Postado em domingo, 9 de junho de 2019 às 11:11

Contato com a direção da Havan gera atritos internos no governo

Uma nota oficial divulgada pela Prefeitura de Alfenas diz que há boatos maldosos sendo publicados nas redes sociais.


Alessandro Emergente

Uma nota, divulgada pela Prefeitura de Alfenas, evidencia atritos entre integrantes do atual governo. O caso refere-se a uma tentativa de negociação com a direção da Havan, rede varejista com sede em Santa Catarina.

Na nota, divulgada no perfil oficial da Prefeitura de Alfenas no Facebook, o governo diz ser absurda uma tentativa de “fofoca” de que ideologia política estaria influenciando numa decisão administrativa em relação a negociação.

Ainda de acordo com a nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (o nome da Pasta não é citado no comunicado) solicitou diárias para três pessoas irem até a sede da empresa. No entanto, a administração limitou a viagem a uma pessoa, o que, no entendimento do governo, é “mais que suficiente para fazer o contato”.

Limite de diárias

A limitação do número de pessoas na viagem, segundo o governo, gerou distorções e “fake news maldosos” nas redes sociais. “Lamentamos boatos de má fé sobre um assunto tão sério”, diz a nota.

O governo enfatizou, ao comentar a nota em resposta a internautas, que não há nenhuma confirmação da vinda da empresa para Alfenas e que se tratou apenas de uma tentativa. Diz ainda que não há nenhum impedimento ideológico no contato com a empresa como consta em “fake news” (notícias falsas) que circulam nas redes sociais e que a nota teve como objetivo esclarecer o caso a população.

Origem

A nota (leia na sequência), divulgada no final da manhã de sábado (8), não faz menção direta remetendo ao autor das postagens classificadas como maldosas. Entretanto, na noite anterior, Itamar Silva, que integra a equipe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e que participaria da viagem, postou fortes críticas ao governo em relação ao caso.



Silva acusa membros do governo de prejudicarem as negociações com a Havan para apresentar a empresa uma proposta para instalação de uma filial em Alfenas. Ele aponta contornos ideológicos na decisão administrativa.

“Após meses de negociação, finalmente nós responsáveis pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico conseguimos convencer a diretoria da rede de lojas da Havan à nós ouvir, passamos dias preparando material com todo o cuidado com objetivo de ‘vender’ Alfenas para mais uma mega empresa, estava tudo certo para o grande dia, o dia em que iriamos nos reunir com um dos mais bem sucedido empreendedor brasileiro”, diz a postagem, que havia sido compartilhada 111 vezes até o final da manhã de domingo, quando essa reportagem foi publicada.

A Havan Lojas de Departamentos é uma empresa brasileira do setor varejista, cuja matriz está instalada em Brusque (SC). Fundada na década de 1980, a empresa tem hoje 123 filiais em vários estados brasileiros.

Histórico de polêmicas

O proprietário e co-fundador da empresa, Luciano Hang, é conhecido por se envolver em polêmicas e de forte envolvimento político partidário. Em novembro do ano passado, o Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT- SC) entrou com nova ação civil pública contra as lojas Havan, onde pede indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 25 milhões e por danos morais individuais (R$ 5 mil para cada um dos 15 mil trabalhadores da rede).

Segundo o MPT, foi comprovado que a empresa realizava "pesquisa eleitoral com identificação dos seus empregados e praticava assédio moral com fins de interferir no livre exercício do direito de voto nas eleições de 2018". Durante a campanha eleitoral, Hang pediu que seus funcionários votassem no então candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL). Em um vídeo publicado na rede interna da loja, o empresário afirmava: "se a esquerda ganhar fechará lojas e demitirá empregados".

Hang também promoveu um "ato cívico" transmitido ao vivo pelo Facebook, com a participação de funcionários, no qual voltou a pedir voto para Bolsonaro. Em abril deste ano, o empresário divulgou nas redes sociais um vídeo cantando parabéns pelo primeiro ano do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão. O vídeo foi impulsionado nas redes sociais e em aplicativos como Parallel Space.

Na semana passada, o empresário voltou a polemizar, desta vez atacando o jornalista esportivo Flávio Gomes, da Sport TV. Ele foi citado no programa Fox Sports Rádio, durante uma discussão, e decidiu atacar o jornalista, no twitter, num tom partidário: "Ele [Gomes], que é um ´esquerdinha´ recalcado, disse que os times patrocinados pela Havan, Athletico Paranaense e Chapecoense, deveriam cair de divisão. Ainda, para terminar, disse que considera Lula uma pessoa boa".



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