Postado em 16 de setembro de 2020

O fim do Plano Real

Autor(a): Humberto Azevedo

O ano de 2.020, continuidade de 2.019 que não se encerrou, fruto de 2.018 que pôs fim a falsa dualidade antagônica de PT & PSDB, gerada pelo fatídico 2.016 que foi consequência dos arroubos de 2.013, além da pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) que já matou, conforme o balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgado nesta última quinta-feira, 10, 129.522 brasileiros, vai também sendo o ano que marcará o fim dos princípios que balizaram por 27 anos o Plano Real, criado em 1.993 no governo do ex-presidente Itamar Franco, e que apesar das várias correções de rumo não feitas ao longo dos últimos anos, proporcionou estabilidade econômica que tanto ajudou garantir paz nos ambientes políticos e sociais.

Acusado inicialmente como obra eleitoreira pela oposição de então, a mesma que reúne fileiras contra o atual governo federal descarrilhado, o Plano Real foi, sim, no seu nascedouro responsável por eleger ao Palácio do Planalto um então senador paulista que corria sérios riscos de sequer conseguir se eleger deputado federal nas eleições de 1.994. Mas, oportunismos e oportunidades a parte, o Plano Real foi também o único plano macroeconômico de um total de cinco anteriores, apresentados entre 1.985 e 1.992, que conseguiu obter sucesso não apenas imediato, mas efetivo ao longo das décadas seguintes. Proporcionou uma inclusão social e econômica jamais vista, até então, na história do país. Fato, agora, em que começamos a assistir os efeitos reversos provocados pelo fim de uma era que ficará em destaque nos futuros anuários da história do país.

A falta de reformas estruturantes não realizadas nas três últimas décadas ajuda a nos explicar o atual cenário de pura degradação que todas as elites meteram sua gente neste ambiente tóxico em que vamos vivendo. Os desafios impostos a sociedade brasileira, desde a época imperial, vem se avolumando de uma maneira tal, que é praticamente impossível, hoje, dissociar qual deles deve ser enfrentado primeiro. Temos pressa para corrigi-los, mas nem de perto sabemos como enfrentá-los. Visto que nenhum deles é resolvível num curto, ou a médio prazo. Todos os problemas nacionais, juntados e crescidos de forma exponencial desde quando nos tornamos independente politicamente, só serão sanados em duas, ou três gerações futuras, desde que comecemos, aqui e agora, um investimento massivo na única ferramenta que nos pode tirar deste mar de lama em que fomos nos metendo governo após governo, período após período.

Mas não é isso que se vislumbra. O futuro tenebroso das terras brazilis, como já escrito aqui, pode está em sua derradeira rota de colisão que nos proporcionará vermos o fim de algo em que gerações, após gerações, se acostumou a dar o veredicto de terra do futuro. As bases que juntam os cacos espatifados deste país chamado Brasil já não se colam mais. O que vemos é uma constante segregação nos separar cada vez mais e mais. O lé já não se junta mais com o cré, ou as demandas que vem do Norte sequer são sabidas, ou sentidas, pela turma que mora ao Sul. O linguajar quebrado do Leste ao Oeste também praticamente impede que haja uma boa comunicação de entendimento dos brasileiros que vivem às margens do litoral, ou nos campos retos e montanhosos do interior.

A saída pelas elites, sempre de cima para baixo, não enxergam o penhasco e o despenhadeiro que foi se formando ao longo dos últimos dois séculos entre os que mandam e àqueles que obedecem. Não entendem que a imposição pela força, seja do capital, ou pelas armas, já não mais amedrontam quem nasceu, viveu e morreu na miséria. A turma do andar de cima até parece Marias Antonietas com seus brioches oferecidos para quem tem fome de pão. Em tempo e paralelo ao fim do Plano Real que vamos assistindo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, marcou para janeiro de 2.021, o fim da farsa da operação contra a corrupção, inaugurada em 2.014 pelo Ministério Público Federal, e que tanto mudou os acontecimentos e os rumos da política tupiniquim.



** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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