Imagens mostram ida de moradores de Alfenas a manifestação golpista

 Da Reportagem

A manifestação golpista em Brasília no último dia 8, que culminou com a invasão às sedes dos Três Poderes e depredação de bens públicos, contou com participação de moradores de Alfenas. Imagens publicadas em redes sociais comprovam a ida de moradores da cidade em direção a capital federal para participar dos atos antidemocráticos organizados por extremistas que não aceitam o resultado da eleição presidencial.

Em um ônibus, o advogado Jairo Barbosa – que tem familiares em Alfenas - aparece dizendo que está chegando na Praça dos Três Poderes, mas que “já fizeram o serviço por nós”. Ele continua afirmando que eleição não se ganha e sim se toma e, na sequência, pergunta: “vamos tomar de volta? Não é galera?

Ao fundo, três pessoas fazem sinal positivo e um deles diz “estamos juntos”. Entre as três pessoas, a reportagem identificou o ex-atleta Rodriguinho, campeão da Copa Alterosa de Futsal em 2015 e homenageado um ano depois como o único atleta a participar das 20 primeiras edições da competição. Rodriguinho é irmão do vereador Márcio Costa (Dunga/PDT), que em 2015 era o treinador da seleção de Alfenas, campeã da Copa Alterosa. O vídeo pode ser conferido clicando aqui

Ônibus atrasado

O ônibus, que saiu de Alfenas e passou por Poços de Caldas, chegou atrasado em Brasília e os manifestantes não participaram das invasões dos prédios oficiais dos Três Poderes, que gerou prejuízo estimado em R$ 8 milhões somente com obras de arte, como revelou o site Isto É Dinheiro. A invasão é investigada, pela Polícia Federal, como ato terrorista. 

Conduzidos

Em outro vídeo [Clique aqui], que também circulou nas redes sociais, aparece o local para onde os conduzidos, após os atos antidemocráticos, foram encaminhados. Um homem, não identificado, reclama das condições no local e, ao fundo, aparece a imagem que seria de outro morador de Alfenas, José Edson Miranda, que foi candidato a vice-prefeito em 2020 pelo PSC na chapa encabeçada pelo advogado Marco Antônio Gomes de Carvalho (Marquinhos do SUS/MDB).

O nome de Miranda não aparece na lista da Polícia Federal, publicada pela imprensa, que revelou mais de 1 mil detidos. Porém, essa lista divulgada não inclui idosos (com mais de 65 anos) – como é o caso de Miranda que tem 66 anos – e pessoas com comorbidades graves, além de mulheres que estavam com filhos pequenos. Essas pessoas foram identificadas e liberadas.

De acordo com a Polícia Federal, os envolvidos irão responder, na medida de suas responsabilidades, por crimes de terrorismo, associação criminosa, atentado contra o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, perseguição, incitação ao crime, dentre outros.

Ao todo, 1.843 pessoas foram conduzidas pela Polícia Militar do Distrito Federal para a Academia Nacional de Polícia. Desses, 684 detidos pertencentes aos grupos prioritários (idosos, mulheres com criança e pessoas com problemas de saúde) foram identificados e responderão em liberdade. A Polícia Federal qualificou, interrogou e prendeu 1.159 pessoas.

De acordo com uma reportagem exclusiva do portal Uol, a preparação para o ato golpista teve mapa online e previu confronto violento. A reportagem revela troca de mensagens, em grupos organizados nas redes sociais, que antecederam a manifestação antidemocrática.

Identificação

O Ministério da Justiça e o STF (Supremo Tribunal Federal), em parceria com outros órgãos, estão identificando os envolvidos nos atos antidemocráticos que culminaram com atos de terrorismo no dia 8. O movimento contesta o resultado das urnas apesar de não haver nenhuma contestação judicial em tramitação ou validada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A reportagem apurou que grupos políticos locais fizeram encaminhamento de denúncias ao Ministério da Justiça, ao STF e a ouvidoria do Ministério Público Estadual sobre os supostos envolvimentos de pessoas de Alfenas no financiamento, incitação e participação em manifestações contra o Estado Democrático de Direito. Entre as medidas está a solicitação para exibição da lista de passageiros e nota fiscal da empresa que prestou o serviço. Um dos objetivos é identificar os responsáveis por financiar a ida de moradores de Alfenas a Brasília.

A reportagem está aberta aos citados no texto informativo caso queiram se manifestar.