Postado em segunda-feira, 4 de setembro de 2023
às 01:01
Atualizada em segunda-feira, 4 de setembro de 2023
às 22:34
Homens e mulheres têm percepções diferentes sobre problemas de Alfenas, revela pesquisa
Principais problemas são vivenciados e sentidos de forma diferente por homens e mulheres, é o que aponta pesquisa da Unifal.
Se a violência foi o principal problema para os homens, a saúde era o que mais preocupava as mulheres. Foi bastante destacada a diferença das percepções apresentadas por homens e mulheres acerca do principal problema do município. Essa conclusão foi feita pelo pelo projeto de extensão “A Imaginação Sociológica e o Sul de Minas”, do curso de Ciências Sociais da Unifal (Universidade Federal de Alfenas).
O gráfico abaixo indica que as questões de saúde (26,4%) foram a principal preocupação para as mulheres. Já para os homens, a violência (28%), seguida pelo desemprego (23,2%), eram os causadores de preocupações.
De acordo com essas indicações, alguns elementos podem ser apresentados para discutir as diferenças. O cuidado das mulheres com os demais membros familiares, as coloca mais próximas aos serviços de atendimento e também à vida das demais pessoas da casa onde vivem.
Para os homens, ainda permanece a questão do sustento como seu dever, o que pode indicar maior preocupação com o desemprego, mas também com a violência, que foi o problema mais destacado por eles.
As transformações sociais em relação às formas de vida de homens e mulheres têm produzido novas forma de organização das famílias e das inserções com os demais aspectos da vida como trabalho, lazer e direitos e deveres.
O gráfico abaixo indica a quantidade de cada problema citado pelos 250 entrevistados no município de Alfenas.
Em termos de percentual, foi dessa maneira:
Violência - 22,8%;
Desemprego - 20,8%;
Saúde - 18,8;
Não tem problema - 8,0%;
Políticos - 4,8;
Custo de vida alto - 4,4%;
Ausência de planejamento - 4,0%;
Drogas/tráfico - 4,0;
Mobilidade urbana - 3,2;
Obras - 2,8;
Saneamento básico - 2,8%;
Educação - 1,2%.
Os dados analisados são da Pesquisa Identidade Sul-mineira, realizada pela Unifal, que entrevistou 1320 moradores em 20 municípios do Sul de entre maio e junho do ano passado. Alfenas e Poços apresentaram a violência como principais problemas, mas para o Sul de Minas e Varginha o desemprego é mais sentido.
Há, também, diferenças entre outros segmentos populacionais, como:
a) a violência foi o problema para quase 31% dos entrevistados entre 35 e 44 anos; a saúde, como para as mulheres, é a maior preocupação dentre os que tem mais de 60 anos, 25%;
b) mais de 31% com ensino médio e mais de 26% com ensino superior apontaram a violência como principal problema, e quase 30% dos que não têm instrução indicaram a saúde como maior problema;
c) a violência preocupava mais aqueles que ganhavam entre cinco e dez salários mínimos, 32,5%, já a saúde era o principal problema para quase 26% dos que ganhavam até dois salários mínimos;
d) violência, 23,4%, e desemprego, 21,3%, foram mais destacados por moradores da zona urbana, e a saúde, 33,3%, por moradores da zona rural;
e) os pretos indicaram preocupação com o desemprego de forma mais acentuada, 33,3%, já para os brancos a violência foi mais destacada, 28,5%.
Todas essas diferentes percepções são importantes a serem melhor analisadas e discutidas. Para tanto, é preciso analises e reflexões sociológicas que relacionem, por meio da identificação de categorias com as citadas acima (sexo, renda, local de moradia, faixa etária, escolaridade, raça/cor) de forma a compreender como membros de diversos grupos sociais são afetados de forma e em grau diferente pelos principais problemas sociais, e como os identificam de acordo com suas necessidades, visões de mundo e posições que ocupam em diversos setores da vida como família, trabalho, vizinhança, movimentos sociais (políticos, profissionais, esportivos, etc.).
Além disso, cabe destacar a necessidade de o poder público traçar estratégias, por meio de polípticas públicas específicas, que visem atender às necessidades apresentadas pelos cidadãos.
Essa matéria foi elaborada pelo professor Marcelo Conceição com a colaboração da estudante Alessa Lopes, do curso de bacharelado de Ciências Sociais. A informação sobre a autoria da matéria foi corrigida. Os estudos são desenvolvidos no projeto de extensão “A imaginação sociológica e o sul de Minas” em parceria com o Alfenas Hoje.
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