O nacional desenvolvimentismo
Autor(a): Humberto Azevedo
Os mais afoitos, radicais e extremistas que se puseram na linha de frente do combate ao petismo e ao lulismo nos últimos 18 anos e apostaram todas as suas fichas na erosão do sistema político e econômico construído a partir da Revolução Liberal de 1.930 começam, agora, serem descartados, destinados aos recônditos de onde nunca deveriam ter saído e depositados na lata de lixo da história.
Içados a jogadores políticos para combater o crescimento de governos trabalhistas, e sob a inspiração galopante do udenismo mais irresponsável e golpista, os extremistas ultraliberais que chegaram ao governo federal com a eleição de um certo “messias”, assim considerado pela população, começam agora a serem defenestrados pelo sistema que até então incentivou o seu crescimento e apogeu que resultou na chegada do “Chicago Boy” no comando da chave do cofre.
A preocupação do Status Quo dominante não é mais com as idiossincrasias com a pauta ultraliberal que está com os dias contados a frente do comando das políticas públicas econômicas. A necessidade premente exige o sufocamento do fundamentalismo religioso, de vertente nada cristã propagado por exploradores mal intencionados da fé alheia, que num consórcio com o agora cambaleante ultraliberalismo começa a dar adeus ao curto período em que galgou a hegemonia no seio da sociedade brasileira.
Para findar o crescimento de uma espécie reinventada do integralismo fundado por Plínio Salgado com seus gritos de anauê e que se desenvolviam a plenos pulmões num fascismo tupiniquim orgânico que começava a tomar conta de parte da sociedade pátria, os donos dos vários brasis iniciaram um movimento recente para brecar a “marcha da insensatez” disparada nas jornadas de maio de 2.013 e que fez o até então Brasil que se impunha aos olhos do mundo como novo modelo de desenvolvimento se desfazer num frágil castelo de areia.
O imenso emaranhado de confusões espalhadas pelo globo terrestre que nas manhãs fazem imaginar um cenário completamente diferente daquele que surge ao longo do dia é o retrato destes de tempos de profundas transformações que estamos vivendo. Caronistas que imaginam ser possível embarcar em ondas para terem sucessos que acreditam perenes não duram mais do que o poder minúsculo estabelecido pela instantaneidade destes tempos líquidos.
A velha máxima da crônica esportiva surgida nas coberturas já quase secular dos bastidores do ludopédio que diz que “uma verdade no futebol não dura mais que 24 horas” foi importada para todos demais segmentos da vida social e política. E é com base nesta premissa que o novo governo federal que se instalou em janeiro de 2.019 começa a se assentar. Destruído o inimigo comum dos donos dos brasis que colocava em risco a ordem imposta desde os tempos da Vera Cruz, se reestabelece a velha briga política entre os partidários de Joaquim Silvério dos Reis e Joaquim José da Silva Xavier.
As eleições municipais de novembro próximo já demonstrarão esta nova e velha realidade. E por mais que os silveiristas, que se acham endinheirados, acreditam dominar e serem eles os faróis da manutenção do pensamento colonialista, sempre perderão a guerra para os simpatizantes de Tiradentes. Essa guerra, sempre a mesma, desde quando conservadores se digladiavam com liberais e ximangos se opunham aos maragatos, o destino do país nunca deixou de ser imposto pela sua vocação natural: gigante nas porções de terra e opressor a sua gente. A não ser que esta história chegue ao fim por uma implosão interna que não permitirá mais a junção dos vários brasis num só Brasil.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje