Projeto aprovado na Câmara institui Filosofia e Sociologia na rede pública de Alfenas

 Alessandro Emergente

Um projeto de lei, aprovado essa semana pela Câmara Municipal de Alfenas, institui a obrigatoriedade do ensino de Filosofia e de Sociologia no ensino fundamental da rede pública do município. A proposta ainda cria uma Olímpiada Municipal com o conteúdo dos dois componentes curriculares.

O projeto foi aprovado, em duas sessões, por decisão unânime dos vereadores e agora segue para sanção do prefeito Luiz Antônio da Silva (Luizinho/PT), autor da proposição enviada ao Legislativo no final de janeiro.

Pelo texto aprovado, o ensino de Filosofia e de Sociologia, já o obrigatório no ensino médio desde 2008, passará a integrar o currículo do ensino fundamental na rede pública de Alfenas. Na rede particular, as duas disciplinas já são oferecidas no ensino fundamental de algumas escolas.

Pioneirismo

Cidades como Sobral (CE), Belém (PA) e Cariacica (ES) já garantiram em lei o direito dos estudantes em aprender a Sociologia e a Filosofia no ensino fundamental, porém Alfenas será pioneira ao instituir, na mesma lei, a Olímpiada Municipal. “"É uma forma de tornar a aprendizagem mais dinâmica e interessante", observa o professor de Ciências Sociais da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), Elias Evangelista Gomes, idealizador do projeto em Alfenas.

Os componentes curriculares não estarão limitados ao ensino regular e também serão incluídos na grade curricular da Educação para Jovens e Adultos (EJA).

Ganhos na formação

Para o professor da Unifal, as duas áreas de conhecimento poderão contribuir para que o cidadão possa analisar o seu cotidiano e tomar as melhores decisões. "A Sociologia estuda a realidade social, econômica, cultural, política, dentre outros aspectos sociais. A Filosofia forma o raciocínio lógico, a reflexão crítica e as práticas da ética”, explica.

No ano passado, Gomes encaminhou um anteprojeto ao gabinete da vereadora Tani Rose (PT), que compõe a Comissão Especial de Educação e integra a base do governo na Câmara, sugerindo a instituição de Filosofia e Sociologia no ensino fundamental. A sugestão foi acatada e a parlamentar encaminhou uma indicação ao governo para que apresentasse o projeto. Por ser matéria que gera impacto orçamentário, a proposição teria que ser apresentada pelo Poder Executivo, ordenador das despesas.

O professor da Unifal também destaca o potencial interdisciplinar ao incluir a Sociologia e a Filosofia na grade curricular do ensino fundamental. Ele cita, como exemplo, a possibilidade da parceria com o ensino de Língua Portuguesa e Matemática, auxiliando na escrita, na interpretação de textos e na resolução de problemas matemáticos. “Há uma infinidade de formas de colaboração com as demais disciplinas escolares”, comenta.

Foto: Getty Images/Reprodução