Postado em sexta-feira, 4 de junho de 2010
Mais um Robin Hood, desta vez de Ridley Scott
Diretor insere o personagem em contexto histórico e deixa expectativa para uma continuação.
Erick Vizoki
Especial para o Alfenas Hoje
Robin Hood é um daqueles personagens que ficam no imaginário popular e acabam recebendo as mais variadas interpretações e adaptações até mesmo no cotidiano de muita gente. A lenda do habilidoso arqueiro que roubava dos ricos para dar aos pobres, criada no século XIII, que vivia na floresta de Sherwood, no então condado de Notthingam e nos tempos do rei Ricardo Coração de Leão, até hoje é influência e motivo de justificativa até para péssimas atitudes (como tirar algo de alguém só porque ele tem sobrando...).
O filme entrou em cartaz na quinta-feira, inaugurando a nova sala de cinema do Cine Art Café, de Alfenas. Confira a programação completa da semana.
O Robin Hood das telas já foi uma raposa em animação da Disney, um gângster de Chicago vivido por Frank Sinatra, uma moça (!), uma criança japonesa (!!) e até um ladrão que vivia no espaço (!!!), numa série animada da criativa (e com tempo de sobra) dupla Hanna-Barbera.
>>Assita ao trailer de Robin Hood
Agora a lenda do arqueiro mais famoso de todos os tempos volta às telas de cinema na pele do ator neozelandês Russel Crowe, em sua quinta parceria com o diretor inglês Ridley Scott. Tanto ator como o diretor têm uma respeitável folha de serviços em Hollywood.
O primeiro já abocanhou um Oscar de Melhor Ator por Gladiador (2000) e foi indicado por mais dois papéis em O Informante (1999) e Uma Mente Brilhante (2001). O segundo é responsável por produções marcantes, entre elas Alien, O Oitavo Passageiro (1979) e o cult Blade Runner, O caçador de Androides (1982), além de Thelma e Louise (1991), 1942 – A Conquista do Paraíso (1992), Gladiador (2000), e Hannibal (2001), entre outros.
Fotos: Divulgação
Cenas do filme que inaugurou a nova sala do Cine Art Café, em Alfenas
O filme conta também com nomes como Cate Blanchett, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em O Aviador (2005), e do sempre ótimo Max von Sydow, no papel de Sir Walter Loxley, uma de suas melhores atuações em muitos anos.
Como não podia deixar ser, Ridley Scott privilegia as (ótimas) cenas de ação e a direção de atores, mas também faz questão de impor sua marca. Assim como em Gladiador, o diretor se vale do contexto histórico para contar uma história possível, apesar de ser uma lenda.
Em Robin Hood (Robin Hood, EUA/Reino Unido, 2010), Robin Longstride (Crowe) é um arqueiro no exército do rei Ricardo Coração de Leão. Um acaso o coloca de posse da coroa do rei morto e da espada de um de seus cavaleiros, Robert Loxley, que ele promete devolver ao pai deste, Walter (Max von Sydow).
A devolução de uma espada valiosa, que poderia muito bem ter guardado para si, fará com que Robin se veja numa situação singular: a pedido de Walter Loxley, vai se passar por seu filho e, portanto, também por marido da viúva de Robert Loxley, Lady Marian (Blanchett). Ali, Robin descobre sua própria história e, com a ajuda de Loxley, relembra a morte prematura de seu pai. A descoberta da trágica história de sua família faz surgir os primeiros lampejos do que viria a ser o mito.
Entretanto, esqueçam o Robin Hood da Dsney e de Errol Flynn, aquele simpático e “honesto” ladrão vestido de verde ao lado de seus alegres companheiros João Pequeno e Frei Tuck, às voltas com pequenos roubos na floresta de Sherwood. O personagem interpretado por Russel Crowe é inserido meio que na realidade de uma Inglaterra da Idade Média miserável, saqueada por um monarca ambicioso e influenciável, o Príncipe João Sem Nome, que cobra impostos imorais e que sofre por causa da corrupção de um xerife tirânico.
Nesse contexto, o diretor insere o personagem fictício em fatos reais: Robin terá papel decisivo na derrota de uma força francesa que chega por mar, um episódio que realmente aconteceu no fim do século XII e no qual, é óbvio, o arqueiro jamais teve alguma participação.
Percebemos, então, que o Robin Hood de Ridley Scott não tem muito a ver com os outros “Robins” fartamente explorados nas telas (apesar de algumas “bizarrices”, conforme relação abaixo). Nesta produção, o personagem ainda não é o famoso ladrão. Mas o filme termina no exato momento em que ele se torna um fora da lei e finalmente começa a criar seu grupo de “alegres camaradas”.
Fica clara a brecha para uma continuação, que pode acontecer ou não. Isso deve depender da resposta do público. Nesse caso, o diretor já tem preparado para Robin outra interferência na história dos ingleses: o ladrão de Nottingham é quem forçará o rei João a assinar a Magna Carta, o que na verdade ele fez, em 1215, para aplacar uma nação à beira da guerra civil.
Confira os vários Robin Hood
- Robin Hood and His Merry Men (1908)
Primeira aparição do rei dos ladrões nas telas, hoje é considerado um filme perdido.
- Robin Hood (1922)
Filme mudo estrelado por Douglas Fairbanks, foi uma das produções mais caras da década de 20. O primeiro filme a apresentar o arqueiro como o conhecemos hoje.
- The Adventures of Robin Hood (1938) As Aventuras de Robin Hood, estrelada por Errol Flynn, é uma das mais conhecidas adaptações do rei dos ladrões. Recebeu 3 Oscars (Melhor Direção de Arte, Montagem e Trilha Sonora Original), além de ter sido indicado ao prêmio de Melhor Filme.
- The Story of Robin Hood and His Merrie Men (1952)
Walt Disney não podia ficar de fora e, em 1952, lançou a primeira versão Disney sobre o rei dos ladrões, um musical estrelado por Richard Todd.
- Robin and the 7 Hoods (1964)
A primeira adaptação de Robin Hood fora de seu contexto lendário, o (anti) herói agora está na Chicago da década de 30 e é interpretado por Frank Sinistra. Gangues de rua, gansters e violência. Obviamente, trata-se de um musical.
- Rocket Robin Hood (1966-1969)
Provavelmente a maior bizarrice com a grife Robin Hood. Uma série animada canadense em que Robin Hood vive no espaço sideral. E ele se chama isso mesmo: Rocket Robin Hood.
- Robin Hood (1973)
A adaptação mais conhecida da lenda britânica, a animação da Disney marcou a infância de muita gente e popularizou definitivamente o personagem no mundo todo. Foi o segundo longa animado feito depois da morte de Walt Disney, no periacute;odo de menor criatividade da história do estúdio. O filme sofreu com um orçamento muito baixo, o que obrigou os animadores usarem cenas já existentes de outros clássicos Disney para compor algumas sequências de Robin Hood.
- Young Robin Hood (1991-1992) Série animada produzida pela dupla Hanna-Barbera. Não é muito conhecida nem muito boa, mas vale o registro.
- Robin Hood no Daibôken (1990-1992)
Outra esquisitice da relação: um anime (animação japonesa) sobre o rei dos ladrões! A série possui 52 episódios e apresentava Robin como uma criança.
- Robin Hood: Prince of Thieves (1991) Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões, estrelado por Kevin Costner, é um daqueles ame ou odeie. O filme fez bom sucesso de público, mas não agradou muito a crítica. Entre os méritos estão as ótimas atuações de Morgan Freeman e Alan Rickman e pela famosa sequência da câmera na flecha.
- Robin Hood (1991) Concorrente de baixo orçamento do blockbuster citado acima, essa adaptação não é muito conhecida, mas vale ser lembrada. Conta com Patrick Bergin e Uma Thurman (!) no elenco e mostra uma história um pouco mais realista da lenda de Robin Hood.
- The New Adventures of Robin Hood (1997-1998)
Série contemporânea e nos mesmos moldes de Hércules: A Lendária Jornada e Xena: A Princesa Guerreira. Teve 52 episódios, dois atores interpretando o protagonista e não conseguiu tanto reconhecimento.
- Princess of Thieves (2001)
Filme para TV que trazia Robin Hood como uma garota, interpretada por Keira Knightley, muito antes de se tornar pirata e conhecer Jack Sparrow.
- Robin Hood (2010) E finalmente, os parceiros de Gladiador se juntam novamente para trazer uma "nova" história de Robin Hood para as telas.
Fonte: Blog Isto Era
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