Postado em domingo, 21 de maio de 2023
às 22:10
Projeto resgata histórias silenciadas da comunidade LGBTQIA+ do Sul de Minas
Documentos e entrevistas permitem construir um acervo de memória com fontes para pesquisas e debates públicos.
Da Redação
“Amhor” é acróstico para “Acervo de Memória e História do Orgulho LGBTQIA+ no Sul de Minas”, nome dado ao projeto de extensão da Unifal (Universidade Federal de Alfenas) criado com a finalidade de construir um acervo virtual sobre a história e as memórias do orgulho LGBTQIA+ na região sul-mineira.
“A escolha do nome, Amhor, se relaciona com valores políticos que o grupo defende como forma de assumirmos a Universidade como lugar da alteridade, do respeito à diversidade e ao amor com compromisso político em defesa das vidas que circulam na cidade de Alfenas e em outras ao seu redor”, conta Marta Gouveia de Oliveira Rovai, professora do curso de História da Universidade e coordenadora do projeto junto a André Luiz Sena Mariano, professor do curso de Pedagogia.
Segundo Marta, o projeto é consequência de atividades desenvolvidas por outro grupo multidisciplinar de estudos durante a pandemia, o qual se chamava “Gênero, Diversidade e Afeto”. “O projeto Amhor foi criado de forma presencial, ainda com caráter multidisciplinar, para aproximar mais as pessoas e falar de questões pessoais e sociais. Mas não só isso. Ele tem como objetivo construir um acervo virtual sobre a história e as memórias do orgulho LGBTQIA+ no sul de Minas”, relata.
Organização do grupo para levantamento e catalogação de documentos
Constituído por 18 estudantes dos cursos de Ciências Sociais, Farmácia, Geografia, História, Letras, Odontologia e Química, o grupo de estudos do projeto atua no levantamento e catalogação de documentos cedidos pelo Movimento Gay de Alfenas (MGA) e em entrevistas com pessoas do movimento LGBTQIA+ dentro e fora da Universidade.
“Pretendemos, por meio das entrevistas orais, preparar os/as discentes para o trabalho de pesquisa com história oral, produzir fontes sobre a comunidade e disponibilizá-las publicamente, contribuindo para o reconhecimento do direito à memória e à história, num exercício de produção de história pública”, diz Marta Rovai.
Todas as quartas-feiras pela manhã, o grupo se reúne para realizar estudos, catalogar, digitalizar documentos e elaborar as entrevistas. Conforme a coordenadora do projeto, o grupo desenvolve estudos sobre temas relacionados a gênero, sexualidade, acervos virtuais, memória, história oral, amor público, entre outros. “Além de permitir um trabalho de melhor qualidade, esses estudos dão instrumentos para a produção de um minidocumentário e um livro a ser publicados no ano de 2024, de forma coletiva”, explica.
Os integrantes também mantêm contato com pessoas do movimento LGBTQIA+, externas à Universidade, para as entrevistas, além de conversar com membros de outros acervos virtuais, ligados a museus e outras universidades. “Membros das comunidades LGBTQIA+ são convidados a conversar com o grupo, contando suas histórias e apresentando suas demandas. Eles também serão convidados a contribuir na escrita do livro e na feitura do documentário, além de eventos envolvendo debates públicos, como a Semana da Diversidade que será realizada em conjunto com o MGA, o Diverges e cursos de saúde da Unifal”, detalha.
A catalogação do material passa ainda pela análise das narrativas que constam nos livros “Que possamos ser o que Somos (2019)” e “Sob nossa pele e com nossas vozes” (2022), escritos pela própria professora Marta Rovai junto ao movimento LGBTQIA+, e de documentos como jornais, documentos oficiais, fotografias e artigos, relativos ao MGA e ao movimento.
“No acervo virtual será disponibilizado um roteiro afetivo do movimento LGBTQIA+, a partir de suas histórias, além da elaboração de propostas de aulas junto a professores/as da rede pública, que serão convidados no segundo semestre a dialogar com o grupo”, explica.
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