Postado em segunda-feira, 14 de outubro de 2024 às 09:09

Agrotóxicos usados no cultivo de café afeta o fígado de agricultores, mostra estudo

Pesquisa da Unifal aponta para a necessidade de estabelecer limites de exposição a agrotóxicos.


 Da Redação

Para verificar o risco da exposição a agrotóxicos na cultura do café, pesquisadores da Unifal (Universidade Federal de Alfenas) investigaram amostras biológicas coletadas junto a agricultores do Sul de Minas. Com o uso de toxicologia computacional, o grupo detectou níveis elevados de fungicidas triazóis na urina dos trabalhadores rurais, bem como alterações celulares e hormonais significativas.

A coleta de dados envolveu 190 voluntários, divididos em dois grupos: 140 trabalhadores rurais, ocupacional e ambientalmente expostos a agrotóxicos, e 50 moradores de áreas urbanas, não expostos ocupacionalmente, que serviram como grupo de controle.

“Três fungicidas triazóis – ciproconazol, epoxiconazol e triadimenol – foram detectados nas amostras de urina de homens e mulheres do grupo rural, através de análise realizada no Laboratório de Análises de Toxicantes e Fármacos”, revela a toxicologista Isarita Sakakibara, coordenadora da pesquisa.

Segundo a pesquisadora, com o uso de um software foi verificada bioatividade, in vitro, para os três triazóis detectados na urina dos expostos e para outros três ingredientes ativos das formulações dos agrotóxicos.

Os ensaios mostraram que a exposição ao fungicida afeta o metabolismo de hormônios esteroides e ocasiona estresse celular e enzimas CYP450, com concentrações relevantes para o ambiente e ocupacionais, confirmando os resultados observados nos agricultores.

“Considerando o maior valor detectado de epoxiconazol urinário, foi caracterizado um risco duas vezes maior que o aceitável para a população estudada, o que é significativo para a saúde humana, particularmente pela alta frequência e intensidade da exposição”, afirma a pesquisadora.

Para a coordenadora da pesquisa, o estudo caracteriza o risco para agricultores expostos aos agrotóxicos, no cultivo do café, principal “commodity” brasileira. “A partir da pesquisa é possível observar que há necessidade de discutir e estabelecer limites de exposição que protejam a saúde dessa população, uma vez que esses resultados fornecem subsídios para reavaliação das monografias de agrotóxicos no Brasil, pelos gestores públicos, visando o gerenciamento desse risco e, portanto, a prevenção de efeitos tóxicos nos trabalhadores”, pontua.



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