Postado em sexta-feira, 21 de abril de 2017 às 13:33

Fobias: conheça 5 características e como combatê-las.

Fobia é doença, sim! Uma em cada cinco pessoas sofre com esse problema grave e incapacitante.


Afrodite, deusa do amor, e Ares, deus da guerra, formaram um dos casais mais admirados da mitologia grega. Um dos principais frutos desse relacionamento foi o jovem Fobos. Diz a lenda que ele acompanhava o pai no campo de batalha para ajudar os guerreiros helênicos contra os seus oponentes.

Sua função era injetar medo no coração dos soldados inimigos, para que na hora da luta eles se acovardassem e fugissem. Um papel tão fundamental nos conflitos motivou uma série de sacrifícios em sua honra — ele era particularmente venerado em Esparta, cidade-estado famosa por seu poderio militar.

Milênios após essas histórias se popularizarem, Fobos serviu de inspiração para nomear a fobia, um dos males psiquiátricos contemporâneos mais comuns — junto com outros transtornos de ansiedade, ela só fica atrás de depressão e dependência química no número de casos.

Estima-se que a condição atinja 20% da população mundial, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde americano. “Estamos falando de um temor exagerado e incompreensível a algum objeto ou situação que prejudica a vida da pessoa”, define o psiquiatra Antonio Egídio Nardi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. As manifestações desse quadro não se restringem à cabeça e, durante as crises, levam a taquicardia, tremedeira, suor excessivo, falta de ar, tontura e até desmaios.

Antes de entrarmos a fundo na anatomia das fobias, convém esclarecer que se sentir inquieto diante de alguns cenários é bom e desejável. “Isso nos protege e faz com que evitemos riscos desnecessários”, diferencia Nardi. Se pensarmos na evolução, nossos antepassados das cavernas só sobreviveram porque se assustavam e fugiam diante da possibilidade de serem devorados por um tigre-dentes-de-sabre ou tomarem picadas de uma cobra peçonhenta.

“O medo aciona diversos núcleos de neurônios, entre eles a amígdala, uma das estruturas mais primitivas do cérebro”, explica o neurocientista Ivan Izquierdo, coordenador do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O dilema é quando esse pavor ultrapassa os limites.

Evidências apontam que a tal da amígdala é sensível e fica ativada em demasia justamente nos indivíduos fóbicos, mas ainda há muita discussão sobre as origens da doença. Por ora, as pesquisas não encontraram falhas genéticas capazes de patrocinar diretamente seu surgimento.

“Mas se sabe que o desenvolvimento desse problema está relacionado à família e ao convívio entre pais e filhos”, observa a psicóloga Mariângela Gentil Savoia, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Exemplo: uma mãe que fica aterrorizada em tempestades com trovões e demonstra isso no dia a dia pode transmitir o incômodo e perpetuá-lo em suas crianças.

Qual o seu medo?

É difícil confirmar se o contingente de acometidos por fobias hoje é maior que no passado. As estatísticas até calculam que a geração atual apresenta dez vezes mais medo que as anteriores. Esse aumento, porém, é influenciado pela melhoria dos recursos de diagnóstico da condição. Uma coisa, contudo, não dá para negar: o cenário é afetado pelo acirramento dos perigos vividos no planeta, como a violência das grandes metrópoles, a ameaça de terrorismo e o risco de novas epidemias — fatos que são explorados algumas vezes de forma desmedida por imprensa e publicidade, diga-se.

Foi o que aconteceu após o atentado às Torres Gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro de 2001: o receio de subir num avião fez com que muitos americanos preferissem usar o carro para viajar. O resultado dessa mudança de comportamento? Um acréscimo de 1 600 mortes nas estradas dos Estados Unidos ao longo do ano seguinte, de acordo com uma análise do Instituto Max Planck, na Alemanha. “Episódios catastróficos potencializam a fobia em quem já a possui”, diz Nardi. Agora, calma lá: há alternativas comprovadas cientificamente para controlar tanto medo, como se verá ao virar a página.

A demora em buscar ajuda é uma das principais barreiras no enfrentamento das fobias. “Quando concluí minha tese de mestrado sobre o tema em 1998, alguns jornais fizeram reportagens acerca do assunto. E ainda hoje há pessoas que me procuram em razão dessas matérias, que leram 19 anos atrás e só agora as motivaram a procurar tratamento”, relata a psiquiatra Daniela Knijnik, de Porto Alegre.

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