Os rumos nacionais
Autor(a): Humberto Azevedo
A última semana do mês de outubro vai se encerrando faltando 15 dias para a realização das eleições municipais, que definirão a maioria dos novos prefeitos das cidades brasileiras que tomarão posse a partir de primeiro de janeiro do próximo ano. Em alguns dos maiores municípios, a definição deverá se dar apenas em um mês, mas, mesmo assim, estaremos próximos de saber, o que a incipiente e ruidosa democracia nossa cambaleante, decidirá. Ou se as pautas defendidas pelo atual governo federal estão sendo bem avaliadas por parte da população, ou não.
É certo que os certames citadinos, na maioria dos casos, não englobam muito as questões federais como os rumos da macroeconomia, ou de qualquer outra política pública adotada em escala nacional. A maioria dos eleitores, nos casos das eleições municipais, querem saber mesmo é dos problemas que lhe afligem cotidianamente como o auxílio da segurança que é exercida pelas guardas municipais, além de questões de infraestrutura urbana, melhora nos meios de transportes e alguns outros assuntos mais paroquianos.
Mas é certo mesmo que a questão da saúde, ainda mais num ano pandêmico por conta de uma nova doença que já matou quase 159 mil brasileiros, com dados desta quinta-feira, 29, vem sendo avaliada como ponto crucial para que os eleitores decidam na hora de escolher os novos governantes locais, ou até mesmo reeleger os atuais. Junto a saúde, a maioria do eleitorado vem perguntando conforme algumas pesquisas, como será o dia do amanhã neste momento em que a economia global foi atingida em cheio pelas consequências causadas pelo novo coronavírus (covid-19), que por não gostar de aglomerações e de idas e vindas entre uns negócios ali e outros acolá, suprimiu ao máximo as transações e operações de importantes setores da economia.
Neste ponto em que a maioria dos municípios não tem respostas a oferecer, justamente por envolverem questões complexas que envolveriam iniciativas lançadas pelos governos centrais, é que está a dúvida entre àqueles que analisam o comportamento eleitoral da população e da própria população. É sabido que nacionalmente o governo brasileiro, tomado por um consórcio que une fundamentalistas religiosos de igrejas neopentecostais, agentes das forças de segurança, e operadores do agronegócio e do mercado financeiro, tem problemas seríssimos de conseguir efetuar o diálogo fora das suas bolhas vistas perante o resto como autoritárias e até malucas. Com esse cenário, seriam as eleições municipais espelhos do que acontece no plano nacional? Ou reforço para o contrário, graças a atual situação de penúria fiscal encontrada nos cofres federais, para a maioria da população rejeitar o modelo, se é que podemos chamar isso de modelo, escolhido em 2.018?
Vários destes pontos de interrogação serão esclarecidos, ou clareados, já no próximo dia 15 de novembro, data em que o país comemorará os 131 da proclamação da República, quando a população escolherá a maioria dos futuros gestores e legisladores municipais. Lá, saberemos se sairemos destas eleições com algum vislumbre se aproximando de 2.022, ou mergulharemos ainda mais no tenebroso terreno que o fascismo à brasileira procura nos jogar em sua terrível busca pela sociedade perfeita, com os diferentes sendo jogados ao léu? Ou sairemos empatados deste jogo em que vencerão os vencedores de sempre, com cada espaço demarcado, cada lugar definido e a marcha galopante, cada vez mais, nos devolvendo aos caminhos que trilhávamos antes da Revolução Liberal de 1.930, em que ao invés do café, optamos pela soja, no lugar do leite, substituímos pelo minério de ferro e trocamos os coronéis das fazendas pelos milicianos periféricos?
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje.