O silêncio dos inocentes. Inocentes?
Autor(a): Daniel Murad Ramos
A força tarefa da Lava Jato da Polícia Federal foi extinta por falta de recursos do governo federal.
Temer rompeu a tradição iniciada com Lula de nomear para PGR o primeiro Procurador da lista elaborada pelo próprio Ministério Público.
O Conselho de Ética do Senado decidiu arquivar o processo contra Aécio Neves, sem maiores delongas, inobstante o conteúdo absurdo das gravações existentes (ouvindo as palavras do Senador ao conversar com o que ele mesmo qualificou como bandido me pergunto: o que seria então “decoro parlamentar”?).
Deviam fechar a Comissão de Ética do Senado e riscar da Constituição a palavra “decoro” parlamentar. E devolver o mandato a Delcídio, com um sincero pedido de desculpas.
Correm para fechar a Lava Jato e seguir a profecia do Senador que assim previa esse grande acordo nacional que estancará a sangria (esta rimou...).
Seu último espirro será provavelmente a condenação de Lula, independente de provas, com base em alguma teoria digna de concurso do MP.
Fecha a caixa com o Lula dentro.
Talvez descartem o Temer, para colocar no poder outra marionete mais palatável para continuar as “reformas” que destroem os direitos sociais e promovem o saque ao patrimônio público nacional.
Mas não se escuta uma mísera panela sendo batida. O silêncio dos bairros nobres e de classe média é estridente, ensurdecedor.
Para muita gente o problema não era a corrupção, fica muito evidente. Tudo era uma farsa. Cadê os indignados? Os moralistas? A paulista cheia? Serviram como massa de manobra para interesses espúrios. Se não são grandes empresários, sofrem agora quietos com a queda do poder de consumo, com a redução da aposentadoria e pensões, com a diminuição dos direitos, com a retração do comércio, com o desemprego. E de brinde com a lembrança que ajudaram a colocar uma quadrilha no governo.
Cazuza era sábio: “São caboclos querendo ser ingleses”. E não há nada de mal em ser caboclo, mas sim em querer ser inglês.
Aliás, até hoje não se fala uma palavra em prol de uma verdadeira reforma política, que possa prevenir e evitar o enlace entre poder econômico e poder político, dificultando que os “representantes do povo” sejam da folha de pagamento de grandes empresários.
Mas tudo isso não importa... Nunca importou...
O que importava está feito. A democracia foi vilipendiada. A Constituição de 1988 que vislumbrou uma democracia social está rasgada e tende a ser totalmente desfigurada.
E o povo? O que importa o povo. O povo que se dane. O povo é um entrave, seus direitos atrapalham. Chega de paternalismo: pegue a vara e vá pescar vagabundo... Problema que não tenha emprego, que não tenha educação de qualidade, que não tenha saúde, que não tenha qualificação profissional, que não tenha terra, que não tenha moradia... Se tiver mérito será vencedor... Direitos atrapalham o desenvolvimento econômico e acomoda as pessoas. Viva o darwinismo social!
E principalmente, viva o grande irmão, que a tudo conduz: o Deus mercado.