Postado em terça-feira, 1 de novembro de 2011
Polêmica e insultos marcam o uso da tribuna livre
O uso da tribuna livre na sessão legislativa desta segunda-feira foi marcado pela polêmica e pelos insultos.
Alessandro Emergente
O uso da tribuna livre na sessão legislativa desta segunda-feira foi marcado pela polêmica e pelos insultos. O secretário-geral do PSB de Alfenas, Fábio Sôssur (Fô), usou a tribuna para se defender de um comentário feito pelo vereador Sander Simaglio (PV) na sessão anterior e saiu acusando o parlamentar de “hipócrita”.
Os ânimos ficaram exaltados por diversas vezes e os dois acabaram protagonizando um verdadeiro “bate-boca”. Em determinado momento, o presidente da Câmara Municipal, Vagner Moraes (Guinho/PT), chegou a dizer que os dois estavam perdendo. Mas enquanto Guinho falava, Sander e Fô continuavam a discussão ao mesmo tempo.
Sander acusou Fô de usar a tribuna para buscar “holofotes” por ser pré-candidato a vereador. “Acho ridículo este debate. Nós estamos diante da imprensa e isso dá visibilidade, dá holofotes e derrepente é isso que o senhor busca”, declarou.
Durante o uso da tribuna, Sander chegou a questionar Fô se ele seria candidato no ano que vem e recebeu como resposta que isso não era da conta dele.
Fábio Sôssur deixou a tribuna irritado chamando Sander de hipócrita após o vereador dizer que a Câmara não poderia financiar “esta baixaria”. “Baixaria é que você que faz. Estou aqui hoje por causa de sua hipocrisia”, reagiu o atual secretário e ex-presidente do PSB.
Inscrição
Segundo a pauta da reunião, Fô havia se inscrito na tribuna para falar sobre assunto de interesse do município e direito de resposta. Na semana passada, Sander chegou a citar o nome de Fô em plenário dizendo que quando ele era da oposição ele “metia o pau no PT”.
O comentário de Sander foi após Guinho citar uma frase bíblica que teria sido dita a ele por Fô. A frase teria servido para que o presidente da Câmara argumentasse favorável a uma emenda à Lei do “Ficha Limpa”, proposta por Sander.
Em sua defesa, Fô disse que nunca foi contra o Partido dos Trabalhadores e que sua oposição era ao então prefeito Pompilio Canavez (PT), hoje deputado estadual.
Ficha Limpa
Sobre o projeto que propõe a “Ficha Limpa” como condição para nomeação de servidores comissionados na prefeitura e na Câmara Municipal de Alfenas, Fô chamou Sander – autor da proposição – de “demagogo”. Disse que já há uma lei federal sobre o assunto.
Em resposta, Sander disse que Fô não conhecia o projeto apresentado na Câmara de Alfenas, uma vez que a proposição trata de cargos comissionados enquanto a lei federal restringe a cargos eletivos, ou seja a candidatos a cargos de vereador, prefeito, deputado, governador, senador e presidente da República.
Discussão
O que era para ser apenas uma exposição dos argumentos de Fô em resposta ao comentário de Sander na semana anterior virou uma discussão. Fábio Sôssur passou a fazer questionamentos a Sander.
Entre os questionamentos estava sobre o destino dos repasses a ONG MGA (Movimento Gay de Alfenas) que somam R$ 524,5 mil. O montante é originário das diversas esferas governamentais: federal, estadual e municipal.
Sander respondeu que as prestações de contas estão “todas em dia” e já enviadas ao Ministério Público, prefeitura e Câmara Municipal de Alfenas, Estado e União. Citou o vereador José Batista Neto (PMDB) que chegou a elogiar a prestação de contas da MGA sendo a única ONG a apresentar cópia de extrato, cópia de cheque, três orçamentos e o produto que se propôs a executar.
Denúncia
Sander disse que R$ 500 mil é o que uma outra ONG de Alfenas recebeu em um ano da prefeitura. ”O senhor mexe numa ferida que estava precisando mexer mesmo”, disse ao desafiar Fô a assumir o compromisso público de fiscalizar o uso de recursos públicos por outras ONGs da cidade.
“Como o senhor protocolou aqui na Câmara o pedido das minhas diárias, o senhor pode também protocolar o pedido dos repasses do dinheiro público a essas entidades”, disse Sander que em determinado momento citou nomes de ONGs como Fermento na Massa e Dias Melhores. “Tem ONGs que receberam e não prestaram contas”, declarou em outro momento.
Fotos: Alessandro Emergente

Fábio Sôssur (Fô) usou a ribuna após ser mencionado em plenário por Sander na semana passada
Fô também havia questionado sobre a academia de musculação direcionada ao público com aids que sofre com lipodistrofia. Sander respondeu dizendo que o MGA recebeu financiamento do Ministério da Saúde para custear a academia por 12 meses, porém não conseguiu renovar o convênio. Lembrou que o projeto foi assuntos em vários veículos de comunicação, entre eles o Alfenas Hoje.
O vereador, que é fundador do MGA, declarou que infelizmente a entidade não tem como bancar o projeto devido ao custo com profissionais especializados. Disse ainda que o Ministério da Saúde tentou sensibilizar a Unifal (Universidade Federal de Alfenas) e a prefeitura para que assumissem o custeio do projeto, mas não obteve êxito.
Sander pediu ao presidente da Câmara que assumisse o compromisso de não dar holofotes a “politicagens miúdas” restringindo o assunto na tribuna livre quando ocupado por futuros candidatos. “Esta câmara é maior que este debate pobre. Aqui não é igreja. Tem vir o cidadão independente de sua religião e ser respeitado na sua essência”, declarou.
Pressão
No final da reunião, Sander ainda voltou a falar sobre o assunto e tentou induzir a imprensa a não dar destaque ao assunto. “Eu quero ver qual é o papel da imprensa amanhã (...) Eu quero saber qual é a notícia que a imprensa vai dar da reunião de hoje onde ‘trocentros’ projetos deram entrada”, pressionou.

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