não tenha papas na língua e nem preocupação com as consequências do que fala.

Este registro é importante de se fazer porque não sabemos ao certo o que vai acontecer. Laureado por sua condição heroica de conduzir uma nação profundamente dividida, quebrada, danificada, magoada e que não aguenta mais seu passado de 519 anos de tantas dores, e seguindo seu perfil que clama a destruição, o nosso presidente e todos os seus assessores diretos – incluindo aí seus filhos e familiares – nos meteram numa encrenca com as nações mais ricas do planeta. Tudo por conta da sanha e voracidade em que alguns do setor rural querem para avançar sobre as áreas da maior floresta tropical, ainda existente, no mundo.

A encrenca em que o presidente e seu governo se meteram contra países como França, Alemanha e Noruega pode caminhar para algo que a muito se especula já a algumas décadas. A Amazônia não pode ser território de um único país. O Brasil é dono de 60% da área da região amazônica. Muitos cientistas estrangeiros entendem – já a anos – que a amazônia deve pertencer a todos os países e sua gestão não pode ficar a cargo de governos regionais e, sim, de organismos internacionais como as Nações Unidas, dentre outras, para que a preservação da floresta – último refúgio de um mundo em que o capitalismo explorou tudo e já, inclusive, até cuspiu o que não quer mais.

Em meio a uma guerra nas mídias sociais, o presidente francês já prepara um plano para retirar do Brasil sua soberba sobre a região, dizem algumas fontes da diplomacia mundial. Enquanto isso, por aqui, militares apelando para o velho nacionalismo e empresários argumentando que o orgulho nacional foi ferido, são os únicos a defender a gestão de Bolsonaro para a região. Podemos estar assistindo ao fim do país que conhecemos. Pois, afinal, deverá nascer um novo Brasil, ou vários Brasis.


* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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