Postado em sábado, 13 de janeiro de 2018
às 09:25
Os 60 anos de Cazuza geram "Caju", disco dedicado por Quintanilha à obra do artista
Para o Brasil, o cantor e compositor carioca Agenor de Miranda Araújo Neto (4 de abril de 1958 – 7 de julho de 1990) foi a partir de 1982 o Cazuza, um dos artistas mais importantes dos anos 1980, dono de obra que adensou o cancioneiro pop daquela década com doses de poesia em carne viva e de crítica social. Para os amigos, Cazuza foi também o Caju, apelido pelo qual o artista era chamado no círculo íntimo de afetos. Por isso, Caju é o título do (bom) álbum que o cantor, compositor e músico paulistano Marcelo Quintanilha lança em 19 de janeiro, em edição da gravadora Deck.
O disco Caju – Canções de Cazuza é o primeiro projeto alusivo aos 60 anos de nascimento de Cazuza, festejados em 4 de abril deste ano novo de 2018. O sabor mais acentuado de Caju reside nos arranjos criados por Quintanilha com o maestro Rodrigo Petreca para tentar renovar um cancioneiro já bem formatado pelas gravações originais do próprio Cazuza e do grupo Barão Vermelho. Blues da piedade (Roberto Frejat e Cazuza, 1988) ganha coro de tonalidade gospel. Pro dia nascer feliz (Roberto Frejat e Cazuza, 1983) cai no suingue com toque folk-country-R&B que suaviza o apelo sensual do tema de inspiração pop e roqueira.
O disco Caju tem o mérito de jamais cair na vala comum do cover. Azul e amarelo (Lobão, Cazuza e Cartola, 1989) tem as cores do lirismo realçadas por interpretação precisa de Quintanilha, em clima quase seresteiro. Um trem para as estrelas (Gilberto Gil e Cazuza, 1987) corre bem em trilho funkeado e em andamento cheio de balanço percussivo que faz a abordagem do tema sobressair entre as 11 regravações alocadas entre as 12 faixas do álbum Caju.
A música-título, Caju, é a única composição inédita do disco. Foi composta por Quintanilha para saudar o artista cuja obra revive neste disco que dilui a intensidade de Exagerado (Leoni, Cazuza e Ezequiel Neves, 1985), ameniza a bossa de Faz parte do meu show (Renato Ladeira e Cazuza, 1988) e cai no samba Brasil (George Israel, Nilo Romero e Cazuza, 1988) sem afiar a lâmina crítica da composição gravada por Marcelo em dueto com a filha Nina Quintanilha.
Preciso dizer que te amo (Cazuza, Dé Palmeira e Bebel Gilberto, 1986), Codinome beija-flor (Reinaldo Arias, Cazuza e Ezequiel Neves, 1985) – em registro idealizado para dar ar de valsa à balada do primeiro álbum solo do Exagerado – e Ideologia (Roberto Frejat e Cazuza, 1988) completam o repertório de Caju, disco que reafirma a contundência do cancioneiro de compositor fundamental na história da música brasileira.
Fonte: G1 MUSICA