Postado em segunda-feira, 22 de junho de 2009
Aos 90 anos, morador de Gaspar Lopes lança livro de memórias
O aposentado e ex-sitiante Orlando Peloso, que, em outubro completa 90 anos, irá lançar, no próximo dia 05 de julho, seu primeiro livro: “Fatos da minha vida”.
Henrique Higino
O aposentado e ex-sitiante Orlando Peloso, que, em outubro completa 90 anos, irá lançar, no próximo dia 05 de julho, seu primeiro livro: “Fatos da minha vida”. A obra retrata memórias do autor desde sua infância, na zona rural de Nepomuceno, onde nasceu, até os dias de hoje, em Gaspar Lopes, onde reside.
O livro, com 127 páginas, conta casos curiosos, engraçados e até dramáticos vividos principalmente pela família do autor, descendentes de italianos que chegaram ao Brasil em 1882.
Os “casos” contados no livro aconteceram a partir de 1900, dezenove anos antes do autor nascer. “São histórias que eu ouvia as pessoas contar durante minha infância e outras que eu também presenciei”, comenta o escritor.
Orlando conta que resolveu escrever o livro há pouco mais de um ano. Na semana passada, a obra ficou pronta. “É uma oportunidade para a família e as pessoas conhecerem um pouco daquela época”, comenta.
Sem computador ou máquina de datilografia, o aposentado escreveu tudo a mão e depois passou para uma gráfica em Campos Gerais onde foi feita a digitação, revisão, diagramação e impressão do livro.
Há casos, no mínimo, curiosos na obra. Em um dos capítulos, o autor conta como sua irmã, Iracema Peloso, tratou uma picada de Jararaca. “Não tinha remédio. Para livrar o veneno, as pessoas bebiam querosene e minha irmã bebeu meio copo”, recorda-se. Ele completa que para o antídoto dar certo era necessário muita “benzeção” e até simpatia. “Ainda colocavam a cobra – morta – pendurada de cabeça para baixo que era para o veneno não subir, mas isso era só uma simpatia, uma bobagem”.
O tratamento médico naquela época envolvia até produtos de arma de fogo. Orlando conta que as pessoas comiam uma colher de “chumbinho”, usado para carregar cartucho de espingarda, quando estavam com “nó nas tripas”. Sorrindo, garantiu que o produto saía depois que a pessoa usava o banheiro.
Outra curiosidade foi uma moradia rural onde os irmãos dormiam. Ele conta que seu pai comprou uma fazenda onde existia uma senzala abandonada. O cômodo, antes usado para trancar escravo, teve que ser usado como dormitório pelos irmãos (ele teve 20 irmãos).
O livro também chega a comover pela sinceridade do autor. Ele faz questão de ressaltar um capitulo em que pede perdão pelas arvores e animais que matou durante a vida. Até as formigas são lembradas. “Se fiz algum mal foi porque não tive orientações. Quando minha mãe morreu, eu tinha oito anos, fui criado com a madrasta e naquele tempo não tínhamos a consciência (ecológica) que temos hoje”.
O livro será lançado no próximo dia 05, em um local conhecido como Mata do Barreiro, na zona rural de Campo do Meio. Naquele local, o ex-lavrador passou boa parte de sua infância. A obra custa R$ 30.
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