Postado em quinta-feira, 5 de abril de 2018 às 16:11

Marta: "Sem Copa América, não tem Olimpíada e Mundial"

Brasil estreia nesta quinta-feira, contra a Argentina, em torneio que vale vaga nas principais competições. Camisa 10 da Seleção ressalta caráter decisivo da disputa no Chile...


 A seleção feminina estreia nesta quinta-feira, às 19h (de Brasília), diante da Argentina, na Copa América, no Estádio Coquimbo, no Chile, com o seu trio de estrelas novamente presente - o jogo terá transmissão ao vivo no SporTV 3. Marta, Cristiane e Formiga se unem às outras 19 atletas em busca do título, que vale a classificação à Copa do Mundo de 2019, na França, Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, e Pan 2019, em Lima. Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, Marta ressaltou a importância da volta de suas companheiras, que haviam se aposentado da camisa canarinho – a jogadora do PSG em dezembro de 2016 e a atacante do Changchun Zhuoyue, da China, em setembro de 2017.

A camisa 10 garantiu que elas sentem que ainda têm muito a dar ao time e construir um novo ciclo competitivo para a equipe, que se encerrará na metade de 2020 com a Olimpíada. A cinco vezes melhor do mundo também fez questão de alertar para o caráter decisivo da disputa que ocorre em terras chilenas até 22 de abril:



“O trabalho começa agora porque sem Copa América não tem Olimpíada, não tem Mundial”.

- A gente sente que ainda há muita coisa para fazer e a gente quer estar junto eu, Cristiane, Formiga, junto no dia a dia construindo um grupo forte competitivo nesse novo ciclo. E isso começa na Copa América e por mais que mais as pessoas não deem importância a essa competição, o trabalho começa agora porque sem Copa América não tem Olimpíada, não tem Mundial. Vamos colher o fruto mais lá na frente. O clima está muito bom no grupo e isso queremos levar para o Chile e voltar para os nossos clubes com a vaga – disse Marta.

Na competição, o Brasil tem ampla vantagem. Das sete edições, venceu seis vezes e perdeu apenas em uma oportunidade, em 2006, para a Argentina, rival da estreia. A facilidade obtida pela Seleção no torneio não faz com que Marta tire a importância. Para ela, o papel do Brasil não está somente em assegurar o troféu, mas também em incentivar, levando suas principais jogadoras, a que as confederações sul-americanas apoiem cada vez mais o desenvolvimento do futebol feminino.

- Eu acho que é difícil falar das seleções porque temos poucos material. É uma competição curta e todas sonham com vaga. A terceira vaga de repescagem. Vai ser um jogo da vida das seleções que vão jogar contra a gente. Nos dois jogos contra o Chile, por mais que tenhamos vencido, vimos um crescimento delas. Sem a bola, elas estão bem e a gente não via isso antigamente. Estão bem postadas. As equipes vão evoluindo e abrilhanta mais o espetáculo. O trabalho com o futebol feminino vai crescendo. Não quero falar de uma ou duas quero falar do cenário. Há anos atrás íamos lá e ganhávamos de goleada. A maioria das vezes não iam nem todas as atletas. Agora não temos mais essa facilidade maior e é legal pra gente. Levar nosso grupo todo e incentivar que outras confederações apoiem o futebol feminino – declarou.


O momento atual de reunião em torno da busca pelo título da Copa América não teve um percurso tranquilo. Foram dias de ebulição em torno da seleção brasileira, críticas até mesmo contra Marta. Passado o momento de turbulência, a cinco vezes melhor do mundo avalia o que ficou de lição daquele momento. Acredita que a troca frequente de técnicos não é a solução para o feminino como no masculino, algo que acabou ocorrendo com a saída Vadão após a Olimpíada e depois a demissão de Emily em setembro de 2017. A jogadora acrescenta ainda que muito foi dito por pessoas que não conheciam o dia a dia do grupo:

“Fui criticada por um lado e por outro, mas quem estava no dia a dia sabe que eu agi como sempre agi”.

- Ficaram muitas coisas ditas pelo não dito. Por parte de pessoas que não estavam no nosso dia a dia. Começaram a polemizar a situação. Sempre bati na tecla antes mesmo do Vadão ir embora. Não tem como comparar masculino e feminino de perder um dos quatro jogos e mandar embora. Até porque as opções no feminino são bem menores. No masculino, tem milhões de atletas para fazer observação e trocar atletas, formar até 10 seleções diferentes. Eu não fui a favor da troca de Emily e não fui a favor da saída do Vadão antes porque tinha uma evolução e ele estava aplicando algo diferente. Fui criticada por um lado e por outro, mas quem estava no dia a dia sabe que eu agi como sempre agi.

Eleita pela ESPN americana como uma das 20 atletas mais dominantes do planeta entre homens e mulheres, Marta diz que são esses detalhes na carreira que dão o gostinho de que sempre vale à pena dar o melhor em campo. E dar o melhor em campo é o que ela pretende fazer por mais algum tempo, mas, dessa vez, sem projetar um final para isso. Logo depois das Olimpíadas, chegou a dizer que atuaria por mais um ciclo. Decidiu abandonar essa contagem e estabelecer que irá até onde seu corpo aguentar, vivendo o momento sem colocar metas.

- Eu já fiz várias especulações de que eu iria parar em 2, 3 anos e passou a Olimpíada e eu continuei. Parei com essa questão. Vivo o momento e talvez não esteja no Mundial por não estar no meu melhor momento e haja outras atletas melhores e vou aceitar na boa. Não vou colocar metas. Vou até onde meu corpo aguentar – garantiu.

A seleção brasileira feminina está no Grupo B da Copa América. Depois da estreia diante da Argentina, o segundo jogo será diante do Equador, dia 7 de abril, seguindo com os confrontos diante da Venezuela, dia 11, e Bolívia, dia 13, pela primeira fase da competição. A disputa dá duas vagas na Copa do Mundo da França, em 2019, – o terceiro lugar disputará a repescagem com a Concacaf –, duas vagas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, e quatro vagas nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019.



Fonte: Globoesporte



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