Postado em 27 de julho de 2020

Nas redes, incitação; na vida real, “acordão”

Autor(a): Humberto Azevedo

 O 19º mês de um total de 48 meses que o atual governo federal ainda tem vai chegando ao fim. E nele a sensação nítida de uma ação política articulada que ainda aponta um ambiente de incitação nos meios digitais, mas que na vida real vai promovendo uma normalização do absurdo. Se algumas pautas bolsonaristas vão ficando pela janela, o cerne que interessa vai sendo tocado como o governo pretende.

Assim, o fascismo brasileiro vai cerrando fileiras ao seu favor com o objetivo, claro e evidente, de alcançar vitórias nas maiores e também nas mais recônditas cidades do país. De norte a sul e de leste a oeste. A animosidade no seio da disputa política, sobretudo contra os adversários a quem tem como inimigos, não será e nem foi abandonada. A arma para a sua vitória continuará sendo a busca perene pelos grupos antagonistas.

Enganam-se todos se acham que a indicação para o novo líder do governo Bolsonaro, escolhido nesta quinta-feira, 23, é um movimento para se contrapor aos radicais e extremistas que apoiam governo. Afinal, radical e extremista é o governo com suas bandeiras de exclusão e morte levadas a cabo por generais e pastores umbilicalmente ligados a plataforma política que o capitão representa. A escolha do deputado paranaense Ricardo Barros, do partido Progressistas (PP), que não à toa já foi líder dos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, é mais uma jogada para confundir o jogo político que vem sendo jogado.

Ainda mais depois que o governo jogou aos leões uma de suas mais alinhadas e aliadas no parlamento: a deputada pela capital federal e ex-procuradora Bia Kicis (PSL-DF). O objetivo do fascismo em marcha é naturalizar as ideias estapafúrdias defendidas pelo presidente e fincá-las, em definitivo, no coração da massa como sendo a única opção para combater as ideias antagônicas que juntam num mesmo balaio de gatos, pelo olhar bolsonarista, o “comunismo” do PT e assemelhados aos larápios perfilados pelas várias legendas apelidadas de “centrão”.

A estratégia do bolsonarismo está bem clara e posta à mesa. Sem força para destruir por completo, por ora, o que resta de democracia, como é o seu maior e verdadeiro desejo, a aliança tática e pontual com as “velhas raposas” do “centrão” tem como objetivo central oferecer a sociedade a ideia que para combater o “acordão”, só com matizes “puras” eleitas em 2.022, o que tornará possível ao capitão vencer o jogo dos “comunas” e dos corruptos.

Bolsonaro pode até parecer besta, mas de besta não tem nada. Seu governo que agora começa a dar sinais de que optou pelo diálogo, continua sem dialogar e sem abrir mão dos pontos mais radicais e extremistas nas mais variadas políticas públicas. Bolsonaro com seu jeito tosco caminha para diminuir nas próximas eleições gerais o tamanho do “centrão” e sua substituição por hordas de bolsonaristas. O “centrão” que sempre controlou de 1.985 para cá todos os governantes, acredita que fará o mesmo com o atual. Estão pagando para ver.

A aposta do bolsonarismo é bem clara: só continuará vingando esticando a corda. Tal qual o PT fez com o PSDB nas últimas décadas, Bolsonaro pretende fazer o mesmo com o PT. E o PT acreditando não ser o PSDB aceita o jogo arriscado. Petistas e os políticos do “centrão” não acreditam que o bolsonarismo seja fascista. E enquanto isso mais de 84 mil brasileiros, pelos cálculos oficiais, já perderam a vida, com dados desta quinta-feira, para uma doença que o bolsonarismo chama de “gripezinha”.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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