Postado em terça-feira, 1 de julho de 2014 às 12:03

Trupe Ventania faz turnê mineira pelo “Cena Minas” e se apresenta em Alfenas

A Trupe se apresenta no próximo domingo, às 19h, no Teatro Municipal de Alfenas.


 Da Redação

A Trupe Ventania de Teatro, de Passos, está em nova turnê com “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá” - peça do diretor Maurílio Romão, que já foi premiada como melhor espetáculo nos Festivais Nacionais de Teatro de Conselheiro Lafaiete e de Varginha. Depois de São Sebastião do Paraíso, Tiradentes e Divinópolis, a Trupe se apresenta no próximo domingo (dia 6 de julho) em Alfenas.

A peça está em cartaz pelo “Cena Minas” - Prêmio Estado de Minas Gerais de Artes Cênicas - criado no sentido de fomentar, incentivar e fortalecer as produções cênicas mineiras. A iniciativa é da Secretaria de Estado de Cultura, realizada através de recursos da Lei Rouanet, em parceria com o Instituto Cultural Sérgio Magnani.

“O Cena Minas é um prêmio muito respeitado. Quando estive em Belo Horizonte com a secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, pude ver o trabalho sério e incansável que ela vem fazendo. Ser selecionado para um projeto desse calibre é motivo de muito orgulho e muita responsabilidade. Estamos representando a constante preocupação do Governo Estadual com a cultura e faremos isso da melhor maneira, levando um espetáculo maravilhoso, que tem premiações na sua trajetória”, disse Isabella Vieira, representante legal da Adesc Regional (Associação de Desenvolvimento Cultural) e produtora da Trupe Ventania.

Espetáculo teatral será apresentado no domingo em Alfenas (Foto: Divulgação)

“O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá” foi um dos sete espetáculos selecionados para turnê em Minas Gerai e ainda vai passar por Poços de Caldas e Pouso Alegre, entre outras.

“A seleção das cidades, a princípio, foi um pouco difícil, pois tínhamos muitas opções, no entanto, a acolhida das Secretarias de Cultura foi sempre muito positiva. Algumas cidades, como Poços de Caldas, por exemplo, o caminho foi inverso, já que foram eles que ficaram sabendo do ‘Cena Minas’ e nos procuraram. Tivemos sucesso em todas as apresentações e estamos muito ansiosos com as que virão”, ainda comentou a presidente da Adesc.

>>Quer concorrer a convites para assistir a peça? Então clique aqui

Junto do espetáculo, a Trupe Ventania oferece a oficina "Conhecendo o Teatro", ministrada pelo diretor teatral Maurílio Romão, também diretor da peça. De acordo com Romão, a contrapartida social pretende oferecer as primeiras noções do teatro às crianças e adolescentes, despertando o interesse pelas artes e fomentando a cultura.

“Esta é uma proposta interessante do Cena Minas porque agimos em duas frentes: ensinamos como se dão os primeiros passos no teatro e, depois, os colocamos em contato com a arte nos palcos. Dessa maneira espalhamos frutos, formamos público e futuros artistas, quem sabe?! Além, ainda trazemos a poesia desta peça em especial para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de ver”, defendeu o diretor.

A peça já foi premiada como melhor espetáculo nos Festivais Nacionais
de Teatro de Conselheiro Lafaiete e de Varginha (Foto: Divulgação)

A apresentação da Trupe Ventania com “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá” em Alfenas acontece no dia 6 de julho, no Teatro Municipal, às 19h. A entrada é gratuita para crianças até 12 anos e, para os maiores, os ingressos custam R$ 5,00.

A produção da peça disponibilizou cinco pares de ingressos para os leitores do Alfenas Hoje, que poderão cadastrer-se na área de promoções e concorrer aos convites. Confira aqui

Um Gato e uma Andorinha

Baseada em livro homônimo de Jorge Amado, publicado em 1976, a peça traz o apelo antigo ao mundo atual, que mesmo ouvindo iguais palavras durante todo esse tempo, ainda não conseguiu avançar as barreiras do poder inerte que afasta e condena os diferentes. O Maniqueísmo, a divisão do todo entre bom e mau, o preconceito, estão presentes aqui, em essência, dramaturgicamente, da mesma maneira que esteve lá em Romeu e Julieta, de Shakespeare.

A história canta em bom tom a paixão de um Gato por uma Andorinha, que mesmo estando prometida ao afinado Rouxinol, abre seu coração ao felino de poemas e juras de amor. Como todo romance, há um antagonista e desta vez o vilão não é o então prometido marido, mas a resistência social, a intolerância dos animais que dividiam o perímetro do parque, cenário do amor na primavera e do sofrimento no frio do inverno.

“O mundo só vai prestar para nele se viver, no dia em que a gente ver um gato maltês casar com uma alegre andorinha, saindo os dois a voar, o noivo e sua noivinha, Dom Gato e Dona Andorinha”. Esse é o mote, a inspiração que vem do original, nunca tão verdadeiro e nunca tão levantado em grandes letras e vozes pela Trupe Ventania, regida pelo diretor Maurílio Romão. Como dito pelo próprio, seu incômodo diante da leitura de Amado norteou sua adaptação “identificando a sociedade frágil e contaminada de preconceitos, ainda hoje”.

O elenco é comandado pelo diretor Maurílio Romão (Foto: Divulgação)

De maneira lúdica e poética, o elenco absorveu e trabalhou com suavidade a não agradável faceta das amarras sociais, segundo Maurílio, transformando o enredo em cantiga e, assim, convidando seu público a cantar, brincar e espalhar seus versos para “adormecer as crianças e acordar os homens”.

Já mesmo dentro do elenco orgânico, o amadurecimento em relação à crítica contida no enredo fez com que os próprios integrantes abrissem os olhos para as pequenas, quase imperceptíveis, manifestações de intolerância e se policiassem, tateando uma maior sensibilidade no trato do assunto.

Depois de meses de preparação intensa e apresentações em palcos diversos, o resultado só podia ser um: “É pra avó e pra criança. É para todos!”. Já disse o diretor.

A linguagem é simples, o visual acalenta e o som envolve o público, que unânime, vê-se no espelho, reconhece-se e aplaude de pé, com todos os elogios a ponta da língua. Tal reconhecimento foi emocionante e engrandecedor para cada ator da peça. A cada final de espetáculo, o elenco se vê inspirado, envolto em uma grande nuvem de motivação para continuar a espalhar brotinhos de evolução mundana por mais cantos.

Confira a programação de apresentações na região (Imagem: Divulgação)

Cada animal é um representante de símbolos da sociedade, e a interpretação é extremamente próxima daquilo que se tem na rotina de cada um, tocando as pessoas de modo particular. Foi esta a constatação feita à Vânia Ságio, atriz que interpreta a Vaca, figura madura, de respeito, porém, recriminadora. Vânia ouviu palavras de agradecimento de um espectador e disse que foi um presente receber o afeto, mas acima de tudo, perceber que seu trabalho surtiu o efeito desejado de transformar ideias e abrir corações.

Também Juliana Mota, atriz desde sua infância com experiência em São Sebastião do Paraíso e Itaú, ouviu de sua mãe a prova de sua transformação: o brilho no olho que já não se via há tempos. E não somente pela volta aos palcos, mas pela satisfação pessoal em fazer sua Andorinha cantar no ouvido de tantas pessoas um amor desafiador, um atrevimento, uma tentativa de quebra das convenções, um pedido de redenção aos corações apaixonados. Depois de pesquisas, de tantos casais de trajetórias improváveis que conseguiram vencer barreiras, Juliana aprendeu e se esforça para dar as pessoas o mesmo senso de risco saudável, de se entregar aos próprios sentimentos, de não se prender, de dizer: eu te amo, e vamos juntos, de mãos dadas!

Valdony Amorim vive a Coruja, personagem narradora da história, sabida desde o início o que seria o fim. Intenso e bem diferente de tudo que já tinha feito antes, surpreende pela voz e todos os trejeitos adquiridos para a interpretação. Para o ator, além do grande amadurecimento profissional, a absorção do recado dado ao público ainda é o maior salário, como disse: “é o sorriso da criança a melhor parte de tudo! É a esperança de ter começado uma pequena revolução”.

Ainda citando o diretor, o esforço é todo para fazer a peça valer a ida de cada pessoa ao teatro. “Você pode até perder, mas não merece”!

Lembrando que esta peça é um dos projetos da Trupe Ventania, que inclui tais como O Auto da Folia: Jesus, José e Maria; Quem Roubou o Branco do Mundo; a tradicional Paixão de Cristo, entre outros, promovidos pela Adesc, pela iniciativa privada e recursos vindos de ações coletivas.


FICHA TÉCNICA - O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ

Direção e Encenação: Maurílio Romão

Elenco:

Gato: Guilherme Gomes
Andorinha: Juliana Mota
Coruja: Valdony Amorim
Papagaio: Thales Di Carmo
Coelho: Thiago Rodrigues
Burro: Lucas Eduardo
Joaninho: Rodrigo Oliveiraa
Vaca: Vânia Ságio
Borboleta: Nelma Silva

Figurinos: Luciana Silva Corrêia
Cenário: Maurílio Romão
Iluminação: Paulo Cardoso
Maquiagem: Thales Di Carmo
Músicas: Jackson Tadeu
Preparação Vocal: Viviane Di Marco
Sonoplastia: Pedrão Dyas
Assistência de Produção: Vânia Ságio
Produção Executiva: Isabella Vieira
Comunicação: Kívia Oliveira

SERVIÇO

Espetáculo: “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”
Local: Teatro Municipal de Alfenas
Data: 6 de julho
Horário: às 19h
Entrada: gratuita para crianças até 12 anos e, para os maiores, os ingressos custam R$ 5,00



DEIXE SEU COMENTÁRIO

Caracteres Restantes 500

Termos e Condições para postagens de Comentários


COMENTÁRIOS

    Os comentários são de responsabilidade exclusiva dos autores.

     
     
     
     

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Informamos ainda que atualizamos nossa

Estou de acordo