Postado em terça-feira, 28 de maio de 2013
às 12:26
Sinterama deixa de ampliar fábrica devido ao custo da energia
A empresa Sinterama, fabricante italiana de fios de poliéster, decidiu suspender a ampliação de sua fábrica em Alfenas. O motivo é alto custo da energia elétrica paga à Cemig.
Da Redação
A empresa Sinterama, fabricante italiana de fios de poliéster, decidiu suspender a ampliação de sua fábrica em Alfenas. O motivo é alto custo da energia elétrica paga à Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) que elevou a tarifa em abril, cortando um benefício às indústrias do setor têxtil, que havia sido concedido pelo governo federal.
De acordo com o diretor geral da Sinterama do Brasil, Marco Mascetti, em entrevista ao Estado de Minas, a empresa computou a elevação de até 60% no custo da energia fora do horário de ponta do consumo.
A Sinterama pretendia investir quase R$ 4 milhões em novos equipamentos que necessitam de energia, para ampliar a produção de fios de poliéster, o que abriria novos postos de trabalho. A empresa atua em oito países e, em 2002, instalou uma unidade em Alfenas.
Na avaliação de Mascetti, o reajuste feito pela Cemig na tarifa de energia é abusivo. Os custos de produção das fábricas mineiras foram elevados em 33%, percentual que não será possível repassar aos clientes. O reajuste direto nas tarifas, feito pela Cemig em abril, chega a 20% em alguns casos.
Pressão das indústrias
Segundo o Estado de Minas, a Cemig foi procurada por diversas empresas que se sentiram lesadas com o aumento das tarifas no começo de abril. Este aumento anulou o benefício da redução do custo do insumo, determinado em janeiro pelo governo federal.
A decisão tomada pela Sinterama de suspender investimentos é seguida por outras indústrias do setor têxtil em Minas Gerais. Em Paraguaçu, a Linhanyl, maior produtora de linhas de costura de náilon e poliéster para calçados e artigos de couro da América do Sul, revê o projeto de uma segunda fábrica mineira, pelo mesmo motivo.
Explicações
A Cemig reajustou os preços da energia elétrica em 2,9% em média, depois de uma autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O processo de revisão tarifária foi feito a partir de 8 de abril e, para alguns segmentos da indústria, o aumento chegou a 20%.
Durante o encontro anual Cemig-Apimec, realizado segunda-feira em Uberlândia, no Triângulo, representantes da concessionária aproveitaram para dar explicações sobre o reajuste das tarifas. O encontro reúne analistas do mercado de capitais e investidores. “As empresas precisam entender que o reajuste não parte da Cemig. Repassamos o que foi definido pela Aneel”, afirmou o presidente da Cemig, Djalma Morais.
O representante da Sinterama disse que, com o aumento, o custo da energia elétrica em Minas Gerais supera o da Itália, onde 80% da eletricidade depende das centrais térmicas, fonte mais cara que as hidrelétricas no Brasil. “Complicado explicar este fato aos investidores, que já desconfiam da política brasileira, que num dia anuncia uma coisa e no dia seguinte faz outra”, declarou à reportagem da jornalista Marta Vieira e publicada, na manhã desta terça-feira, pela edição online do Estado de Minas.
Outros setores
O alto custo da energia elétrica também atinge empresas de Alfenas, que atuam em outros segmentos. Durante a sessão legislativa de segunda-feira (27), o vereador José Carlos de Morais (Vardemá/PT) informou que a empresa Paramotos (fabricante de peças para motocicletas voltada ao mercado de reposição de plásticos e borrachas) teve que fazer recentemente um investimento de R$ 1 milhão em geradores de energia elétrica. A energia fornecida não seria suficiente para atender a demanda de produção e caso optasse pelo fornecimento da concessionária, de capital misto, o custo seria inviável.
Com informações: O Estado de Minas
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