Postado em sexta-feira, 7 de março de 2025 às 21:09

Lula entrega mais de 12 mil lotes de terras da reforma agrária

A cerimônia foi realizada no Complexo Ariadnópolis, em Campo do Meio.


 Da Redação

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, entregou, na sexta-feira, 12.297 lotes de terra da reforma agrária para famílias de 138 assentamentos rurais de 24 estados do país. A cerimônia ocorreu no Complexo Ariadnópolis, em Campo do Meio, onde está localizado o Quilombo Campo Grande, assentamento de ex-funcionários de uma usina de açúcar que entrou em falência nos anos 1990 e deixou dívidas com a União.

Ao longo dos anos, os agricultores familiares do local foram alvo de 11 operações de reintegração de posse. Cada uma das mais de 450 famílias integrantes do quilombo tem, em média, 8 hectares de terra e, juntas, produzem e comercializam mais de 160 tipos de alimentos, como mandioca, feijão, hortaliças, milho e café.

 

Lula em Campo do Meio (Foto: Ricardo Stuckert)


O presidente Lula defendeu os programas de reforma agrária destacando que as grandes propriedades rurais (783 mil delas) correspondem a 658 milhões de hectares de terra do país, enquanto as 5,6 milhões de pequenas propriedades que produzem alimentos que vão à mesa da população somam apenas 116 milhões de hectares.

“É isso que está errado nesse país. Porque as propriedades que detém até 100 hectares, elas representam praticamente 70% a 80% de todo o alimento que nós consumimos no Brasil, de leite, de carne de boi, de carne de porco, de tudo. E são um percentual muito pequeno [de terra]. Então, é por isso que a luta pela reforma agrária ganha importância, porque é preciso que se faça justiça nesse país”, afirmou Lula.

Interesse social

Durante o evento, Lula assinou sete decretos de desapropriação de áreas por interesse social e também anunciou R$ 1,6 bilhão para Crédito Instalação em 2025. Os recursos podem ser aplicados em habitação, apoio inicial e fomento aos jovens e mulheres na reforma agrária. As entregas e anúncios fazem parte do programa Terra da Gente.

Os decretos envolvem três imóveis no Complexo Ariadnópolis: as fazendas Ariadnópolis (3.182 hectares), Mata Caxambu (248 hectares) e Potreiro (204 hectares). Outras fazendas também incluídas são: Santa Lúcia (5.694 hectares), localizada no município de Pau-d´Arco (PA); Crixás (3.103 hectares), em Formosa (GO); São Paulo (749 hectares), em Barbosa Ferraz (PR); e Fazenda Cesa – Horto Florestal (125 hectares), em Cruz Alta (RS). A medida tem potencial de atender cerca de 800 famílias.

Complexo Ariadnópolis em Campo do Meio

Localizado em Campo do Meio, o Complexo Ariadnópolis era parte da massa falida da Usina Ariadnópolis Açúcar e Álcool S/A, que deixou de funcionar em 1996, repleta de dívidas com a União e sem nem sequer pagar salários atrasados e verbas indenizatórias aos seus funcionários, que permaneceram na terra.

Em 1998, criaram o Quilombo Campo Grande hoje composto por 11 acampamentos: Betim, Campos das Flores, Chico Mendes, Fome Zero, Girassol, Irmã Dorothy Resistência, Rosa Luxemburgo, Sidney Dias, Tiradentes e Vitória da Conquista.

Assentamento do MST Campo Grande em Campo do Meio (Foto: MST Arquivos)

Desde a criação do acampamento, a massa falida da empresa já empreendeu 11 tentativas de reintegração de posse, a última delas durante a pandemia da Covid-19, quando, de forma arbitrária, foi destruída a Escola Popular de Agroecologia Eduardo Galeano. Esse caso contribuiu para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em suspender ações de despejos durante a pandemia. Os trabalhadores e as trabalhadoras rurais resistiram. E prosperaram.

Cada uma das mais de 450 famílias integrantes do Quilombo Campo Grande tem, em média, 8 hectares de terra. Juntas, produzem e comercializam mais de 160 alimentos de qualidade, tais como mandioca, feijão, hortaliças, milho e café. No caso do café, são mais de 2,2 milhões de pés do fruto, que, colhido, torrado, empacotado e comercializado sob a marca Guaií (do guarani, “semente boa”), tornou-se referência nacional de qualidade.

Além disso, o Coletivo de Mulheres Raízes da Terra cultiva sementes agroecológicas e hortas medicinais, bem como é responsável pelo processamento vegetal para produção de geleias, compotas e conservas.

E, no último dia 10 de fevereiro, início do ano letivo em 2025, a Escola Popular de Agroecologia Eduardo Galeano, ainda em reconstrução, reabriu as portas para seus alunos. As informações são da Agência Brasil.

 



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