Delegado, que matou motorista em BH, já foi condenado por disparos em Alfenas

 Alessandro Emergente

Essa semana um delegado da Polícia Civil atirou e matou um motorista de caminhão reboque, em Belo Horizonte, após um desentendimento no trânsito. O delegado, que protagonizou a cena, é Rafael de Souza Horácio, que atuou em Alfenas de 2006 a 2010.

O delegado chegou a ser condenado, em 2019, por efetuar disparos de arma de fogo em via pública, ocorrido em 2010, dois meses antes de ser transferido para Betim, na região metropolitana de BH. A condenação foi de três anos de prisão, porém a pena foi convertida em prestação de serviço à comunidade e pagamento de multa no valor de três salários mínimos. 

O episódio, que gerou a condenação judicial, foi na noite do dia 30 de janeiro de 2010, um final de semana, na esquina da avenida José Paulino da Costa com a rua Tapiramas, no Vila Teixeira, região onde há concentração de bares noturnos. 

Na época, o delegado, responsável pelo combate ao tráfico em Alfenas, teria ingerido bebida alcoólica e adotado comportamento incompatível com a sua função. Após terminar o relacionamento com a noiva, ele teria abordado o motorista de um veículo e tentado entrar no interior do carro, o que não foi permitido. Em reação, ele disparou contra o automóvel, atingindo o pneu.

A Polícia Militar foi acionada e o então delegado regional João Simões de Almeida Júnior, que estava em uma cidade vizinha, teve que se deslocar até o local. Uma sindicância foi instaurada pela Polícia Civil e dois meses após o episódio, antes da conclusão da sindicância, Horácio foi transferido para unidade da Polícia Civil de Betim, onde permaneceu até integrar o Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), onde está lotado atualmente. 

No decorrer do processo, o delegado alegou que tentou abordar um traficante, mas foi atropelado, caiu e a arma disparou acidentalmente. O traficante citado não foi identificado por ele no processo.

Morte do motorista em BH

O motorista do caminhão reboque, Anderson Cândido Melo, que tinha 48 anos, foi morto na tarde de terça-feira na avenida do Contorno, em Belo Horizonte. Ele chegou a ser socorrido, mas faleceu após dar entrada no Hospital João XXIII. O homem deixou quatro filhos.

O delegado disparou contra o vidro do caminhão e acertou o motorista após um desentendimento no trânsito. Segundo a versão do delegado, em depoimento à Polícia Civil, o motorista teria fechado a viatura dele, que não estava caracterizada, em duas oportunidades.

O delegado se apresentou à Polícia, confessou o disparo e disse ter agido em legitima defesa. Afirmou que desceu do carro, se identificou como policial, porém o motorista engatou a marcha e acelerou contra ele, momento em que sacou o revólver.

O delegado se apresentou as autoridades policiais e, após prestar depoimento, foi liberado e responderá ao inquérito em liberdade. Segundo a corporação, não houve elementos jurídicos para a prisão do delegado, que teve a arma apreendida. As investigações devem ser concluídas em 30 dias.

O governador Romeu Zema, do Novo, comentou sobre o caso. "É inaceitável que uma discussão de trânsito termine com o assassinato de uma pessoa. Me solidarizo com os familiares do motorista de reboque Anderson Cândido Melo, que nesse momento passam pela dor de uma perda irreparável. Esse caso de violência envolvendo um delegado da Policial Civil será apurado com seriedade pela Corregedoria Geral, tanto na esfera criminal, como no âmbito administrativo”, disse em nota.