Postado em sexta-feira, 12 de janeiro de 2018 às 11:11

Mulheres vítimas de "ranking do sexo" em MG se unem em busca de punição: "Vergonha de sair na rua"

Vítimas que tiveram nomes citados em lista criaram grupo onde compartilham os casos.Agora, esperam que a polícia encontre os responsáveis...


 

 O grupo de pelo menos 100 mulheres que foi vítima do “ranking do sexo” em Muzambinho (MG) decidiu se reunir para buscar conjuntamente punição dos responsáveis em divulgar a lista. O caso repercutiu nas redes sociais e a mensagem nomeada "TOP 100 Put...de Muzambinho" foi considerada machista por expor a intimidade de mulheres com adjetivos pejorativos. No grupo, as vítimas compartilharam histórias e agora tentam encontrar apoio. “Minha colega de trabalho, que também saiu na lista, só chora. Tá com vergonha de sair na rua", conta uma das vítimas.



A primeira atitude de algumas mulheres foi procurar advogados e fazer boletins de ocorrência na delegacia. As denúncias levaram a Polícia Civil a abrir um inquérito do caso. Para tentar reunir provas e se organizar, criaram um grupo no aplicativo de mensagens, onde trocam informações e dividem a revolta com a situação.

Constrangimento na família e no trabalho

Em vários nomes aparecem referências a amigos e local de trabalho das jovens, o que aumentou a exposição de algumas das vítimas. Muitas contaram quais foram as reações quando descobriram o caso. “Eu acordei de manhã com a mensagem de uma amiga que me perguntou se eu estava sabendo da lista. Não estava. Aí ela me mandou e disse que eu estava lá. Eu não acreditei, tive uma impressão muito ruim”, conta uma delas.

“Me senti constrangida. Todo mundo que me encontra vem conversar comigo,
me sinto mal, é muito constrangedor”, conta outra vítima.
 

Para muitas, lidar com a situação é difícil principalmente na família e no trabalho. “Na hora que um amigo me mandou, eu só conseguia pensar no meu trabalho. Aí chorei. Me perguntei o que eu iria fazer. Colocaram o nome de uma amiga de trabalho e ainda colocou o local onde a gente trabalha”, contou outra vítima.
 
A jovem, de 22 anos, contou como se sentiu ao ver o nome na lista e vários nomes com descrição ofensivas de comportamento. “Foi horrível. Minha mãe estava aqui, chamei minha mãe, meu pai e mostrei pra eles a lista. Antes que eles soubessem de outro jeito, porque a rede social corre. Antes que desse mais problema. Eu também sou mãe. Então fiquei preocupada”.
 
Repercussão
 
Nas redes sociais, muitas compartilharam textos e vídeos com mensagem sobre o caso. As vítimas afirmam que a atitude foi infantil, irresponsável e com uma exposição criminosa. Depois de toda a repercussão, muitas pretendem acompanhar os trabalhos da polícia, que vai tentar localizar de onde partiu a lista ofensiva.
 
Uma das mulheres acredita que a repercussão pode ser ainda maior. "Essa lista pra mim, conforme ela vai passando de mão em mão, ela vai aumentando, porque às vezes meninas que não se gostam e ou até os homens colocam mais nomes lá. Eu entendi isso".
 
Uma das advogadas que acompanha as vítimas, Taysa Justimiano, afirma que a repercussão atingiu as meninas.
“Ontem à tarde inclusive ouvi relatos de meninas que estão muito 
deprimidas e passando por problemas. Algumas são de família mais rígida, algumas religiosas”.
Segundo a advogada, a intenção é conseguir, junto à Polícia Civil, uma investigação mais aprofundada. “Como crime cibernético mesmo, pra desvendar o IP da máquina para tentar chegar a quem elaborou e editou esta lista".
 
O delegado Sílvio Sérgio Domingues, que assumiu o caso, disse que diversas mulheres já registraram boletim de ocorrência e que o inquérito vai apurar quem são os envolvidos.
 
O que as vítimas esperam é a punição de quem começou a compartilhar a mensagem. "Meu advogado orientou a fazer o boletim de ocorrência, não só para rastrear, mas também pelos adjetivos. Estão ferindo a gente. Independente de qualquer coisa, ninguém tem direito de julgar, ninguém tem direito de falar nada", afirma uma das vítimas.
Ranking
 
O caso ganhou repercussão após o conteúdo viralizar por meio de compartilhamentos em grupos de mensagens instantâneas na cidade, que tem pouco mais de 20 mil habitantes. Considerado machistas nas discussões em redes sociais, o ranking compartilhado traz o nome de mais de 100 mulheres de várias idades, casadas e solteiras, atribuindo a elas o adjetivo de "put..".
 
Em vários dos nomes, o autor atribui às mulheres posições sexuais e ofensas, como "só tem cara de santa", "a pior", "quem nunca", além de várias outras com palavras de baixo calão.
 
 
 

Fonte: G1 SUL DE MINAS

 



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