Postado em 4 de abril de 2021

Notas de Brasília, de 04 de março de 2.021

Autor(a): Humberto Azevedo

“Perdeu as estribeiras”

Ex-secretário pessoal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), importante apoiador da eleição de Jair Messias Bolsonaro (sem partido), em 2.018, e um importante “player” do agronegócio, o ex-deputado tucano Xico Graziano declarou nesta quinta-feira, 04 de março, que o atual presidente brasileiro “perdeu as estribeiras” e cometeu “suicídio político”. Segundo ele, “a pandemia levou Bolsonaro” a jogar “fora a chance que as urnas lhe deram de liderar o país”.

“O poder corrompe”


Numa interação com seus seguidores nas redes sociais, Graziano justificou que as atitudes destemperadas protagonizadas pelo inquilino do Palácio do Planalto nos últimos dias e que vem levando uma importante parcela dos seus eleitores em se distanciar do atual presidente brasileiro é resultado do quanto “o poder corrompe”. Em postagem nesta sexta-feira, 05 de março, o ex-apoiador de Bolsonaro lamentou “o escárnio” do presidente “pelo sofrimento humano” e perguntou: “como pode alguém ser tão insensível, debochado e zombeteiro?”

Declarações de quinta

A reação triste e realista de Xico Graziano as mais recentes falas de Bolsonaro se devem ao pronunciamento bravateiro que o presidente fez nesta quinta, 04 de março, na cidade de São Simão (GO), onde inaugurou 172 quilômetros do trecho que liga aquele município goiano até a cidade de Estrela d’Oeste, em São Paulo, e que faz parte do projeto ferroviário Norte-Sul. Na oportunidade, como de costume, além de achincalhar o trabalho da imprensa, comprar briga com governadores e prefeitos que voltaram a restringir a circulação de pessoas para evitar a propagação do novo coronavírus (covid-19), num momento em que faltam vagas nos leitos hospitalares, para tratar da doença que já matou mais de 260 mil brasileiros, o presidente subiu o tom e disparou: “Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para dentro de casa, porra!”

“Chega de mi-mi-mi”

E as declarações de Bolsonaro nesta quinta, 04 de março, não pararam por aí. Defendendo que a vida deva seguir dentro da normalidade que não existe mais desde quando essa terrível doença se aportou no planeta Terra, ele foi além: “Nós temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mi-mi-mi e vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas”. Tudo isso depois de afirmar em Uberlândia, no triângulo mineiro, durante um encontro com apoiadores, que “tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [falando] ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo”. Essa declaração acontece mais de seis meses depois em que afirmara que o Brasil não precisaria ir atrás das vacinas, por que as empresas que fabricam vacinas é que viriam atrás do Brasil.

Nas mãos dos deputados

E a noite desta última quinta-feira, 04 de março, terminou com a informação de que o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que uma ação de queixa-crime impetrada pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), contra Bolsonaro que o teria caluniado durante uma de suas passagens naquele estado, em 2.020, foi liberada pelo integrante da Suprema Corte para que ela seja analisada pela Câmara dos Deputados se o presidente pode, ou não, começar a ser julgado por esta acusação. Caso 342 deputados (dois terços dos parlamentares) se pronuncie favorável a abertura do processo, o presidente será afastado para responder à ação.

Emergencial

Os senadores em votações relâmpagos aprovaram nesta quinta, 04 de março, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 186/19, chamada de “PEC emergencial”, que abre folga no orçamento da União com o fim da obrigatoriedade do governo federal aplicar os recursos na educação, saúde e em outras áreas que até então são exigidos por decisão constitucional. Além de permitir ao governo reduzir os salários dos servidores, em tempos de crises, e até mesmo demitir, caso a adequação orçamentária assim exigir. A aprovação da referida PEC foi colocada sobre a mesa pelo governo como condição do Tesouro Nacional bancar a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 250,00 para os trabalhadores autônomos e informais como forma de ajudá-los para que eles possam enfrentar a paralisia econômica causada pela pandemia de covid. A proposta deve ser aprovada, também em votações relâmpagos, pela Câmara na próxima terça-feira, 09 de março.



** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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