Guerra pelo poder
Autor(a): Humberto Azevedo
Passadas as eleições municipais em que o campo popular e progressista identificado com o que ficou consensuado em chamar de esquerdas brasileiras, o respectivo segmento da sociedade se viu reduzido àquilo que ele realmente é, ou seja, representa cerca ou aproximadamente 30% dos brasileiros que assim comungam de suas ideias e princípios. Nem mais, nem menos.
Assim como o campo que ressurgiu das cinzas em maio de 2.013 quando o fantasma do comunismo e o ideário do liberalismo tomou conta de uma multidão que confunde políticas públicas sociais com programas partidários, graças a ignorância e analfabetismo político que assola esta nação temente a Deus, que se diz “cristã”, mas que não pratica uma linha do que Jesus de Nazareth pregava ao seu tempo e que resultaram nas razões que o levaram a crucificação.
No meio destes dois pólos que não se toleram, seja pelo passado escravista, ou pelas inúmeras lutas nas quais sempre se opuseram, encontra-se a maioria da população brasileira que não é nem ‘a’, ou ‘b’. Muito pelo contrário! Às vezes tende para o lado de cá, às vezes tende para o lado de lá. É neste centro em que se encontram os grandes vencedores das eleições municipais.
Segmento este que aprendeu com o tempo que é necessário se acoplar aos que estão no comando para continuar faturando, vendendo, ganhando, vivendo e até mesmo sobrevivendo. É daí que vem as bases do que consensualmente cientistas políticos passaram a denominar como “centrão”, o mesmo agrupamento que tanto serviu de sustentação e apoio a ditadura militar, quanto no desenrolar de todos os governos civis que existiram após o fim do regime ditatorial.
Por este campo se situam os parlamentares do Avante, Cidadania, DEM, MDB, PL, PP, PSD, PSDB, PTB, Podemos, PROS, PV, Republicanos e Solidariedade, um verdadeiro balaio de gatos, que juntos somam 304 deputados federais e 65 senadores. A representação na Câmara é mais fiel ao resultado das eleições de 2.018 porque lá os parlamentares são obrigados a permanecer na mesma legenda, em via de regra, para cumprimento da fidelidade partidária, que inexiste no Senado graças ao entendimento deliberado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
É neste campo, vitorioso nas eleições municipais de 15 e 29 de novembro, que se passa uma verdadeira guerra para se tentar apurar a quem serão entregues os louros da vitória. Se aos beneplácitos de ‘a’, ou de ‘b’. E aí é que vemos a profusão da confusão em que o Brasil se meteu após as “jornadas” nada cívicas de maio e junho de 2.013. É luta despudorada e sangrenta pelo espólio do golpe, com viés modernizante, que atingiu mais uma vez o Brasil e os brasileiros.
Neste segmento que dá as cartas e que faz o jogo no país ser jogado se encontram no tabuleiro os dois reis que definirão o que caberá ao presidente de plantão executar, com pandemia a parte que já matou mais de 175 mil brasileiros. Encarnam estes dois reis o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do bloco formado por Avante, PL, PP, PSD e Solidariedade, e o atual presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que representa os interesses do consórcio informal formado por Cidadania, DEM, MDB, PSDB, Podemos e PV.
Repetindo erros de governos passados os atuais inquilinos dos Palácios da Alvorada, do Jaburu e do Planalto, resolveram bancar e cacifar apoio integral ao pepista alagoano, acreditando que com ele, o atual governo conseguirá ser conduzido até o final, mal sabendo que terão que se divorciar bastante da sua agenda neoliberal e que terão que recompor uma agenda estatizante. Ao mesmo tempo em que mal avaliam a indisposição que lhes restará dos agrupamentos que hoje são representados pelo pefelista fluminense e que se encontram açodados para a campanha de 2.022.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje