Postado em sábado, 26 de junho de 2021
às 12:12
Exibição de curtas inéditos e muitas atrações levaram o público ao universo cinematográfico
Durante os quatro dias de mostra foram exibidos mais de 50 curtas, além das atividades paralelas como painéis temáticos, rodas de conversa e show de abertura.
Da Redação
Com muita emoção, frio na barriga, orgulho pela realização. Assim foi a noite de abertura da 4ª Mostra de Cinema de Fama que, mesmo com todas as questões impostas pela pandemia, contou com atrações e atividades cuidadosamente elaboradas pela Gesto Produtora para encantar os espectadores. O evento que acontece presencialmente desde 2017, às margens do Lago de Furnas, na cidade de Fama, esse ano teve que se reinventar e foi inteiramente virtual. Todas as atividades e atrações estão disponíveis, até o dia 30/07/2021, no site www.mostrafama.com.br
Amigos do Cinema, da cultura e de Fama estiveram presentes na noite de lançamento. O Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, o prefeito e o vice prefeito de Fama, Osmair Leal dos Reis e Alexandre Eller de Souza, o secretário de Cultura e Turismo, Douglas Prado, o presidente da Empresa Mineira de Comunicação, Sérgio Reis, a presidente da Associação do Circuito Turístico Lago de Furnas, Thayse de Castro, além de parceiros, cineastas e artistas, deixaram depoimentos e mensagens de apoio para a mostra.
O show da Orquestra de Câmara Sul Mineira, dirigida pelo maestro Ramon Moraes, encantou pela qualidade e escolha do repertório. Durante a apresentação os espectadores se emocionaram com as trilhas sonoras de clássicos do cinema nacional, executadas com perfeição pelos integrantes da orquestra.
Os homenageados Suely e Isael Maxakali participaram, juntamente com Roberto Romero e Mariana Botelho, da roda de conversa que abordou como a tecnologia chegou e o que ela significou para o povo Maxakali. Sueli ressaltou que o cinema faz parte da memória deles, pois quando gravam, fica o registro para o povo da aldeia e para toda a população. “O povo Maxakali perdeu o território, mas não a memória. Antes não tinha HD nem câmera, e hoje nós gravamos o que ficou na memória. Os Maxakalis perderam o território, hoje não podem caçar e nem pescar, sendo que o território antes era deles. Essa filmagem ficou pra mostrar pro Brasil o que o povo Maxakali perdeu” explicou Suely.
Roberto Romero destacou a importância do reconhecimento da existência dos povos indígenas no estado de Minas Gerais. Ele explicou como o filme “Essa terra é nossa” registra momentos cruciais da invasão dos territórios Maxakali. “O filme é o desdobramento de mais de uma década de trabalho com o cinema, de Isael e Suely, que começaram em 2004, e desde então não deixam de nos surpreender e impressionar. Eles fazem maravilhas com uma tecnologia que tiveram que aprender a usar”, ressaltou Romero.
A noite se encerrou com a exibição de filmes dos homenageados: "Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa!" (70´), de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero. “Yãy tu nũnãhã payexop: encontro de pajés” (26’), de Sueli Maxakali. “Yãmĩyhex: as mulheres-espírito” (76’), de Sueli Maxakali e Isael Maxakali.
Na sexta-feira, as artistas e cineastas Aryanne Ribeiro, Daniela Fernandes, Luana Melgaço, Marina Azze e Raquel Hallak debateram a produção mineira na pandemia. Para Aryanne Ribeiro, coordenadora da mostra, realizar o evento este ano foi um desafio.
“Realizamos esta edição de forma online, pela primeira vez. É um grande desafio que resolvemos enfrentar. Tivemos quase 600 inscrições de curtas, o que mostra que o setor está em atividade e não podemos parar”, ressaltou Aryanne. Raquel Hallak chamou a atenção para a valor da cultura. “A indústria do entretenimento é a que mais cresce no mundo, ela é geradora de empregos, corresponde a 2,6% do PIB brasileiro, estamos falando de uma indústria que ocupa lugar de destaque no mundo. É importante prestigiar e incentivar a produção cultural brasileira. Entender que a cultura é tão essencial quanto a saúde e a educação”, afirmou Raquel.
À tarde foi a vez do painel temático "Trabalho pedagógico aliado ao cinema", com o cineasta Patrick Moyses. Patrick executa um trabalho pedagógico nas escolas de Três Corações com crianças e adolescentes afastadas dos grandes centros culturais, chamado Cinema no Pano. Ele destacou a importância de dar visibilidade e voz para quem não tem essa oportunidade. “O Cinema de Pano leva para as crianças e adolescentes a oportunidade de realizar seu próprio filme e contar sua própria história. Com recursos simples como garrafas pet, massa de modelar, recursos existentes no celular”, destacou Patrick.
A segunda noite se encerrou com exibição dos filmes da Mostra Fama e Mostra Mineira.
Na manhã de sábado, Roberto de Matos, Rodrigo Mikelino e Wend Fernandes discutiram a "O fazer cinema em MG". Segundo Rodrigo, a característica mais marcante da produção mineira é a fotografia. “Na maioria dos lugares em que se posiciona a câmera é possivel captar imagens incríveis. As paisagens mineiras são maravilhosas”. Roberto de Matos, organizador da mostra Festifrance no Brasil desde 2015, destacou o intuito de estreitar os laços entre Brasil e França e a importância da parceria criada com a Gesto Produtora. “A nossa parceria com a Gesto Produtora tem o intuito de impulsionar o cinema, literatura, teatro, gastronomia. Queremos levar o melhor do cinema francês para o Brasil, e o melhor do cinema brasileiro para a Europa”, concluiu Roberto.
À tarde aconteceu o painel "Cinema, educação e práticas de cuidado na pandemia”, com o Coletivo Olhares (Im)Possíveis que relatou a trajetória do grupo e como foi a produção do filme “Ano de 2020”. Arthur Medrado explicou como o filme ajudou o grupo a pensar uma série de questões que estavam no projeto que se iniciou em 2017. “A nossa preocupação era que realização do filme significasse o fim do grupo. Mas o resultado foi outro, o que ressalta a diferença do cinema de equipe e do cinema de grupo, que é o nosso caso”, finalizou Arthur.
Os filmes das Mostras Novas Telas, Faminha e Internacional finalizaram as exibições da 4ª Mostra de Cinema de Fama, na noite de sábado.
A cerimônia de encerramento e premiação aconteceu no domingo, às 20h. Os premiados foram anunciados por Marília Ribeiro, tendo o Lago de Furnas ao fundo. Um júri especial foi convidado para premiar o melhor filme mineiro: o professor Cylvano Godfrey Bornelli, a gestora cultural Mônica Trigo e o produtor Roberto de Matos. Além do troféu que é lindo, o filme vencedor vai participar do Festifrance e do FestShortBerlin, em dezembro de 2021.
O júri da mostra mineira fez uma menção honrosa ao filme Quilimérios, de Emerson Penha, pela importância temática e história de narrativa do documentário. E a produção escolhida como melhor filme mineiro foi Fragile, de Ramon Faria. Uma linda animação feita com marionetes que ganharam vida no computador. No enredo, a história de um velhinho simpático e solitário que encontra em um robô uma grande amizade, gerando uma relação de cumplicidade entre ambos. O desenho conquistou diversos prêmios, como AT&T, direto dos estúdios da Warner.
Pela Mostra Fama foram 14 filmes selecionados pela curadoria. Fizeram parte do corpo de jurados este ano o cineasta e produtor Aleques Eiterer, o jornalista Eduardo Nasi, a professora Eliane Garcia, da Universidade Federal de Alfenas, a fotógrafa e comunicadora Isabele Medeiros de Freitas, o cineasta e produtor da Rede Minas, Matheus Rufino, e o ator Renato Chocair.
Os escolhidos da noite foram:
Menção Honrosa: filme “A lenda do caboclo d’agua”, dirigido por Bruno Bennec e o personagem “Zé do Arvino” do documentário “Pode ficar à vontade”, dirigido por Bernardo Silvino.
Aclamação do Público: “Julieta X Julieta” – Aline Carvalho
Melhor Ator: Kauã Gomes – filme “Do outro lado” - David Murad
Melhor Atriz: Juliana França – filme “Neguinho” – Marçal Viana
Melhor Direção: David Murad – filme “Do outro lado”
1º lugar Melhor Filme – Troféu Cardume: “Neguinho” – Marçal Viana
2º lugar Melhor Filme – Troféu Peixe: “Do outro lado” - David Murad
3º lugar Melhor Filme – Troféu Escama: “Angela” – Marília Nogueira
A Cardume ainda anunciou dois prêmios adicionais de um ano de assinatura da plataforma Cardume mais a aquisição que dá direito de o filme entrar no catálogo principal e fazer parte dos lucros e dividendos da plataforma junto com os outros filmes que já estão no catálogo. Os vencedores foram os filmes Fragile, vencedor da Mostra Mineira e Neguinho, 1º lugar da Mostra Fama.
COMENTÁRIOS