Postado em quinta-feira, 13 de junho de 2024 às 15:03

Pacientes, que estavam em clínica investigada por tortura, foram transferidos para a Clínica do Bagé

Vinte e sete pacientes haviam sido levados para Machado, onde ficaram uma semana.


 Alessandro Emergente

Parte dos pacientes, que haviam sido transferidos da Clínica do Proesc para um centro de terapêutico de Machado, foram encaminhados para Alfenas, dessa vez internados em situação emergencial na Clínicaneuropsiquiátrica (conhecido popularmente como Hospital do Bagé), localizada no bairro Vista Grande.

A transferência ocorreu em situação emergencial após uma operação policial no último dia 6, com acompanhamento do Ministério Público (MP) culminar com a prisão de cinco pessoas de um centro terapêutico em Machado. O local é investigado pelo MP pelos crimes de tortura, tráfico de entorpecentes, maus-tratos, sequestro, cárcere privado e organização criminosa. 

Uma semana antes da operação policial em Machado, foram cumpridos mandados judiciais de busca e apreensão em uma clínica, localizada em Fama, que recebia pacientes de Alfenas e recursos do Fundo Municipal de Saúde. A suspeita é que tenha ocorrido desvios de recursos públicos, ultrapassando a quantia de R$ 15 milhões. 

Devido a investigação de um suposto esquema de corrupção envolvendo o Proesc, os pacientes foram transferidos, no último dia 31, para duas clínica da região, que estavam credenciadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Uma delas era o centro terapêutico de Machado.

Caráter emergencial

De acordo com o secretário de Saúde de Alfenas, Túlio Lima da Silva, a gestão da saúde em Alfenas foi surpreendida com a situação envolvendo a clínica de Machado e realizou a transferência, em caráter de urgência, para a Clínica Neuropsiquiátrica de Alfenas (Hospital do Bagé). Segundo o secretário, a unidade de Alfenas atende as condições legais para o recebimento dos pacientes.

Em 2007, a Clínica Neuropsiquiátrica de Alfenas havia sido descredenciada pelo SUS por não atingir, na época, a pontuação mínima exigida durante auditórias anuais com base no Programa Nacional de Avaliação dos Hospitais Psiquiátricos (Pnash). 

O secretário de Saúde informou à reportagem do Alfenas Hoje, na última sexta-feira, que 27 pacientes haviam sido transferidos do Proesc (clínica localizada em Fama e que também é alvo de investigações do MP) para Machado. Desses 27, nem todos foram levados para a Clínica Neuropsiquiátrica de Alfenas. Isso porque alguns pacientes, que eram classificados como internações voluntárias, foram reintegrados às famílias e recebem acompanhamento Centro de Atenção Psicossocial (Caps).

Ainda segundo o secretário, os profissionais do Caps estão realizando uma avaliação dos pacientes que estavam em Machado e podem ter sido vítimas de maus-tratos e até de tortura, conforme investigação do MP.

Outros seis pacientes, que estavam no Proesc e não foram levados para Machado, estão em Andradas, onde está localizada a o centro terapêutico Caverna de Adulão. No total, de acordo com Silva, estavam internados no Proesc cerca de 76 pacientes, mas parte deles, que eram situações voluntárias, foram acolhidos pelas famílias e passaram a ser acompanhados pelo Caps.

Nova política pública

O secretário de Saúde de Alfenas disse que um novo projeto de lei deve ser encaminhado à Câmara Municipal para estabelecer novas diretrizes da política de referência municipal para tratamento de pacientes com dependência química. A minuta do projeto já está pronta e, segundo ele,caso seja aprovada deve criar uma nova carteira de serviços.

A partir dessas diretrizes, a municipalidade fará os novos encaminhamentos relacionados aos pacientes que se enquadram nas condições de dependência química.



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