Postado em sexta-feira, 18 de junho de 2021
às 17:05
Atualizada em sexta-feira, 18 de junho de 2021
às 21:48
Técnicas em Enfermagem são condenadas a 21 e 16 anos de prisão pelo assassinato do maratonista Joãozinho
A condenação foi dada pelo Tribunal do Júri no Fórum Milton Campos, em Alfenas.
Alessandro Emergente
As técnicas em Enfermagem Mariângela Fernandes, 33 anos, e Pâmela Maria de Lima Gonçalves, 37 anos, foram condenadas pelo assassinato do técnico em Enfermagem e maratonista João Vicente dos Santos, conhecido como Joãozinho. A decisão foi tomada pelo tribunal do júri da Comarca de Alfenas em um julgamento realizado na quinta-feira.
Mariângela, com quem Joãozinho manteve um relacionamento extraconjugal, foi condenada a 21 anos, enquanto a ex-companheira dela, Pâmela Gonçalves, foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão. As sentenciadas foram condenadas por homicídio qualificado e pela ocultação do cadáver. Elas já estavam detidas, aguardando julgamento, há quatro anos e quatro meses, uma vez que a Polícia Civil conseguiu esclarecer o caso em apenas quatro meses.
O julgamento foi presidido pelo juiz José Henrique Mallmann (Foto: Alessandro Emergente/Alfenas Hoje)
Uma terceira pessoa também foi condenada. É Rosângela Augusta de Oliveira, conhecida como Rosa, 48 anos, que participou da ocultação do cadáver e, por isso, foi sentenciada em dois anos de prisão, além de mais um ano por receptação de objetos da vítima como a aliança. Com isso, foi condenada a três anos de reclusão em regime inicialmente aberto.
Uma quarta acusada, Allana Mara da Cunha, 25 anos, foi absolvida após o júri não reconhecer a participação dela como sendo a pessoa que teria indicado o local para enterrar o corpo da vítima.
O crime foi em outubro de 2016, quando Joãozinho, que tinha 52 anos, desapareceu e seu carro apareceu incendiado em uma estrada próxima ao Distrito Industrial.
Joãozinho foi morto em outubro de 2016 e seu corpo localizado quatro meses depois (Foto: Alfenas Hoje/Arquivo)
O júri popular, formado por quatro homens e três mulheres, acatou a tese do Ministério Público (MP), acolhendo a acusação para três das quatro rés. A denúncia foi oferecida pelo promotor de Justiça, Frederico Carvalho Araújo, da 5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Alfenas.
Condenadas
Mariângela foi condenada a 18 anos pelo homicídio qualificado com base nos incisos I e IV (§ 2) do artigo 121 do Código Penal (CP), além de ter a sua pena aumentada em mais um ano por ter caracterizado uma emboscada (alínea C do inciso II do artigo 61 do CP) – a vítima foi atraída para o local do crime. Também foi condenada a mais dois anos pela ocultação do cadáver (artigo 211 do CP).
Ouvidos como testemunhas durante o julgamento, policiais civis, que atuaram nas investigações, apontaram Mariângela como a mentora intelectual do crime e com traços de uma personalidade manipuladora e fria.
O corpo da vítima chegou a ser enterrado em Serrania e depois levado para outro local, no bairro Cascalho em Alfenas (Fotos: Polícia Civil/Arquivo)
Além de se relacionar com Joãozinho e com Pâmela, Mariângela ainda mantinha um terceiro relacionamento, porém sem o conhecimento de Pâmela, segundo o seu depoimento. Esse terceiro relacionamento era mantido com Kelly Priscila da Silva, que foi arrolada como testemunha da defesa durante o julgamento. As duas casaram-se após a prisão de Mariângela.
Em seu depoimento, Mariângela negou que tivesse assassinado Joãozinho, atribuindo a culpa a Pâmela. Alegou ter agido sob ameaças da ex-companheira, apontada com tendo um perfil ciumento, característica também apontada pelos investigadores.
Confissão de Pâmela
O depoimento de Pâmela foi decisivo. Ela confessou ter participado da execução juntamente com Mariângela. No dia do crime, Pâmela ficou escondida no porta malas do veículo em que a vítima e Mariângela usaram para ir ao motel, onde permaneceram por cerca de uma hora.
No entanto, uma funcionária do motel, que prestou depoimento, disse que nem a banheira de hidromassagem e nem o lençol da cama do quarto indicavam que o local foi usado. Questionada pelo promotor sobre o que fez no local com Joãozinho, ela preferiu não responder.
Depois disso, os três seguiram para um outro local, próximo ao loteamento do Carnalfenas em direção ao local conhecido como “Pedra”. Segundo Pâmela, Joãozinho ao chegar já estava com consciência comprometida devido a sonífero dado por Mariângela.
Foi nesse local que a vítima recebeu uma injeção letal com uma superdosagem de midazolam, medicamento injetável usado exclusivamente em ambiente hospitalar como sedativo. Elas usaram o conhecimento técnico como enfermeiras para cometer o homicídio, fato enfatizado na confissão de Pâmela.
Por ter confessado o crime, Pâmela teve a sua pena reduzida em seis meses e 20 dias e, com isso, foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão, considerado os mesmos artigos usados na condenação de Mariângela.
Mostrando-se emocionada, Pâmela disse ter se arrependido de tirar a vida de Joãozinho depois de uma entrevista em que o pai da vítima pediu que o corpo do filho fosse entregue. Na época, o corpo da vítima ainda não havia sido localizado.
"Poucas vezes vi uma confissão tão inteira”, disse o promotor durante a sustentação da tese de acusação ao referir-se a riqueza de detalhes. Afirmou que o MP já tinha o conhecimento da dinâmica do crime, mas enfatizou a confissão.
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