Postado em quinta-feira, 17 de novembro de 2016 às 13:53

Questão de história no Enem 2016 provoca polêmica entre especialistas

Enunciado usou trecho de publicação do IBGE sobre a política migratória do Estado Novo para judeus; historiador especialista no tema diz que nenhuma alternativa está correta.


Do G1

Uma questão do primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem levantado questionamentos de historiadores. A questão, de história do Brasil, abordou a política migratória do governo brasileiro durante o Estado Novo, especificamente em relação aos judeus. Para o historiador Fábio Koifman, nenhuma das alternativas oferecidas aos estudantes está correta historicamente, inclusive a alternativa apontada pelo gabarito oficial, que, segundo ele, "confunde" o anti-semitismo com o nazismo. Para Koifman, a questão oferece brecha para ser questionada e anulada. Procurado pelo G1, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

A questão caiu no primeiro dia de provas do Enem 2016, em 5 de novembro: é a de número 13 da prova branca, 33 na prova amarela, 36 na prova rosa e 27 na prova azul.

O trecho usado no enunciado da questão é uma adaptação de um trecho já adaptado da fonte original, o artigo “Nova língua interior: os judeus no Brasil”, da historiadora Keila Grinberg, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). O artigo foi publicado originalmente em 2000 no livro “Brasil: 500 anos de povoamento”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contém a história dos diferentes povos do país, entre eles índios, portugueses, negros, árabes, espanhóis, italianos, japoneses e judeus.

O próprio IBGE criou um site chamado “Brasil 500 anos”, onde reuniu partes dos artigos publicados no livro. No capítulo do site sobre a migração de judeus durante o Estado Novo, há apenas quatro parágrafos do artigo original. Já o trecho que apareceu na questão do Enem continha apenas partes de dois dos parágrafos. (compare as três versões do texto da pesquisadora Keila Grinberg ao final da reportagem)

O gabarito oficial e os cursinhos pré-vestibulares que fizeram a correção extraoficial da prova apontaram como correta a alternativa E: "simpatia de membros da burocracia pelo projeto totalitário alemão".

G1


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