Não existe receita da felicidade
Autor(a): Leonardo Miranda
O que não falta no mundo são receitas de felicidade, aquelas que vêm prontinhas, com todos os ingredientes como se os sentimentos tivessem formas definidas e uma só medida. Mas, bem lá em meu íntimo, sinto a natureza inconstante e imensurável dos sentimentos e, com isso, aprendi que o que traz felicidade para uns, não traz para outros.
Navego em meu barquinho ao balanço das ondas do mar, conduzido pelos ventos marítimos, que sopram muito além das minhas ilusões de controle. Sopram possibilidades que demandam respeito e humildade para uma próspera interação. Ou seja, ainda em linguagem metafórica: preciso estar atento para baixar, levantar e reposicionar as velas desta minha frágil embarcação.
Os altos e baixos se alternam no decorrer do mês, da semana e até mesmo no decorrer de um único dia. Posso acordar feliz, ficar triste durante a tarde e ir dormir novamente feliz, mas eu não me lembro de sentir a felicidade como uma constante, e é por isso que a felicidade nunca é entediante, antes de se tornar entediante ela acaba e dá lugar para sua rival. É uma dança alternada, passando por vários níveis e estágios diversificados entre duas competidoras que sempre se motivam, e essas dançarinas são a felicidade e a tristeza. Sim, elas se inspiram mutuamente, precisam uma da outra assim como a luz precisa da escuridão para se propagar em nossa atmosfera. Os momentos felizes sempre sucedem momentos tristes, dias de certeza advêm após dias de dúvidas, tempos de prosperidade são seguidos de dias de privações, toda paz é produto da guerra e tudo isso vice e versa.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje