Postado em terça-feira, 1 de setembro de 2020 às 10:10

Novos equipamentos para cafeicultura são produzidos em Machado

Demandas do mercado viram inovações para agroindústria do café.


Sete projetos estão em criação no polo da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) no Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (Ifsuldeminas) do campus de Machado (MG). A empresa funciona desde 2018 e atende as demandas do mercado por novas tecnologias na agroindústria do café.

Os custos da inovação são divididos entre o Ifsuldeminas, o governo federal e a empresa interessada na patente. O professor Leandro Paiva, que é diretor do polo de inovação, explicou que a firma interessada procura a Embrapii com uma ideia ou buscando solucionar um problema. Essa questão se torna pesquisa com os professores e alunos. Ao final, é gerada uma patente que pertencerá à empresa que procurou o polo.

As firmas detentoras dessas patentes devolvem royalties ao instituto. “A patente é da empresa e os royalties vêm para o instituto para financiar novos projetos de inovação”, comentou Leandro.

O torrador elétrico

A Embrapii do Ifsuldeminas têm três projetos finalizados com patentes registradas. O primeiro deles é torrador elétrico de baixo custo da marca “Stratto” que já é comercializado.

“A empresa que nos procurou queria um torrador elétrico que consumisse pouca energia elétrica e fosse de baixo custo de aquisição. Um torrador de um quilo custa hoje entre R$ 35 a R$ 40 mil. O nosso custa apenas R$ 15 mil e pode ser comprado pela internet”, contou o professor.

Estudantes operam equipamentos no Ifsuldeminas em Machado (MG) — Foto: Divulgação/Erika Vilela


Leandro também falou das etapas de produção do torrador. “Tivemos que fazer todo um trabalho na tecnologia de aquecimento, de ar e de conservação de energia para poder operar na temperatura que a gente precisa para o café que é de até 250 graus. Simplesmente plugado em uma tomada de 220v para você poder ter em casa. A gente pensou o desafio tecnológico, fizemos o protótipo e registramos a patente para a empresa”, narrou.

O diretor industrial da empresa do interior paulista que comercializa o torrador elétrico, Leandro César do Carmo, afirmou que a parceria deu tão certo que outro equipamento está em criação com a Embrapii. “O sucesso foi tão grande que estamos preparando outro projeto”, garantiu.

O executivo elogiou o trabalho de toda a equipe da Embrapii. “O desenvolvimento com o instituto foi de vital importância para a alavancagem do produto e o reconhecimento rápido do mercado em relação à qualidade e durabilidade (principalmente). Devo destacar que o empenho de toda a equipe e sua experiência no segmento café foram de vital importância para o projeto”, confirmou.

O barco-drone para águas residuais

Uma segunda novidade feita para uma empresa de topografia é um barco automático de pequeno porte (um tipo de drone) que consegue mensurar a profundidade de lagos e a turbidez da água.

“Esse equipamento faz o levantamento da qualidade das águas residuais. Ele roda a represa ou açude, mapeia o volume de água e vê a qualidade da água para fins de reúso como irrigação ou outros fins. Ele faz tudo sozinho”, relatou Leandro Paiva.

O autor do projeto, o professor Mosar Faria Botelho afirmou que o protótipo determina se, é preciso ou não, tratar a água residual do café.

“Um dos desafios do projeto foi fazer um barco de batimetria de baixo custo, com os quesitos que a empresa parceira do projeto solicitou”, explicou. Mosar ressaltou que a importação de um barco batimétrico custaria em torno de R$ 400 mil.

Painel de pós-colheita

A terceira inovação do Polo Embrapii é um painel de pós-colheita para colhedoras de café com ajuste de vibração das hastes que colhem os grãos. Essa regulagem permite fazer ajustes personalizados para diferentes regiões de uma mesma planta, tanto para a colheita total dos frutos, quanto para a colheita seletiva dos secos e maduros.

Outra vantagem do painel é lembrada pelo professor Leandro. “O painel de pós-colheita é uma estrutura reta, que vibra as varetas numa intensidade adequada para colher o café sem muita desfolha do cafeeiro”, ressaltou.

Há outros quatro projetos em fase de desenvolvimento, mas que não podem ser divulgados para garantir as patentes. É o que afirmou o professor Leandro. Ele disse apenas que essas pesquisas resultarão em dois equipamentos inovadores para pós-colheita e secagem do café, um projeto na área de café expresso e outro para o monitoramento de pragas e doenças da lavoura cafeeira.

Máquina que descasca café a seco

Em 2019 foi liberada a primeira patente de um equipamento criado no Ifsuldeminas. Era uma máquina que permite descascar café sem uso de água. A invenção veio de uma parceria com uma empresa privada nos moldes da Embrapii. Porém, anterior à chegada do polo.

O coordenador da pesquisa e diretor-geral do campus Machado Carlos Henrique Reinato disse que os descascadores convencionais têm um custo elevado, geram um gasto de três a cinco litros de água por litro do grão processado e produzem resíduos líquidos dez vezes mais poluentes que o esgoto urbano.

“Aí está o diferencial do maquinário desenvolvido pelo Ifsuldeminas que, primeiro, reduz o gasto com a água, acaba com a poluição gerada e abre novas possibilidades para a agricultura familiar, com a diminuição dos custos e preservação da bebida, com sua valorização no mercado”, afirmou.

A Embrapii

O Ifsuldeminas é credenciado à Embrapii desde 2017 e está apto para receber solicitações de ideias de qualquer empresa interessada em inovar na cafeicultura.

“Basta procurar o polo e sem nenhuma burocracia já conversamos. Vamos fazer um trabalho para saber se essa ideia já existe, se ela é viável para a empresa que nos procurou e se atende os interesses do mercado. Ajudamos a desenvolver essa ideia e como ela será patenteada pela firma que a propôs”, detalhou Leandro.

Além de Machado, o Sul de Minas possui outra unidade da Embrapii. O outro polo de inovação fica no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) em Santa Rita do Sapucaí (MG). Nessa unidade são criados protótipos na área de comunicações digitais e radiofrequência.

Mais informações sobre os polos de inovação que estão espalhados por todo o país podem ser obtidas no site da instituição.

Reportagem publicada pelo G1/Sul de Minas



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