Um presidente sem rumo
Autor(a): Humberto Azevedo
A segunda semana do mês de novembro vai se encerrando, nas vésperas das eleições municipais e numa pandemia a parte que já matou mais de 163 mil brasileiros conforme dados oficiais do Ministério da Saúde, num cenário completamente desolador para quem apostou as fichas, em 2.018, na eleição de um messias para a presidência da República.
Desolador porque as apostas de que o mundo trilharia os caminhos sonhados pela extrema-direita vão pouco a pouco se dissipando. A derrota eleitoral do atual presidente norte-americano, Donald Trump, pêndulo para aquilo que foi eleito em 2.018 por mais de 57 milhões de brasileiros, deixa a trinca formada pelo latifúndio, agentes das forças de segurança e pastores de igrejas pentecostais e neopentecostais, que se uniu em torno da eleição do capitão reformado, a beira da orfandade.
Como o projeto capitão foi alçado ao poder sem estar atrelado a nenhum projeto de nação, e apenas baseado em programas situados na dependência de ações que favoreceriam os grandes exportadores e na submissão pátria ao que se convencionou chamar de alinhamento automático daquilo que interessaria o governo dos Estados Unidos da América (EUA), é natural que quando colocado na parede, num momento em que vê um dos filhos, senador da República pelo Rio de Janeiro ser indiciado pelo Ministério Público daquela unidade federativa por um esquema de apropriação indébita, lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato, num discurso desabafo, como assim ele o chamou, não teria dúvidas de usar pólvora contra o governo dos EUA, caso o novo presidente daquela nação, Joe Biden, resolva impor barreiras comerciais ao Brasil como forma de pressionar o país a diminuir o nível de desmatamento que vem ocorrendo na região amazônica.
Tal miragem do presidente comprova que ele se encontra nas cordas e completamente sem rumo, sem saber o que fazer. Até porque o seu vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), começa a dar sinais que aceitaria o desafio de substituir o titular para não permitir que o país vá para o mesmo destino sem rumo que trilha Bolsonaro e os seus apoiadores extremistas e fundamentalistas. Mourão dá mostras que as Forças Armadas, sobretudo o Exército, estão cansados de serem utilizados como massa de manobra pelo presidente para ancorar suas ideias e teses compradas por um falso filósofo, que seria o ideólogo de um país homofóbico, machista, misógino e racista que soa como música aos ouvidos de uma parte asquerosa, intolerante e nojenta da sociedade brasileira.
Caso efetivamente Mourão e seus colegas de fardas, de alta patente, tenham cansado das estripulias que o presidente inconsequente vem promovendo desde que ascendeu ao poder em janeiro de 2.019, e que consequentemente aproxima o Brasil de um cenário de total segregação, de guerras e guerrilhas levadas a cabo por milícias contra as forças políticas locais, nos devolvendo ao mapa da fome e a carestia provocada por uma hiperinflação já vivida há mais de 30 anos, essa decisão da cúpula militar faria justiça àquilo em que, em 1.987, os ministros do Tribunal Superior Militar (TSM) não tiveram coragem de fazer ao apenas reformar o capitão, em invés de expulsá-lo da corporação por arquitetar a explosão de uma represa no sul fluminense, que provocaria pânico e caos a população, para tentar forçar o governo de então do ex-presidente José Sarney (MDB) a reajustar os soldos dos oficiais de baixa patente. Como a ação pensada por Bolsonaro foi desarticulada antes que o plano terrorista acontecesse, por sentença dos juízes militares, o Brasil aposentou um militar revolto e ganhou um demagogo que ao longo de sua carreira parlamentar apenas defendeu o reajuste salarial da caserna e dos agentes de segurança pública como plataforma política e era visto por seus pares no parlamento como um pária que só falava absurdos.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje