PC abre sindicância para investigar disparo de arma por delegado

Alessandro Emergente
Henrique Higino

O delegado regional da Polícia Civil, João Simões de Almeida Júnior, determinou a abertura de uma sindicância para apurar os disparos de arma de fogo, ocorrido na madrugada de domingo, pelo delegado Rafael de Souza Horácio. O fato foi na esquina da avenida José Paulino da Costa com a rua Tapiramas, próxima ao trevo principal de Alfenas.

De acordo com as informações apuradas pela reportagem foram de um a dois disparos contra um veículo. Os ocupantes do automóvel não ficaram no local para prestar depoimento e até a publicação desta reportagem ainda não tinham se apresentado à Polícia para prestar queixa.

A confusão foi contornada após o deslocamento de uma viatura da Polícia Militar e de dois delegados da Polícia Civil até o local. Um dos delegados, que esteve no local na madrugada de domingo, é o próprio João Simões, que estava em uma cidade vizinha, e teve que retornar imediatamente para Alfenas.

Projétil

O projétil da arma de fogo não ficou alojado em nenhum local próximo a confusão. Por isso, será realizada uma pericia técnica na arma utilizada por Rafael Horácio e apuradas as circunstâncias em que transcorreu toda a ação.

De acordo com uma das versões preliminares é que a ação de Rafael Horácio se deu devido as ocupantes do veículo, alvo dos disparos, estarem traficando drogas.

O delegado regional João Simões (terno) e o delegado Rafael Horácio

O delegado regional diz que a investigação irá apurar se houve consumo de bebida alcoólica pelo delegado antes dos disparos e se o grau ingerido inviabilizaria a sua atitude. Lembra que Rafael é o delegado responsável pelo combate ao tráfico de entorpecentes e seria seu dever agir em casos suspeitos de tráfico, porém a ingestão de álcool poderia tornar a ação não recomendável.

Sindicância

A sindicância será conduzida pelo delegado-adjunto Hudson Brandão, representante da Corregedoria da Polícia Civil. O resultado será revisado por João Simões e submetido à Corregedoria, em Belo Horizonte.

Se caracterizado alguma irregularidade no procedimento feito por Rafael Horácio, ele estará sujeito as punições administrativas que variam desde a advertência, suspensão até a perda do cargo dependendo da gravidade.

João Simões afirma que todas os procedimentos no local foram adotados. Antes de sua chegada ao local, designou a presença do delegado-adjunto e recomendou que fosse expresso no boletim de ocorrência (B.O) todos os detalhes envolvendo o episódio. Na segunda-feira pela manhã, afirmou que seu primeiro ato foi determinar a abertura de sindicância.

Procurados pela reportagem, a Polícia Militar não quis se manifestar sobre o assunto. A reportagem também não teve acesso ao B.O. Ninguém no local quis ser arrolado como testemunha no documento.

Competência

O chefe da Polícia Civil em Alfenas descarta a possibilidade de transferência do delegado ou de uma licença antes da conclusão da sindicância. Diz se tratar de seu “melhor delegado” e que não cogita a hipótese de perdê-lo por fatos isolados. Porém, afirma que se comprovado algum ato irregular será punido.

“Este problema não será abafado, mas com respeito ao processo legal. Eu não posso ter um juízo de valor agora”, diz o delegado.

João Simões enumera vários inquéritos conduzidos por Rafael Horácio e que teriam tido resultados positivos. Há três anos atuando em Alfenas, Rafael foi um dos responsáveis pela Operação Desmantelamento, que prendeu várias pessoas envolvidas em tráfico de drogas. Recentemente, o Delegado desvendou o caso da morte de um vendedor de cigarros assassinado por engano em 2007 e é um dos responsáveis pela interdição de imóveis usados para tráfico de drogas no bairro Santa Luzia.

Rafael Honorato está impedido, pelo comando da Polícia Civil, de conceder entrevista sobre o assunto até a conclusão da sindicância.