Postado em sexta-feira, 1 de novembro de 2013 às 10:26

Série adapta textos de Clarice Lispector descobertos por professora da Unifal

Uma nova série do programa Fantástico é inspirada em textos de Clarice Lispector resgatados por uma pesquisadora da Unifal.


Da Redação

A nova série do programa Fantástico, da Rede Globo, “Correio Feminino”, é inspirada em textos de Clarice Lispector resgatados pela pesquisadora e professora de Literatura Brasileira da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), Aparecida Maria Nunes.

No último dia 20, o Fantástico exibiu uma reportagem sobre a nova série, que estreou no último domingo. São oito episódios que compõem a série centrada nos conselhos de Helen Palmer (interpretada pela atriz Maria Fernanda Cândido), pseudônimo que Clarice utilizou para produzir a coluna “Correio Feminino” do jornal Correio da Manhã, entre 1959 e 1961.

Pioneira e referência em “Clarice Lispector jornalista”, a profa. Aparecida revela que pouco se sabia do trabalho de Clarice na imprensa brasileira, quando iniciou seus estudos para o mestrado na Universidade de São Paulo (USP), no início dos anos 1980.

Fotos: Reprodução/Rede Globo 

Segundo a pesquisadora, a escritora escrevia com a máquina de escrever sobre o colo

As informações eram escassas e desencontradas, pois não havia consenso nem mesmo para a data de nascimento da escritora. A professora da Unifal pesquisou por décadas em arquivos de jornais, paralelamente aos depoimentos que colhia de familiares, amigos, jornalistas e possíveis colegas de redação da autora de Perto do Coração Selvagem. 

O resultado pode ser conferido na dissertação de mestrado e na tese de doutorado, defendidas na USP, e no livro que a pesquisadora publicou em 2006, Clarice Lispector Jornalista: Páginas Femininas & Outras Páginas, pela editora Senac/SP.  

A pesquisadora da Unifal durante a entrevista para o programa Fantástico

Em quase 40 anos de atividade na imprensa brasileira, Clarice Lispector foi repórter, cronista, entrevistadora, tradutora e colunista de páginas femininas. A pesquisa da professora da Unifal descobriu os pseudônimos que a escritora utilizou para produzir as páginas femininas, e os textos inéditos publicados pela ficcionista em quase 500 colunas, sobre moda, beleza, comportamento, sedução e feminilidade, que o Fantástico levará ao ar em oito episódios. 



Outras colunas

A pesquisadora lembra que Clarice Lispector também foi a Tereza Quadros, em 1952, da página “Entre Mulheres” do semanário Comício; e a Ilka Soares da página “Só para Mulheres”, entre 1960 e 1961, do Diário da Noite.

Para compreender a especificidade dessas páginas, a profa. Aparecida afirma que é importante salientar a época em que cada uma das colunas foi

"Clarice Lispector Jornalista: Páginas Femininas & Outras Páginas", livro publicado pela pesquisadora em 2006
publicada, a linha editorial dos jornais e o perfil do público-alvo. “Clarice estava consciente de que não podia esquecer o perfil do público para quem dava conselhos utilitários e ensinava a refletir sobre cenas domésticas e o universo da mulher”, comenta.

Helen Palmer, pseudônimo criado pelo departamento de Relações Públicas de uma indústria de cosméticos, para que aconselhasse sua leitora a cuidar melhor da aparência e da cútis. Dessa maneira, de forma subliminar, incentivaria o público feminino a consumir os cremes de uma das marcas, que se encontravam no mercado brasileiro.

Clarice Lispector também foi Tereza Quadros, em 1952 (Semanário Comício),
e a Ilka Soaresentre 1960 e 1961 (do Diário da Noite)

 



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