Postado em 9 de junho de 2019

Será agosto, maio?

Autor(a): Humberto Azevedo

Desde que mais de 58 milhões de brasileiros depositaram suas esperanças, ou melhor, desesperanças e suas confianças, ou melhor, suas desconfianças no governo brasileiro que foi eleito no último dia 28 de novembro, assistimos – desde então – atônitos a montagem de uma administração que flerta com os desejos da maioria do povo brasileiro, mas que na execução erra em pontos básicos que aos poucos parece ir unindo setores até então dispares.

Apesar do clima hostil em que vivemos, sobretudo, no espaço cibernético “tomado de conta” pelas redes sociais, vai se formando uma unanimidade no mundo real entre os diferentes que é preciso que o país tenha estabilidade para conseguir sair do atoleiro em que se meteu a partir de maio de 2.013. O Brasil e os brasileiros não suportarão mais quatro anos de um tensionamento provocativo que mira no supérfluo e esquece o fundamental que é a busca pelos empregos perdidos e a procura incessante para que o motor da economia seja retomado.

O revanchismo que nunca foi nossa marca, passadas as pelejas eleitorais, parece ser o elemento norteador de um agrupamento que, enfim, chegado ao poder central acredita que um novo país liberto de suas amarras escravocratas surge no horizonte com o instalar dos dedos de algumas fórmulas. Não! O Brasil não nasceu em outubro de 2018 e, nem tampouco, em novembro de 2002. Temos uma longa história vivida de dores, sangue, lutas sempre sufocadas pelo Status Quo. Seja ele português, elitista, ou apenas espoliador.

E em meio a nossa história conflituosa entre “vencedores” e “vencidos” temos um catalisador que nos une enquanto povo falante de uma mesma língua que apesar de parecer distinta, às vezes, é única porque graças a nossa história se impôs assim. Querendo, ou não. E essa marca sempre caracterizou nossas elites políticas, econômicas, sociais que gostando, ou não, também passaram a espelhar os padrões de nossos setores medianos e proletários.

Não adianta tentar se pronunciar em linguagem codificada, ou enigmática, quando todos já sabem que as dificuldades para se concatenar resume jocosamente o jeito popularesco que traça o perfil das comunicações. Pois, como já escrevi por aqui – eleições podem até ser ganhas com o discurso da radicalidade e do extremismo, mas conseguir governar seguindo este receituário jamais. Ou por uma vez por todas entendam isso, ou a “tsunami” que provocou as enormes ondas que em outubro nos trouxeram até aqui será a mesma que como numa ressaca gigantesca devolverá tudo para o mar adentro.

Ou o governo eleito pela maioria de nossa gente começa a buscar as soluções de nosso povo mais prementes, ou um novo governo que já se articula tomará o poder mais rápido do que o imaginado. Pois o consenso para isso já está quase formado, faltando apenas a “faísca”, como disse um aliado que jurou afundar junto. Essa “faísca” é a insatisfação popular que parece já está acesa.


*Artigo publicado originalmente na edição 1.181, de 11 de maio de 2019,
do jornal O Vale da eletrônica, de Santa Rita do Sapucaí (MG).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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