Humanismo de Francisco: a fraternidade e o cuidado da casa comum
Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais
Desde o início de seu pontificado, Papa Francisco tem se colocado contrário a visão humana articulada na modernidade e ainda presente nesse início de século. Na Carta Encíclica Fratelli Tutti, escreve que o mundo caminhou para variadas formas de integração, mas a história recente dá sinais claros de regressão, reaparecem conflitos e ideologias, que acreditávamos superados. O paradigma, onde o ser humano se declara dominador absoluto da natureza, tem nos levado a real possibilidade de extinção de toda a vida em nosso planeta.
Francisco ressalta na Carta Encíclica Laudato Si, que a crise ecológica contém uma crise do próprio sentido da vida humana, “Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise socioambiental”. Nesse antropocentrismo exacerbado, segundo o Papa, “a terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”.
Faz uma veemente crítica, na Fratelli Tutti, contra essa crise socioambiental e a violência contra aqueles ousam denuncia-la, “Frequentemente as vozes que se levantam em defesa do meio ambiente são silenciadas ou ridicularizadas, disfarçando de racionalidade o que não passa de interesses particulares”. Como exemplo dessa violência, podemos citar o brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Crime que tem seus culpados e também os responsáveis moralmente, que são aqueles que fazem apologia e disseminam um discurso de ódio.
Afirma na Laudato Si, que não haverá uma nova relação com a natureza e uma sociedade mais justa, sem um ser humano novo, “tudo está estritamente ligado no mundo”. Salienta a necessidade de uma comunhão universal, “implica ainda a consciência amorosa de não estar separado das outras criaturas, mas de formar com outros seres do universo uma estupenda comunhão universal”.
Evidência na Fratelli Tutti, que o fechamento em nós mesmos, o individualismo, jamais será o caminho para dias melhores, “a proximidade, a cultura do encontro, sim. O isolamento não, cultura do encontro sim. Cultura do confronto não, cultura do encontro, sim”. Citando o filósofo francês Gabriel Marcel, Francisco diz que, “Só me comunico realmente comigo mesmo, à medida que me comunico com o outro”.
O Humanismo de Francisco, propõe a realização plena da pessoa humana, em suas diferentes dimensões, integrada com o conjunto das criaturas e natureza universal. É o humanismo de Jesus de Nazaré, que em sua encarnação, caminhou errante pelas estradas da Galileia, vivendo e ensinado o amor, reconduzindo toda a criação à comunhão com a glória do Pai.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje