Postado em sexta-feira, 2 de maio de 2025 às 10:10

Evasão na graduação e novo ensino médio desafiam Alfenas

Audiência pública revelou vagas ociosas em universidade e dificuldades para escolas adotarem currículo flexível.


 Da Redação

Um dos principais polos educacionais do Sul de Minas, Alfenas enfrenta a evasão de estudantes do ensino superior e dificuldades para implementação do novo ensino médio, obrigatório a partir do ano que vem em todo o País. Esse foi o cenário apontado em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O debate foi realizado na sexta-feira passada, dia 25, na Unidade Educacional Santa Clara, da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), a requerimento do deputado Luiz Antônio da Silva (Luizinho/PT). Na cidade, 44% dos graduandos não concluem a graduação, índice ainda maior no País (51%) conforme censo do ano passado. 

Audiência pública foi realizada em Alfenas após solicitação do deputado Luizinho (Foto: Elizabete Guimarães/ALMG)
 

Pablo Almeida, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unifal, frisou que a permanência estudantil na universidade é um desafio principalmente para os alunos de cursos de ensino integral, ou para aqueles do turno noturno, que dependem de um trabalho durante o dia, como é o seu caso.

Nesse sentido, o presidente do DCE defendeu a necessidade de ampliação de programas de apoio, como restaurante universitário, bolsas de assistência estudantil e principalmente moradia estudantil.

“Muito da evasão hoje é pela falta de mais recursos de apoio”, frisou Pablo Almeida. Segundo ele, na Universidade Federal de Alfenas a maior parte do recurso do PNAES, o Plano Nacional de Assistência Estudantil, seria para subsidiar restaurante universitário. “Ou seja, faltam recursos de bolsa para que a gente abranja todos os estudantes que necessitam”, afirmou. 

Representantes das comunidades escolares em Alfenas durante a audiência pública (Fotos: Elizabete Guimarães/ALMG)


O pró-reitor de Graduação da Unifal, Wellington Ferreira Lima, acrescentou que a evasão está ligada também a um desinteresse por cursos de graduação em todo o País. Segundo ele, a universidade oferece 35 cursos entre bacharelado e licenciatura, possuindo 22% das vagas ociosas. Conforme observou, o problema apresenta caráter sistêmico, considerando a perda de prestígio e o significativo achatamento salarial de algumas profissões ao longo dos anos, desestimulando o aluno.

No seu entendimento, nesse cenário é preciso avaliar a situação geral das profissões, tanto do ponto de vista de maior valorização das várias áreas, como entendendo quais são as novas profissões que serão prestigiadas pelo mercado.

Escola vê falta de estrutura para novo modelo do ensino médio

A situação do novo ensino médio foi abordada pela diretora da Escola Estadual Samuel Engel, Alice Bastos, tendo em vista que o modelo flexibiliza o currículo para que os alunos escolham itinerários formativos de acordo com seus interesses e objetivos, ampliando a carga horária e ofertando disciplinas obrigatórias e optativas.

A diretora avaliou que o novo ensino médio, com implantação gradativa a partir deste ano, trouxe grandes desafios, entre eles o fato de a formação dos professores não ser específica para os itinerários formativos. 

 


Segundo a diretora, essa realidade exige do professor se preparar num tempo muito curto para uma aplicação imediata, gerando exaustão e lacunas em alguns momentos. Para ela, falta estrutura para suporte ao novo ensino médio.

“Na escola em tempo integral tudo se torna mais difícil ainda, porque o aluno chega às sete da manhã e vai embora às quatro da tarde. É necessário uma transformação na estrutura também, porque ela não está adequada para esse processo tão longo dos alunos dentro da escola”, alertou ela.

Autonomia

O deputado avaliou que hoje as escolas têm uma autonomia apenas relativa, porque ainda dependem de estrutura necessária a um processo pedagógico diferenciado. "É uma incoerência você não dar autonomia administrativa às escolas. Um diretor de uma escola quer, por exemplo, reformar um banheiro e leva três anos. O tempo para o aluno é muito importante e não volta, e tudo isso influencia no pedagógico”, frisou.

Para o deputado, a descentralização e a maior autonomia municipal agilizam o atendimento de demandas e facilitam o controle da população, entre outras vantagens.

“Defendo a autogestão, temos que deixar autonomia para os municípios e também para as instituições", reiterou o deputado, autor do projeto de lei (PL) 882/23, que concede autonomia administrativa e financeira para gestão das escolas de educação infantil, fundamental e média no Estado.

 



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