Postado em 22 de abril de 2023

A violência nas escolas, a urgência de uma Pedagogia da Ternura

Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais

Autor(a): Eder Vasconcelos*

Nos últimos tempos estamos presenciando algo assustador, ataques em escolas por alunos ou ex-alunos. Segundo um mapeamento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o primeiro episódio no Brasil, foi registrado em 2002, quando um adolescente de 17 anos disparou contra duas colegas dentro da sala de aula em uma escola particular de Salvador. Desde esse caso, foram contabilizados 22 ataques, 13 deles realizados nos últimos dois anos. Cenas que acompanhávamos apenas nos noticiários internacionais, principalmente dos EUA, passou a ser presenciado em várias regiões do nosso pais.

É muito bem vinda a ação de parcerias entre o poder público: executivo, polícia militar e polícia civil visando garantir a segurança e tranquilizar a comunidade em geral. Mas, nesse enfrentamento a violência no espaço escolar, é relevante irmos também as raízes do problema. São diferentes causas: sociais, econômicas, políticas, psicológicas e culturais. Ressaltamos nesse artigo a apologia à cultura do ódio, realizada principalmente através da internet.

Segundo diferentes análises, é evidente que o crescimento de atos de violência contra a escola está vinculado a uma onda de extremismo, de movimentos neonazista e fascistas, no mundo todo e em especial no Brasil. Em uma rápida olhada em diferentes postagens nas redes sociais, feitas por pessoas frutadas e ressentidas, vamos constatar a exaltação em um culto diabólico à violência, intolerância e preconceito.

A verdade é que a internet é um espaço sem monitoramento, onde indivíduos confundem liberdade de expressão com liberdade de agressão. Tornou-se algo corriqueiro ataques à dignidade das pessoas, com uma impunidade escandalosa. Esses criminosos extremistas desfilam como influenciadores, mas na realidade, fazem parte de organizações criminosos e antidemocráticas.

O desafio que se coloca para o conjunto da sociedade, em especial a todos os educadores é como saber lidar com os desdobramentos e impactos das novas tecnologias. Através do compartilhamento das fakes News vai se criando uma atmosfera de estupidez, onde as pessoas se deixam fazer estupidas.

Contra a estupidez não temos defesa, é pior que o mal; o estúpido, ao contrário da pessoa má, sente-se completamente satisfeito consigo mesmo; não suporta conviver com o diferente, não aceita ouvir uma opinião contrária. Com frases de efeito, slogans e chavões cria-se uma realidade virtual, onde é inexistente a empatia, a compaixão, o respeito à vida.

Somos chamados, a repensar o espaço escolar, como espaço de acolhimento, não podemos admitir o bullying, semente de ressentimentos e frustrações. Temos que aprender e ensinar que o excesso de informação não significa conhecimento. Conhecimento é a utilidade que você dá para informação, para sua vida e para a vida dos outros. Em vários momentos da prática educacional, é necessário dizer não, mas é essencial fundamentar esse não, dizer o porquê desse não. Caso contrário podemos desmoralizar nosso próprio papel de educador. Por amor aos nossos alunos, aos nossos filhos temos que em vários momentos dizer não e fundamentar esse não.

Tanto no autoritarismo como na licenciosidade não há liberdade, já que no primeiro tem repressão e no segundo tem a bagunça. Ambos destroem o que temos de essencial em nossa natureza humana, ou seja o senso de disciplina, valores éticos, morais e a própria liberdade.

O nosso fazer educacional deve estar permeado por uma Pedagogia da Ternura, que consiste em educar para o afeto, a amizade, o respeito, a alteridade; pois, se não educarmos considerando a ternura, estaremos fadados aos mais altos requintes de crueldade, brutalidade e banalidade; como, infelizmente, vem ocorrendo. Porém jamais conseguiremos ensinar a ternura, preso a lógica da competição, onde o outro é visto como alguém para ser vencido. A Pedagogia da Ternura é o caminho para uma educação libertadora- ela não exclui, acolhe e supera a preconceitos e barreiras.


*Artigo escrito em parceria com Eder Vasconcelos, que é franciscano, escritor, teólogo e filósofo. Reside em Manaus/AM.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Roberto Camilo Órfão Morais
Professor
Professor de Ciências Humanas do Instituto Federal Sul de Minas - Campus Machado.



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