Crime organizado e a execução de Mariele Franco: atentado contra a Democracia!
Autor(a): Vander Cherri
Quando ocorre determinado crime de grande repercussão e que demostra a população fragilidade do Estado, as autoridades, muitas vezes alegam que é obra do crime organizado. Na verdade o crime organizado sempre existiu podendo citar como embrião os relatos de Barrabás e seu bando que viveram na época de Jesus Cristo; contos e lendas de Robin Hood, que com sua turma de foras da lei, roubavam dos ricos para dar aos pobres. E quem nunca ouviu falar do Ali Baba e os quarentas ladrões?
No mundo atual, a criminalidade assumiu contornos diversos. O crime organizado está no alto da cúpula política e econômica com pessoas corruptas procurando sempre a riqueza. O conceito de crime organizado atualmente está mais complexo, uma vez que prescinde diversos elementos, como estrutura empresarial, possui hierarquia férrea, poder econômico e financeiro, poder de representação, de mobilidade, fachada legal, uso de tecnologia, corrupção e alto poder de intimidação procurando expandir os “negócios” onde tem possibilidade de lucro.
O crime organizado cresce porque o Estado permite. As temidas milícias que atuam principalmente no Rio de Janeiro são formadas, em boa parte, por agentes do Estado, a exemplo de policiais militares e civis, bombeiros, integrantes das Forças Armadas e agentes penitenciários, como revelou o relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, divulgado em 2008.
O assassinato de Marielle Franco demonstrou que aquele que de alguma forma se tornar obstáculo às atividades criminosas será eliminado. Marielle morreu porque estava defendendo pessoas oprimidas e desassistidas pelo Estado. Marielle despertou muito ódio porque tentou melhorar a educação, ela criou o projeto de lei 515/2017, que buscava implementar um “Programa de efetivação das medidas socioeducativas”.
As leis que instituem essas medidas já existem. Ela defendeu que os salários dos servidores públicos deveriam ter prioridade de pagamento. Marielle foi uma das signatárias do projeto de lei 493/2017. Esse projeto determina que, em um caso de crise, os funcionários públicos ativos, inativos e pensionistas devem ter prioridade de pagamento, no lugar do prefeito, do vice-prefeito, dos secretários e dos subsecretários. Ela lutou contra o aumento da tarifa de ônibus. O transporte público não é exclusivo de nenhuma ideologia, se você não usa, com certeza conhece alguém que usa, seja de esquerda, direita ou centro. Sem transporte público, as cidades não funcionam.
Marielle denunciou um Batalhão da PM suspeito de matar mais de 500 pessoas (e não eram só bandidos). Segundo cálculo feito pelo jornal Folha de S. Paulo, o 41º Batalhão da Polícia Militar matou 567 pessoas desde 2011 em supostos confrontos com a polícia. Por se tratar da PM, muitas pessoas podem achar que os mortos eram todos bandidos. Mas não é bem assim.
A execução da Marielle é um ataque a democracia, podendo ser comparado ao assassinato da missionária americana Dorothy Stang em 2005 no Pará. Infelizmente o Brasil está dividido, os políticos fizeram isso. O que a gente vê são pessoas divididas entre aqueles que dizem: Não tenho por que lamentar a morte de quem defendia bandido" ou daqueles: "Marielle morreu porque era negra, mulher e contra a intervenção militar no Rio". Esta é apenas uma das facetas da batalha ideológica provocada nas redes sociais brasileiras. O ódio está mais presente agora do que nunca entre a nossa população. Terminando esse texto, fui surpreendido com o Massacre em uma escola da Cidade de Suzano SP, onde pelo menos 10 pessoas foram assassinadas. Haja coração!
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje