Postado em 18 de agosto de 2020

Correções de rumo

Autor(a): Humberto Azevedo

A segunda semana deste mês de agosto vai chegando ao fim o fascismo tupiniquim, eleito meio sem querer e inocentemente por 57 milhões de brasileiros, vai corrigindo suas rotas e rumos que ao longo do caminho vem sendo expostas e abandonadas após verificação que a manutenção de parte delas representaria perigo a continuidade do projeto miliciano que está em voga.

No plano internacional, os ruralistas mais antiquados e racistas que prepararam a vitória da versão tropical de Donald Trump por estas terras da Santa Cruz, já começam a ter que retirar suas convicções ultradireitistas dentro das concepções governistas. A derrota acachapante do ídolo norte-americano de Bolsonaro irá machucá-lo, mas o pragmatismo escamoteado o manterá umbilicalmente ligado aos interesses ianques.

No cenário nacional, quase um mês após o anúncio, o governo Bolsonaro enfim tem um líder que pode agora falar em governo em nome de governistas que até então gostavam de dizer que eram independentes. Será anunciado na próxima terça-feira, 17, na cadeira que até então foi ocupada pelo consultor legislativo que se elegeu deputado por Goiás graças as ondas do bolsonarismo de 2.018 o ex-líder dos governos Lula, Dilma e Temer, o deputado Ricardo Barros (PP-PR).

O falastrão Jair Messias começa a dar lugar, agora, ao silencioso Bolsonaro. Menos entrevistas, menos mídia social e mais articulação no jogo do poder. E, interessante, que o novo Bolsonaro surge em meio a uma inesperada pesquisa DataFolha que o aponta estar melhor aceito junto a sociedade brasileira e, inclusive, com menos rejeição.

Até parece que o país não alcançou nesta quinta-feira, 13, mais de 105 mil mortes por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Bolsonaro surge blindado as notícias ruins. A elevação da popularidade do presidente acontece na contramão de outros chefes-de-Estados que viram suas popularidades derreterem desde o início do processo pandêmico.

Bolsonaro surfa agora na popularidade que o programa auxílio emergencial, o dos R$ 600,00 mensal destinado para os trabalhadores autônomos e informais, vem lhe rendendo. Bolsonaro, graças ao auxílio, conseguiu se aproximar do público que até então era cativo ao maior partido de oposição (PT) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Não à toa, os profissionais da velha política que assumiram o governo daquele que prometia fazer uma nova política já colocam em marcha a substituição do programa Bolsa Família, um dos maiores símbolos da era do petismo lulista, pelo novo programa de transferência de renda e de assistência social que será chamado Renda Brasil.

De acordo com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ex-ministro da Integração Nacional do governo Dilma e também ex-líder do governo Temer, o Renda Brasil atenderá seis milhões de famílias a mais que o Bolsa Família.

Assim, um dos maiores símbolos dos governos petistas começa a virar história como aconteceu com a série de auxílios concedidos pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (gás, escola, merenda, etc) e que os tucanos viram se transformar no Bolsa Família pelas mão do então ministro da Ação Social e ex-prefeito de Belo Horizonte nos anos 90, Patrus Ananias.

Paralelo a esses movimentos, e não é de se estranhar, que eles acontecem em meio a uma sucessão de descobertas de malfeitos em que a família do presidente parece estar cada vez mais envolvida em práticas criminosas. E o resultado disso, claro, é o acordo que começa a ser selado para reconfortar tanto os integrantes do Poder Executivo, quanto para agradar os membros do Poder Legislativo que começam a colocar suas digitais entrelaçadas com as do governo.


* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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