Postado em 6 de junho de 2022

A Riqueza e a Pobreza

Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais

 Recentemente foi publicado pela editora Paz e Terra o livro ‘A RIQUEZA E A POBREZA’, composto por quatro sermões sobre ‘o pobre Lázaro e o homem rico’, de São João Crisóstomo, referente ao evangelho de Lucas 16, 19-31. A apresentação é realizada pelo empresário e escritor Eduardo Moreira, com prefácio do padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo.

Quem foi São João Crisóstomo? porque é relevante a leitura de seus sermões?

São João Crisóstomo, o ‘boca de ouro’ (significado de Chrysostomos em grego), é considerado por muitos, como o maior pregador da história da Igreja. Nasceu em Antioquia por volta do ano 344 ou 350 d.C. Bispo de Constantinopla, ficou também conhecido por preservar a austeridade e o compromisso com os pobres.

Através de seus sermões, denunciou as injustiças de sua época, sofrendo por isso maus tratos, levando-o inclusive à morte. Tornou-se um dos mais importantes pilares da ‘Patrística’, correspondente ao período compreendido entre os primeiros séculos do cristianismo.

Nos sermões sobre ‘o pobre Lázaro e o homem rico’, afirma que roubo não é apenas desvio de terceiros, “Deixar de compartilhar seus bens com outros é roubo, embuste e fraude”, pois esclarece que os bens e, os recursos são concernentes a todos. Apresenta uma extraordinária definição sobre ser rico e ser pobre, “o rico não é aquele que reuni bens materiais, mas aquele que precisa de pouco. E pobre não é aquele desprovido de bens, mas aquele que a tudo cobiça”.

Para São João Crisóstomo, a utilização dos bens deve ocorrer com moderação, tendo em vista o compartilhar; condena assim, uma vida de cobiça insaciável e desperdício; pois que, segundo ele: “o prazer é breve, mas a aflição é duradoura”.

Em nosso país, onde tem crescido a aporofobia (desprezo pelo pobre), os ensinamentos de São João Crisóstomo chamam à atenção para a necessidade da piedade em relação ao sofrimento do outro. Realiza uma veemente crítica à apatia, indiferença daqueles que cruzam os braços diante da pobreza e, alerta para a tribulação da consciência: “A beleza do leito não torna o sono mais tranquilo, enquanto dormis em leito de marfim, há alguém que não desfruta de alimento suficiente”.

Conforme o ‘Boca de Ouro’, não podemos desistir em buscar o ideal evangélico do pão repartido: “Jamais esqueçais de que não compartilhar riquezas com os pobres é roubar os pobres e priva-los de seus meios de subsistência. Os bens que detemos não são apenas nossos, mas deles também”.

Em todo pensamento de São João Crisóstomo há uma ‘Visão Cristocêntrica’ do pobre: “(...) devemos alimentar Cristo na pobreza”; assim como escreveu Padre Júlio Lancellotti: “Os empobrecidos de todos os tempos, na história da humanidade, são os Lázaros, cheios de chagas, sentados à porta dos ricos e abastados, que ignoram a dor dos pobres, e por indiferença se tornaram réus no julgamento da história”.

Lendo a “Riqueza e a Pobreza”, fica o desafio de vivenciar a Boa Nova, em tempos de grandes desafios, na certeza que nossa vida é conduzida por ‘Aquele’ que venceu a morte e, se fez Libertador.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Roberto Camilo Órfão Morais
Professor
Professor de Ciências Humanas do Instituto Federal Sul de Minas - Campus Machado.



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