Postado em segunda-feira, 26 de abril de 2021
às 22:10
Livro apresenta histórias de vida de mulheres guerreiras
A obra organizada pela professora da Unifal reúne 22 capítulos escritos por 38 pesquisadoras e pesquisadores de várias universidades.
Da Redação
Narrativas autobiográficas que emocionam, surpreendem e transformam. Esta é a tônica do novo livro organizado pela pesquisadora Marta Gouveia Oliveira Rovai, professora do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), que traz histórias de vida de mulheres guerreiras de diferentes lugares, raças, gêneros, militâncias políticas, gerações e posição social.
Intitulada “Escutas sensíveis, vozes potentes: diálogos com mulheres que nos transformam”, o título da obra procura sintetizar a riqueza do conteúdo apresentado ao longo de 480 páginas.
O livro reúne 22 capítulos escritos por 38 pesquisadoras e pesquisadores convidados de diferentes universidades. “Os capítulos foram agrupados em cinco partes intituladas a partir de expressões poéticas de Conceição Evaristo, Eli Odara, Cecília Meireles, Graça Graúna e Cora Coralina. As pesquisadoras e pesquisadores foram convidados como reconhecimento da qualidade de seu trabalho em comunidades de diferentes lugares no país”, enfatiza a organizadora.
“Cada vida possui muitos atravessamentos e muitos pertencimentos que apenas elas [narradoras] podem apontar. Eu convidaria todos e todas a lerem cada uma das histórias e perceberem a potência que cada narrativa de si traz. São vozes potentes e plurais”, afirma a professora Marta Rovai, organizadora da obra. (Foto: Arquivo Pessoal/Marta Rovai)
“Cada pesquisadora ou pesquisador trouxe a narrativa a partir de seus estudos e dos impactos públicos dessas experiências no processo de construção e circulação de seus temas”, conta.
Um dos destaques do livro é que não houve a proposta de coletar experiências das mulheres, uma vez que elas não são tratadas como objetos ou fontes, mas sujeitas pensantes e narradoras de suas próprias histórias.
“Seus relatos que trazem conhecimentos subjetivos e coletivos, que são reelaborados a partir das negociações proporcionadas pela história oral e pela análise com os instrumentos das ciências humanas. A maioria teve seu nome publicizado por escolha delas e pela ideia de uma história pública que valorize e tire suas vivências do silêncio histórico e do anonimato pelo compartilhamento. Há casos de nomes ficitícios, frutos de negociação com os comitês de ética de cada instituição e com as próprias narradoras”, detalha Marta.
No livro é possível encontrar histórias como de uma prostituta, uma mulher trans negra, uma ex-guerrilheira, uma presidiária, uma Ialorixá, uma freira, uma professora rural, uma historiadora, uma quilombola, uma indígena, uma congadeira, uma marisqueira, uma plantadora de erva-mate, uma vendedora de pequi, uma militante do MST, uma estudante do Educação para Jovens e Adultos (EJA) e de uma dona de casa.
A parte final traz cinco histórias de mulheres cuja militância está associada à maternidade. “São mães de filhos e filhas LGBTQIA+ e mães em luto, que perderam seus entes queridos para a violência do Estado ou para o feminicídio”, acrescenta.
“Veja que apontei apenas uma característica de cada mulher, mas sem torná-la uma identidade única e fixa. Cada vida possui muitos atravessamentos e muitos pertencimentos que apenas elas podem apontar. Eu convidaria todos e todas a lerem cada uma das histórias e perceberem a potência que cada narrativa de si traz. São vozes potentes e plurais”, salienta a organizadora da obra.
Publicado pela Editora Cancioneiro, do Piauí, o livro foi lançado durante a “Semana das Mulheres: diversidades, lutas e resistências”, realizada pelo Núcleo de Atenção à Mulher (NAM), vinculado ao Departamento de Direitos Humanos da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace) entre os dias 15 e 19 de março.
De acordo com relato da professora Marta, durante o evento, uma das mesas temáticas, que contou com a participação da própria organizadora e da professora Lívia Monteiro (UNIFAL-MG), da professora Paula Sampaio (UFR), e da prefaciadora do livro, professora Maria Carvalho (UFAC). “A fala delas na mesa manteve referências e diálogos com algumas temáticas do livro e a de(s)colonização do conhecimento sobre as mulheres, um conceito também colonizado”, compartilhou.
Quem tiver interesse em adquirir, pode entrar em contato com a organizadora pelo e-mail martarovai88@gmail.com ou diretamente pela Editora Cancioneiro.
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