Pedagogia da Alegria
Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais
Ao me deparar com a leitura do livro Pedagogia da Alegria, fiquei a pensar sobre um possível paradoxo. Como o autor, o franciscano Eder Vasconcelos conseguiu refletir sobre a alegria vivendo em Manaus, palco de recente tragédia humanitária? Como foi capaz de pensar em alegria no meio a dor e sofrimento, que ultrapassaram as raias da dignidade e o respeito à vida?
O místico franciscano responde a esse aparente paradoxo: “A alegria verdadeira é alegria compartilhada no espírito da compaixão e da solidariedade”. Para ele, alegria não significa negação da dor: "é o dom da compaixão”, a ser compartilhada. Transcreve as belas palavras de Michel Quoist, “Colocando-nos a serviço dos outros vencemos na vida e conhecemos a alegria de Deus.”
Baseado em São Tomás de Aquino, Eder Vasconcelos afirma: “a alegria é fruto do amor” e cita o que escreveu Santa Terezinha do Menino Jesus, “Viver de amor é navegar sem cessar, semeando a paz, a alegria em todos os corações”. Portanto podemos escrever que a alegria é um direito e um dever, mas não podemos ser indiferentes a dor do outro.
Mas, afinal, o que é a chamada Pedagogia da Alegria? Conforme Eder Vasconcelos, é uma “senda, uma vereda, uma trilha”, que acredita ser necessária para vivenciar a essência da fé cristã, “A pedagogia da alegria almeja nos conduzir para a experiência de uma alegria que nasce do encontro com Jesus, o Vivente”.
Faz deferência a Paul Claudel, quando destaca sua afirmativa, “A alegria é a primeira e a última palavra do evangelho.” Em sua apologia a alegria Eder apresenta reflexões de diferentes pensadores, como por exemplo Baruch Espinosa, “quanto mais alegria nós temos, mais perto da perfeição nós estaremos’, ou ainda Albert Einstein,” Quem conheceu a alegria da compreensão conquistou um amigo infalível para a vida”.
Penso que trilhar as veredas da Pedagogia da Alegria seja algo desafiador para uma humanidade marcada pela angústia, sentimento de vazio. Segundo Eder Vasconcelos, “neste século XXI, é muito importante buscarmos uma pedagogia da alegria para vivermos com intensidade cada momento, cada instante da existência”.
Alegria como é evidenciado no livro, não é sinônimo de indiferença, muito menos de ironia, que é uma arma contra o outro e, pode matar; alegria está vinculado ao humor, que leva um pouco de leveza à miséria do mundo, não ódio, preconceito como leva à ironia.
Como bem mencionado no livro o enunciado de Georges Bernanos, saber encontrar alegria na alegria dos outros é o segredo da felicidade.
A Pedagogia da Alegria não é rir de tudo, fica entendível que alegria é uma emoção, como explica Anselm Grun... “que nos impulsiona a servir a vida”.
Em seu itinerário de escritor Eder Vasconcelos compõe seu hino de louvor à alegria, na certeza que tem de estar ela relacionada ao “espaço sagrado onde Deus mora em nós,” espaço curativo e terapêutico, mas acima de tudo Libertador!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje