Novo ano letivo: desafios e perspectivas
Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais
Com o mês de fevereiro temos o retorno as aulas, é o recomeçar de um processo de ensino e aprendizagem. A novidade é que nesse ano surge a perspectiva de revigoramento das escolas públicas, em sua prática educacional, pois nos últimos quatro anos o Governo Federal as tratou como “subproduto” na execução orçamentária. Além de alimentar um discurso de ódio, contra professores e até mesmo contra estudantes, devido a uma suposta influência de um ‘marxismo cultural’, ‘orientações de gênero’ e outros delírios, formulados por essa onda de estupidez, que já ultrapassou as raias da insanidade metal, tornando-se terrorismo.
O Brasil necessita enfrentar e superar a escandalosa realidade apresentada pelos dados da avaliação da educação básica (Saeb), onde se afirma que apenas uma em cada três crianças é alfabetizada na idade certa no Brasil. Tem se uma dívida educacional a ser quitada; e para isso deve existir um compromisso com a educação pública de qualidade, gratuita e, para todos.
Sou apaixonado pela educação, acredito que ela deva estar vinculada a alguns princípios fundantes, visando formar personalidades autênticas e responsáveis.
A primeira é educar para o diálogo: Suscitar uma disposição em ouvir e aprender com o outro, e isso não deve ser confundido com o concordar com tudo, ou de negociar o inegociável, como por exemplo o direito e o respeito à vida.
A segunda é educar para a liberdade: A dignidade do ser humano, consiste na capacidade de agir, de forma consciente e livre. A questão é que ser livre não significa fazer tudo o que se deseja. Segundo Santo Agostinho, muitas vezes ser livre é fazer o que não quer, pois quem faz tudo o que deseja é escravo de seu orgulho.
A terceira é educar para o belo, o bom e o verdadeiro: Há um intrínseco vínculo entre esses três elementos. Combinação que transformar o espaço escolar em um ambiente que possibilita realizar o que todos nós buscamos: a Felicidade! A educação por excelência é o caminho natural para a plenitude do ser humano, na vivência da beleza, do bom e do verdadeiro.
O quarto é educar para a ternura: Se não educarmos para a ternura, estaremos condenados a banalidade do mal. É impossível formar pessoas para a vida sem uma educação que contemple a ternura, ela está vinculada ao esprit de finesse, ao coração e possibilita o desenvolvimento de nossa inteligência emocional.
O quinto é educar para vida: Motivar pessoas a se comprometerem com a construção de um mundo mais humano e solidário. Toda formação educacional deve ser adequada à vida, a ética, e não ao contrário. Não vivemos para pensar melhor, mas pensamos para viver melhor.
O sexto é o educar para a Fé: Não significa fazer proselitismo religioso, negar a laicidade da escola pública, necessária ao respeito à diversidade; mas, reconhecer que, nossa vida não se esgota ao imediato, ao fugaz; pois que, o que dá sentido pleno ao imanente é o transcendente. Educar na Fé nos possibilita perceber os contextos maiores de nossa vida - totalidades significativas, relacionada em qualidades como amor, compaixão, paciência e tolerância.
O sétimo é educar para o essencial: O essencial acontece de repente em nossas vidas, mas passa por um período de gestação, amadurecimento na história de cada pessoa. Quem sabe, o essencial é o Bom dia, o Boa tarde e, o Boa noite - pronunciados logo no início da aula. Quem sabe, o essencial é o sorriso, o humor presente entre os professores, estudantes numa relação de empatia.
Em tempos como estes, fica claro que, educar é saber trabalhar com a arte, visando dar sabor e alegria à aridez da vida. Estou convencido da veracidade do ditado que diz; “Quando Piaget falhar, quando Vygotsky não der certo, abrace seu aluno como ser humano, e tudo vai dar certo”.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje