Postado em sábado, 23 de janeiro de 2021

Enem 2020: confira as dicas para se dar bem em ciências da natureza

Capacidade de mobilizar conhecimento para identificar melhor solução de situações-problemas é a chave para teste de biologia, física e química


Uma prova fiel aos princípios da avaliação mais importante do país: a capacidade do aluno de mobilizar conhecimento para resolver um problema ali descrito. Não se trata de linguagens, redação nem humanas, mas esse mantra do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que o diferencia dos vestibulares tradicionais, está igualmente presente no teste de ciências da natureza. Por isso, quem pensa ser suficiente apenas raciocínio para resolver as questões deve ter cuidado. Biologia, química e física aparecem de maneira equilibrada, sem “estrelismos” pendendo para um componente ou outro, mas exigem, sim, uma boa dose de conteúdo.

Outro ponto importante da área é que, como o objetivo é solução de problemas, questões de meio ambiente aparecem muito na prova, a exemplo da ação do homem e seus impactos, alternativa de energia, interpretação de fenômenos, entre outros. “É fácil construir um item de prova partindo de um problema: impactos ambientais decorrentes das ações humanas ou solução para problemas globais, como poluição de cursos d’agua e geração de energia limpa”, afirma o professor de biologia Marco Antônio Guariento Barbosa, coordenador do 3º ano do ensino médio do Colégio Magnum Cidade Nova, na Região Nordeste de Belo Horizonte.

E tudo isso bem construído com uma habilidade específica: a capacidade do aluno de analisar e interpretar tabelas, gráficos, esquemas e infográficos. “Uma boa forma de se preparar nesta reta final é o aluno voltar em questões de edições anteriores que exploram esse foco”, avisa o professor, que também é consultor da área de ciências da escola.
 
Em química, alguns conhecimentos necessários passam pelas funções orgânicas, estequiometria e mudanças de estado físico. Também são abordados com frequência temas como chuva ácida, efeito estufa, além de interpretações de equações que tomam mais da metade da prova. Na física, mecânica e produção de energia são muito cobradas, bem como cálculos relacionados a esses assuntos. Também aqui, a dica de Marco Antônio é voltar nas edições anteriores.
 
Em biologia, os assuntos preferidos do Enem recaem sobre ecologia, envolvendo parte de problemas ambientais, relações ecológicas, ciclos biogeoquímicos (ciclos do carbono, do oxigênio e da água e diversos fenômenos ecológicos a partir deles), além de genética e biotecnologia, conservação e conservação sustentável da biodiversidade, bem como qualidade de vida humana. Segundo o coordenador, esses temas representam 70% da prova.

Além de dominar os conteúdos na ponta da língua, ele ressalta a necessidade de leitura atenta dos enunciados que trazem a situação-problema a ser resolvida e situações que vão ajudar a construir o raciocínio. “Não existe pegadinha no Enem. Há os distratores: alternativas aparentemente corretas, mas há uma ainda mais correta. Como é pedido para avaliar uma situação, é preciso escolher a opção mais consistente”, ressalta. “A parte de análise é muito importante na prova, e muitas questões aparecem em características interdisciplinares com o conhecimento da área de ciências da natureza.”

E a dica mais preciosa vale para todo o Enem: o participante jamais deve ficar preso em uma mesma questão. “Uma das piores atitudes que o estudante pode tomar é marcar aleatoriamente as últimas questões. É muito importante conseguir fazer o que dá conta e esses itens estarão espalhados ao longo da prova”, orienta. O professor do Magnum destaca que é preciso fazer uma varredura e identificar itens rapidamente possíveis de serem resolvidos, uma vez que a teoria de resposta ao item (TRI), que define a pontuação da avaliação, é infalível. “Isso vai potencializar o resultado. Faz 20 questões, mas que sejam diferentes: a número 3, a 10, a 15. Isso mostra coerência na prova”, explica.
 
Saber fazer uma boa seleção e o que der conta nas cinco horas de teste é a grande estratégia, principalmente em provas densas como a de ciências da natureza e matemática. “Numa prova de 45 questões, tenha convicção de resolver 25 que demonstre coerência. Acertar 25 aleatoriamente ou 25 de forma coerente muda muito o resultado do aluno. Ficar preso numa questão é muito prejudicial.”
 
Revisão
 
Com o conteúdo todo visto, para a estudante Anna Beatriz Santana Marques, de 17 anos, é hora de praticar. Recém-formada no ensino médio no Colégio Magnum, ela aproveita esses dias finais para fazer exercícios, simulados, marcar tempo de prova e identificar áreas em que tem mais dificuldade, a exemplo da estratégia que adotou na preparação final para o primeiro domingo de provas. “O Enem tem uma forma peculiar de cobrar o conhecimento, com questão de interpretação, outras de cálculo. Tem que conhecer bem a prova, pois um detalhe, um enunciado pode nos dar a resposta”, afirma.
 
Para o segundo dia do exame, ela pretende seguir firme nos cuidados antes e durante a avaliação. No primeiro domingo, a garota conta que ela mesma higienizou mesa e cadeira com o álcool em gel que levou. Até chocolate e sanduíche foram já fracionados para poder comer sem precisar tirar a máscara e, assim, evitar ficar muito tempo exposta. Anna não aceitou receber o fotógrafo da reportagem dentro do preceito de se preservar ao máximo: está isolada dentro do quarto essas duas últimas semanas. No Natal, também não se encontrou ninguém: passou em casa com os pais.

“Não tenho o costume de sair muito, só mesmo para o essencial, mas até isso deixei de fazer. Quando saio do quarto uso máscara, no almoço fico mais afastada e tenho sempre álcool em gel por perto. Saí apenas no domingo para fazer a prova”, conta. “Foi um ano longo de preparação e muita dedicação. Ficar mais isolada agora vai valer muito a pena para o que quero”, afirma a estudante, que vai usar a nota do Enem para tentar uma vaga em medicina.

Não perca o foco

» Leia os enunciados atentamente, pois eles trazem situações que ajudarão a construir o raciocínio da resposta
» Cuidado com alternativas aparentemente corretas
» Faça uma varredura e identifique o que consegue resolver rapidamente
» Faça o que der conta
» Não fique preso numa mesma questão, para não perder tempo e ser obrigado a marcar aleatoriamente as últimas questões
 
Uso de máscara continua obrigatório

Em tempos de novo coronavírus, o uso de máscara é obrigatório durante as provas do Enem. Os testes de domingo (24/01) – matemática e ciências da natureza – serão aplicados nos mesmos locais e começam às 13h30, meia hora depois do fechamento dos portões. A duração é de cinco horas. E a orientação do Inep é que o participante que já apresenta sintomas de COVID-19 requisite a reaplicação, que será feita nos dias 23 e 24 de março e, mesmo que tenham feito a prova no primeiro dia, não devem comparecer ao segundo dia. De acordo com as orientações do instituto, a notificação deve ser feita na própria Página do Participante, mediante apresentação de laudo médico e documentos comprobatórios.
Por sua vez, quem apresentou sintomas no sábado (16) e no domingo (17), primeiro dia do teste, e não fez as provas de linguagens e ciências humanas, pode solicitar a reaplicação, entre os dias 25 e 29 deste mês. Também será necessário apresentar laudos médicos e exames. Até domingo, 10.171 participantes pediram reaplicação. Desse total, o Inep aceitou o pedido de 8.180.

Também terão direito a reaplicação os 160.548 estudantes que fariam a prova no estado do Amazonas, 2.863 em Rolim de Moura (RO) e 969 em Espigão D´Oeste (RO), por conta dos impactos da pandemia nessas localidades. Ao todo, segundo o ministro da Educação, foram quase 20 ações judiciais em todo o país contrárias à realização do Enem. Este ano, o exame terá também uma versão online, que será aplicada nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

No primeiro dia de provas, foram eliminados do exame 2.967 candidatos por não respeitarem as regras do Enem, entre elas, não cumprir as medidas de segurança para evitar o contágio pelo novo coronavírus, como usar máscara cobrindo a boca e o nariz durante toda a aplicação. Do total de 5.523.029 inscritos para a versão impressa do Enem, 2.842.332 faltaram às provas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 



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