Postado em sexta-feira, 28 de maio de 2021

Empreendedorismo: o que um hambúrguer tem a nos ensinar


 Quem você conhece que é bem querido, parceiro de todas as horas e está de aniversário essa semana? É ele: o lanche mais pedido do planeta, o "hambúrguer". Para comemorar, vamos contar a história de empreendedorismo de Charlie Nagreen, o menino que transformou um problema em oportunidade. Nesses tempos desafiadores de pandemia, conhecer a história do hambúrguer pode trazer a motivação que faltava para o seu dia e o seu negócio. Vamos lá?

Era apenas uma almôndega
Primeiramente, não tem como falar de hambúrguer sem falar de Charlie Nagreen. Isso porque foi graças à persistência de Charlie que uma simples almôndega se transformou em hambúrguer.

Charlie, natural de Wisconsin, nasceu em 1870. Sua região tinha forte vocação agropecuária e as feiras eram um evento que atraíam gente de todo lugar. Aos 15 anos, Charlie, com seu faro de negócios e precisando de dinheiro, pegou uma receita de família, as almôndegas, e viajou até Seymour. Sua ideia era saciar a fome dos visitantes da feira.

Entretanto, algo deu errado: a feira estava tão animada que as pessoas não queriam perder tempo parando para comer um bolinho de carne acebolado.

Empreendedorismo, sorte ou solução?
E agora? Com a refrigeração precária da época, Charlie perderia toda a carne e voltaria para casa com duplo prejuízo: a falta de recursos originais e um monte de almôndega estragada.

Charlie, porém, insistiu e pensou: se eles não querem perder tempo com o meu produto, vou adaptá-lo a algo que chame a atenção e que eles possam consumir andando. O garoto pegou os bolinhos, achatou-os, colocou-os em meio a duas fatias de pão com cebolas e ofereceu-os às pessoas. Pronto! Sua produção esgotou e ele havia criado o hambúrguer. Certamente uma questão de empreendedorismo, pois naquela situação Charlie tinha tudo, menos sorte.

Mas por que hambúrguer?
A observação foi o que fez Charlie transformar um problemão em oportunidade, veja só: o "bife moído" que Charlie oferecia era uma escolha comum na mesa de jantar das famílias da região, cuja ascendência predominante era alemã (por conta disso o bife recebeu o nome da cidade alemã de Hamburgo).

Como se pode ver, Charlie não criou nada do zero: ele simplesmente pegou algo que todos gostavam e tentou vender. O "golpe de mestre" de Charlie foi a adaptação. Charlie não recuou, mas tentou entender o que estava errado e adaptou-se a uma situação hostil, mudando o formato do prato para atender a necessidade das pessoas. Ele pensou: sou eu quem devo mudar, se eles não vêem vantagem em parar para comer meu produto, vou fazê-los comer de um jeito mais criativo e sem perda de tempo. Aproveitado um nome facilmente reconhecível, usou-o para chamar a atenção. A partir disso, foi criado o "Charlie Hambúrguer". Durante os 65 anos seguintes, Charlie continuou participando do evento.


O que você pode aprender com isso
Embora os tempos sejam outros, as condições de Charlie eram mais adversas que as atuais. Sim ou não? Pois bem:

Charlie não tinha acesso à internet, refrigeração e não havia outra forma de vender seu produto se não fosse naquela ocasião. Ele também não tinha se preparado para uma eventual rejeição, já que todos gostavam do bife de Hamburgo.

O ponto de virada na trajetória de Charlie foi o fato das pessoas não quererem provar seu produto - justamente porque era comum e as pessoas, partindo desse pressuposto, imaginavam que não se surpreenderiam. Em outras palavras, Charlie talvez não tivesse pensado que em sua receita de almôndegas faltava adicionar "valor". Digamos que Charlie tivesse uma receita muito mais gostosa, de que adiantaria se ninguém provasse?

Empreender é adaptar-se
Muitas vezes é assim que acontece: você sabe que seu produto é melhor, entretanto, a oferta é maior que o consumo e você se torna mais um. Ou vem uma pandemia, as coisas mudam radicalmente e você fica igual a Charlie e suas almôndegas.

Agora, imagine o que teria acontecido se Charlie tivesse conseguido vender todas as almôndegas? Provavelmente, nada. Ele voltaria para casa com dinheiro e seria mais um vendedor de almôndegas - talvez para o resto da vida e, ainda por cima, anonimamente.

Quando Charlie observou que o problema não era o seu produto, mas o modo como as pessoas o enxergavam, refletiu e tentou adaptar o que tinha em mãos. Charlie não mudou em nada a receita. Ele apenas mudou a apresentação da almôndega. Essa é a lição de Charlie e vale tanto para a sobrevivência da espécie humana quanto para os negócios: a necessidade de adaptação. Nesse contexto, só sobrevive quem se adapta.


FONTE: GAZETA DO POVO



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