Postado em 25 de setembro de 2022

Fé e Política

Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais

 No período eleitoral, entre muitas pautas que surgem na disputa pelo voto, o tema Fé e Política é sempre recorrente. “Tudo é política, embora a política não seja tudo” e, a fé é algo inerente ao ser humano, em sua espiritualidade: manifestada através da religião. Porém, pela atual conjuntura, faz-se necessário diferenciar - Fé e Política - da confissionalização - da política.

Fé e Política é necessária na prática da evangelização, a política, diz respeito ao outro, ao próximo, ao bem-estar da coletividade. A Igreja Católica com base no Evangelho e nos documentos do Magistério, incentiva a participação do leigo à política - como forma mais perfeita da caridade, assim ensinou o Papa Pio XI, reiterado em Papa São Paulo VI e, atualmente, retomado pelo Papa Francisco; pois que, pela prática da boa política, é possível erradicar a fome e a miséria. A Igreja, como Povo de Deus, não é um partido, porém; não deve deixar de refletir sobre a política e, suas implicações.

Já a confissionalização da política, significa a instrumentalização da fé a serviço de uma ideologia político/partidária, até mesmo pessoal. Reduz o sentido de ser de uma comunidade de fé, tornando-a uma agremiação, voltada para criação ou manutenção de um determinado projeto, que por ser fruto de elaboração e ação humana, tem data de vencimento e defeito de fabricação. Quando uma comunidade de fé, abre mão do sagrado, de sua espiritualidade, deixando-se manipular por uma pessoa ou grupo político: está a caminho da desmoralização.

Quem é capaz de usar e, abusar da fé das pessoas, para ter poder político, é sinal de mau-caratismo e corrupção, não merece o nosso voto! A história ensina que, aquele no qual, se utiliza do nome de Deus, para se promover, é capaz das maiores barbáridades contra o ser humano: imagem e semelhança do próprio Deus.

O Evangelho sugere como critério para avaliar a boa ação política, é o direito dos pobres: “eu estava com fome e me destes de comer (Mt 25,35)”. A palavra de Deus nos inspira em vivenciar a política, como decorrência ética do mandamento do amor. A política - como sinônimo de serviço ao bem comum – e, não, de privilégios em vantagens pessoais.

O Papa Francisco, em sua bela Encíclica Fratelli Tutti, busca caminhos para a "caridade social e política (n. 176)”; pois que, para o Santo Padre (Francisco), o amor, a caridade, a misericórdia, devem prevalecer sobre o ódio, a indiferença e, a miséria. Parafraseando Vinicius de Moraes, citado por Francisco, a política imitando a vida, deve ser a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.

Nenhum cristão, segundo ainda, Francisco, pode permanecer alheio à tarefa de contribuir para que a sociedade se torne mais justa, solidária e fraterna: “é compromisso de fé dedicar atenção à política, buscando resgatar a sua nobre vocação – singular expressão da caridade”.

Os desafios vigentes, exigem de todos nós, discernimento, sabedoria, para trilharmos caminhos que levem ao um novo tempo. As verdadeiras instituições democráticas clamam por qualificada dedicação cidadã, visando alcançar respostas novas, urgentes à construção de um outro mundo possível.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

*Em parceria com Eder Vasconcelos- irmão franciscano- escritor, autor de vários livros, entre eles A Pedagogia da Ternura.

Roberto Camilo Órfão Morais
Professor
Professor de Ciências Humanas do Instituto Federal Sul de Minas - Campus Machado.



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