Postado em domingo, 18 de novembro de 2012
às 20:22
Diretora alfenense é premiada em Recife em seu primeiro filme
A cineasta alfenense e franco-brasileira Renata Azambuja conquistou o prêmio de Melhor Filme no IV Festival do Filme Etnográfico de Recife, realizado em outubro.
Erick Vizoki
A cineasta alfenense e franco-brasileira Renata Azambuja, 34 anos, conquistou o prêmio de Melhor Filme (Júri Popular) no IV Festival do Filme Etnográfico de Recife, realizado de 15 a 18 de outubro deste ano.
“Kadiamor” é o primeiro trabalho de Renata, formada em comunicação social com aptitude em publicidade na PUC-SP e estética de cinema na Sorbonne Nouvelle, Paris, onde vive atualmente.
O filme foi rodado em 2008 e estreou este ano em Dakar (Senegal) e na França. A “avant-première” (lançamento) foi na sala Sacem, em Neuilly-sur-Seine, no dia 24 de setembro. Em Alfenas, foi exibido uma única vez no Cine Art Café de Alfenas, em 16 de abril deste ano.
Documentário
Trata-se de um documentário sobre um grupo de músicos e bailarinos no Senegal, que se reúne para criar um espetáculo, começando aí uma viagem musical e cinematográfica no coração de paisagens exuberantes da África.
Atualmente a produção está em cartaz em Paris, em algumas salas de cinema em Saint Michelet, bairro da capital francesa. Também será exibido na TV francesa em meados de 2013.
Entre seus novos projetos, Renata Azambuja diz que já está preparando um documentário sobre a vida de Maria Macaca, dona do extinto bordel Hi-Fi, onde atualmente funciona o CVT (Centro Vocacional e Tecnológico). Também pretende realizar, no próximo ano, um curta metragem escrito em parceria com o escritor, também afenense, Waldir de Luna Carneiro.
De Paris, a cineasta concedeu entrevista exclusiva, por e-mail, ao repórter Erick Vizoki. Confira, a seguir, os principais trechos.
Erick Vizoki – Como é receber um prêmio de Melhor Filme já em seu primeiro trabalho?
Renata Azambuja - A satisfação do reconhecimento de um trabalho longo e de uma grande dedicação.
Você pretende realizar outros documentários ou pode se aventurar também na ficção?
Eu comecei a escrever o roteiro de um curta metragem de ficção há alguns anos com a colaboração do escritor Waldir de Luna Carneiro, também de Alfenas. Espero poder desenvolvê-lo no próximo ano.
“Kadiamor” não está em exibição no Brasil, apenas em algumas mostras. Porquê? Há possibilidade de ele entrar no circuito das salas de exibição brasileiras?
O documentário é um gênero difícil de se distribuir no cinema. “Kadiamor” foi selecionado em vários festivais, talvez algum distribuidor brasileiro, apaixonado pela África, se interesse em dustribuir... Ich Allah!
Como foi a escolha do tema e porquê?
Não escolhi o tema, este filme foi o fruto de um encontro meu com um grupo de músicos na minha primeira viagem para o Senegal. Eu me apaixonei pela música, pelas coreografias e, claro, pelas pessoas (músicos, dançarinos, homem da perna de pau, bailarinas etc..).
A questão religiosa da etnia "diola" (na qual pertencem os músicos) me intrigava. O animismo, a proximidade entre o homem e Deus, as crenças e as cerimônias religiosas, feitiçaria, tudo isso é muito fascinante e rico em matéria cinematografica.
Foto: Divulgação
em Alfenas sobre a vida da Dona Maria Macaca
Quais foram as maiores dificuldades para sua realização?
Tudo foi difícil na filmagem, o problema da língua, pois no Senegal fala-se varias línguas (árabe, francês e wolof) e dialetos. O fato de eu ser mulher e diretora do filme em um país muçulmano trouxe alguns conflitos, digamos, culturais. Mas, sobretudo, a montagem e a pós-produção. Nós voltamos da África com muito material, troquei de editor três vezes, precisávamos constantemente de ter um tradutor ao lado para entender o que estava sendo falado etc...
Como foi feita a captação de recursos para produzir “Kadiamor”?
Pela minha empresa de produção audiovisual na França, Bob The Dog.
Durante a filmagem gravamos também a trilha sonora original com os músicos que participam do filme - uma compilação de 14 músicas com ritmos do reggae, pop, afro e música tradicional do Senegal. O CD é maravilhoso e foi inteiramente mixado pelo premiado músico brasileiro Siri. O CD esta à venda em várias lojas virtuais - itunes, Deezer, My Space, One RPM etc...
O lucro da venda dos CDs será repassado à Associação Humanitária Action Culture
E a receptividade do público, como está sendo?
Calorosa, muitas pessoas vêm falar comigo depois da projeção por terem se emocionado com a história dos personagens, por descobrirem uma África diferente daquela que conhecemos pela TV. No meu filme, eu falo de uma África explêndida, cheia de vitalidade, sensível, mística.
Foto: Divulgação
no IV Festival do Filme Etnográfico de Recife
Você pretende realizar algum filme no Brasil?
Sim, claro! Estou filmando um documentário em Alfenas, sobre a vida da Dona Maria Macaca. O filme retrata o imaginário coletivo da cidade em torno do lendário bordel Hi-Fi.
Após o sucesso na competição em Recife, você recebeu alguma proposta para dirigir ou roteirizar algum outro filme no Brasil? E no exterior?
Sim, estou preparando um novo documentário sobre a civilização Berbère, no Alto Atlas Marroquino. Um documentário em torno da descoberta de uma misteriosa biblioteca do século XII em um vilarejo abandonado no alto das montanhas do Marrocos.
Com que frequência você vem a Alfenas?
Passo todos os Natais com minha mãe, Silvia Ribeiro, em Alfenas.
COMENTÁRIOS